Calma Augusto, que amanhã acordas cedo. Pensa na cascata, pá. Imagina a água fria a rir por entre as pedrinhas… um gajo imagina a cascata fica logo mais relaxado. Não penses mais na Bolívia, Augusto! Esquece o Chile! Que se lixe o Equador! O que é que tu tens a ver com a Palestina? Vá, dorme sossegado… visualiza a puta da cascata.
Se agora o Ministério dos Negócios Estrangeiros começasse a fazer comunicados por tudo… Em África todos os dias os gajos matam-se às centenas e nem dá um rodapé, mas se há um golpe de Estado na Bolívia toca a vir chatear o desgraçado do Santos Silva, a perguntar porque é que estou calado enquanto um governo ilegítimo tortura e assassina. Perguntem à EU, porra! Perguntem à NATO, caramba! Vão chatear o Trump! Porque é que só me perguntam a mim?
Um gajo faz o que lhe mandam e ainda tem de levar com a esquerda a fazer comparações absurdas, entre a repressão policial no Chile e na Venezuela… Qualquer dia querem comparar a França à China. Mas cabe na cabeça de alguém, o MNE andar a imiscuir-se nos assuntos de outros Estados? O que é que o Macron ia pensar?
E depois ainda vem o Pompeo e o Netanyahu, e lá tenho de ir eu outra vez armado em Durão Barroso a servir cafés, a sorrir feito imbecil para a fotografia, a fingir que não reparei pelo canto do olho na nódoa de sangue na manga, a disfarçar os arrepios que aqueles gajos me dão, a dar pontapés no inglês à frente das câmaras. E eu ali, a pensar que aquilo é tudo treta, e que se começássemos a julgar os regimes pelas intervenções policiais já tínhamos bombardeado Paris seis vezes, imposto sanções contra o Iraque, invadido a Bolívia e imposto uma zona de exclusão aérea na Arábia Saudita. E eu ali, com um papelinho na mão sobre as «relações de amizade» a apertar a mão a um criminoso de guerra condenado pela ONU, com milhares de civis mortos no cadastro. E só me lembrava de como éramos felizes e fortes quando o Maduro recorria à polícia ou o Assad ao exército… E entretanto o Pompeu, a dizer-me assim, à cara podre, à frente das câmaras, que vai mesmo ocupar ilegalmente as margens do Jordão, e eu a sorrir um sorriso amarelo, a dizer que pronto, temos ideias diferentes, não faz mal, concordamos em discordar, não é assim que agora se diz? E eu ainda a pensar que há três anos nos juntávamos todos, a malta da NATO toda, e bebíamos e comíamos à grande e no fim sacávamos fotos e dizíamos que "Basta de violações dos direitos humanos na Venezuela", como se a gente se importasse. Como se não fosse para o lado que dormíssemos melhor se no Haiti mataram 77 ou na Bolívia 25, no Equador 8 ou no Chile 26. E eu ali, feito imbecil, sem saber muito bem porque é que “o tempo do Maduro chegou ao fim”, mas o do Piñera, que anda pelas ruas de Santiago a arrancar olhos, não.
As voltas que a vida dá: um dia estás na Liga Comunista Internacionalista, a descer a Braamcamp de braço dado com o Louçã a mandar vir com a ditadura soviética, no dia seguinte estás em Paris a falar da ditadura na Venezuela ao lado de um ministro espanhol que no dia seguinte vai rebentar à porrada um referendo em Barcelona. Pronto Augusto, tu consegues. Conta os mortos do Chile até adormeceres. Pensa na Cascata. Raios partam! Mas afinal o que é que eles querem? Sair da NATO? Dizer que se dane a UE? Fazer um manguito ao Trump? Proibir o Netanyahu de entrar? E depois? Já não estás na Liga Comunista Internacionalista, Augusto. São malhas que o PS tece. Agora o teu internacionalismo é outro: o das bombas e dos dólares. És Ministro dos Negócios Estrangeiros ou és Ministros dos Princípios Estrangeiros? Lembra-te mas é de que tens amigos poderosos e vê se descansas porque amanhã te vão perguntar como é que consegues dormir à noite.
Se agora o Ministério dos Negócios Estrangeiros começasse a fazer comunicados por tudo… Em África todos os dias os gajos matam-se às centenas e nem dá um rodapé, mas se há um golpe de Estado na Bolívia toca a vir chatear o desgraçado do Santos Silva, a perguntar porque é que estou calado enquanto um governo ilegítimo tortura e assassina. Perguntem à EU, porra! Perguntem à NATO, caramba! Vão chatear o Trump! Porque é que só me perguntam a mim?
Um gajo faz o que lhe mandam e ainda tem de levar com a esquerda a fazer comparações absurdas, entre a repressão policial no Chile e na Venezuela… Qualquer dia querem comparar a França à China. Mas cabe na cabeça de alguém, o MNE andar a imiscuir-se nos assuntos de outros Estados? O que é que o Macron ia pensar?
E depois ainda vem o Pompeo e o Netanyahu, e lá tenho de ir eu outra vez armado em Durão Barroso a servir cafés, a sorrir feito imbecil para a fotografia, a fingir que não reparei pelo canto do olho na nódoa de sangue na manga, a disfarçar os arrepios que aqueles gajos me dão, a dar pontapés no inglês à frente das câmaras. E eu ali, a pensar que aquilo é tudo treta, e que se começássemos a julgar os regimes pelas intervenções policiais já tínhamos bombardeado Paris seis vezes, imposto sanções contra o Iraque, invadido a Bolívia e imposto uma zona de exclusão aérea na Arábia Saudita. E eu ali, com um papelinho na mão sobre as «relações de amizade» a apertar a mão a um criminoso de guerra condenado pela ONU, com milhares de civis mortos no cadastro. E só me lembrava de como éramos felizes e fortes quando o Maduro recorria à polícia ou o Assad ao exército… E entretanto o Pompeu, a dizer-me assim, à cara podre, à frente das câmaras, que vai mesmo ocupar ilegalmente as margens do Jordão, e eu a sorrir um sorriso amarelo, a dizer que pronto, temos ideias diferentes, não faz mal, concordamos em discordar, não é assim que agora se diz? E eu ainda a pensar que há três anos nos juntávamos todos, a malta da NATO toda, e bebíamos e comíamos à grande e no fim sacávamos fotos e dizíamos que "Basta de violações dos direitos humanos na Venezuela", como se a gente se importasse. Como se não fosse para o lado que dormíssemos melhor se no Haiti mataram 77 ou na Bolívia 25, no Equador 8 ou no Chile 26. E eu ali, feito imbecil, sem saber muito bem porque é que “o tempo do Maduro chegou ao fim”, mas o do Piñera, que anda pelas ruas de Santiago a arrancar olhos, não.
As voltas que a vida dá: um dia estás na Liga Comunista Internacionalista, a descer a Braamcamp de braço dado com o Louçã a mandar vir com a ditadura soviética, no dia seguinte estás em Paris a falar da ditadura na Venezuela ao lado de um ministro espanhol que no dia seguinte vai rebentar à porrada um referendo em Barcelona. Pronto Augusto, tu consegues. Conta os mortos do Chile até adormeceres. Pensa na Cascata. Raios partam! Mas afinal o que é que eles querem? Sair da NATO? Dizer que se dane a UE? Fazer um manguito ao Trump? Proibir o Netanyahu de entrar? E depois? Já não estás na Liga Comunista Internacionalista, Augusto. São malhas que o PS tece. Agora o teu internacionalismo é outro: o das bombas e dos dólares. És Ministro dos Negócios Estrangeiros ou és Ministros dos Princípios Estrangeiros? Lembra-te mas é de que tens amigos poderosos e vê se descansas porque amanhã te vão perguntar como é que consegues dormir à noite.
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