Aung San Suu Kyi, líder do Governo de Myanmar /antiga Birmânia), vai ser ouvida nos próximos três dias em Haia, na Holanda, onde defenderá a inocência do pequeno país asiático que lidera, e que é acusado do “genocídio” da minoria muçulmana rohingya
Aung San Suu Kyi, líder do primeiro Governo civil democraticamente eleito em Myanmar, já marca presença no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, onde fará a defesa da acusação de genocídio de que o país é alvo. Esta segunda-feira é o primeiro dos três dias de audiências, num julgamento centrado nas operações militares birmanesas de 2017 contra a minoria muçulmana rohingya, que forçou cerca de 700 mil pessoas a fugir para o vizinho Bangladesh.
A governante chegou ao amanhecer ao mais alto tribunal das Nações Unidas, onde uma longa fila a esperava. O facto de ter decidido deslocar-se à Holanda para defender os serviços militares birmaneses tem sido elogiado no país, maioritariamente budista, ainda que nos jardins do tribunal também a esperassem sobreviventes rohingya, em protesto.
Depois de um primeiro dia a ouvir, Suu Kyi deverá falar na quarta-feira, quando dirá o que até aqui tem dito: que as operações militares se tratavam de uma questão de legítima defesa contra-terrorista e uma resposta aos ataques dos rohingya. Se isso será suficiente para convencer os juízes do Tribunal Internacional de Justiça só depois se saberá.
San Suu Kyi chegou a ser um símbolo da defesa dos direitos humanos, acumulando distinções, entre elas o Nobel da Paz de 1991, posição que foi desaparecendo à medida que a fuga e a perseguição aos rohingya granjeava atenção internacional. A ONU considera mesmo que pode ter havido “cumplicidade” de Suu Kyi no “genocídio” da minoria muçulmana.
A acusação que agora chega a julgamento partiu do Governo da Gâmbia, país predominantemente muçulmano, que alega violações à Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, assinada em 1948, na sequência dos crimes cometidos durante o Holocausto. Os responsáveis do país da África Ocidental esperam que sejam aprovadas medidas imediatas de proteção dos rohingya.
expresso.pt
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