Mapa dos países que "cercam" o Mar Mediterrâneo.
A expressão “non fare il portoghese” significa “não seja português” e a sua história remonta ao século XVIII. Esta frase surge após um acontecimento histórico que ocorreu em Roma, numa época em que Portugal tinha embaixadores muito influentes em todos os países europeus. Como uma das nações mais poderosas do mundo, Portugal tinha um dos seus embaixadores sediado em Roma, cidade em que se organizavam inúmeros espetáculos.
Entre eles, existiam vários que ocorriam no Teatro Argentina, onde os membros da Comunidade Portuguesa residentes em Roma tinham a possibilidade de entrar gratuitamente, desde que à entrada declarassem a sua nacionalidade. Acontece que, sabendo desta abébia aos portugueses, não tardou a que centenas de pessoas que não eram portuguesas, fingissem sê-lo, precisamente para não pagarem os ingressos nos eventos.
Factos históricos tornam-se expressões populares
A expressão ficou muito difusa, e era utilizada em toda a península, com o sentido de beneficiar de um serviço sem pagar. Mesmo que desconhecida em Portugal, acarreta em si o sinónimo de que o povo português é caloteiro.
“Non fare il portoghese” é um exemplo de uma expressão de outra época, que tomou proporções incalculáveis e perpetuou-se no tempo. Embora o dito “não seja português” gere alguma confusão sobre o caráter e personalidade, neste caso, dos portugueses, não representa efetivamente a realidade dos factos.
Atualmente, a expressão tem caído em desuso, mas a maioria dos italianos conhece esta expressão, que não é simpática para o povo português, uma vez que se refere a pessoas que entram sem pagar em qualquer lugar. No verdade, a maior parte desconhece a sua origem, dando princípio ao preconceito.
O prestígio do povo português
Muito contrário ao que o desconhecimento do real significado da expressão “non fare il portoghese” possa transparecer, a mesma resulta de factos nada desprestigiantes para o povo português.
Desde há 496 anos, especiarias, ouro, pérolas, madeiras e pedras preciosas, chegavam a Portugal, vindos de África e do Oriente. Era a época dos Descobrimentos. Chegavam também animais exóticos, nunca vistos na Europa.
Como forma de homenagear e impressionar o recém-eleito Papa Leão X, D. Manuel I fez uma oferenda de jóias e animais, desde macacos, papagaios, cavalos persas, leopardos, uma pantera, um elefante e um rinoceronte, que veio a morrer durante a viagem.
Assim, a 12 de março de 1514, chegava a Roma uma inigualável embaixada. Como reconhecimento, o Papa ditou então a ordem de que todos os portugueses tivessem entrada livre, em todas as festas que se realizassem em Roma. Não era sequer necessário um convite formal, bastava declararem a sua própria identidade.
Uma distorção de " não seja português "
Com o prestígio dado aos portugueses, rapidamente os romanos, que também não queriam pagar as suas entradas em espetáculos, optaram por fazer jus da astúcia que lhe é característica, afirmando: “io sono portoghese”, isto é, “eu sou português”.
Quando hoje a expressão é utilizada, tem a conotação negativa sobre os portugueses, como se estes fossem de pouca confiança, que entram em festas sem serem convidados, aproveitadores, ou como aqueles que se esquivam a pagar as suas entradas em espetáculos, monumentos, autocarros ou em outros locais.
Na verdade, em nada corresponde ao significado com que surgiu “non fare il portoghese”, mas a expressão surge agora para dissuadir alguém de colocar em prática truques ou burlas, para poder beneficiar de um serviço sem ter direito.
Assim, a má fama conquistada pelos portugueses em Roma, de entrarem sempre sem pagar, é injusta e justifica-se historicamente. Na verdade, o povo lusitano tem a presente característica de ser um povo humilde, trabalhador e honrado.
Estas traduções, ou o que seja.
ResponderEliminarComeça por '...a história remonta ao século XVI.'
A seguir 'Entre eles..' está na sequência do parágrafo anterior, e aparece '..ocorriam no Teatro Argentina...'
No século XVI em Roma não existia o Teatro Argentina. O Teatro Argentina foi construído em 1731 séc. XVIII.
SÉCULO XVIII
Eliminar