O Daguestão é de longe a maior das repúblicas do Cáucaso do Norte e a mais diversa, com mais de 30 línguas. Espalhado ao longo da costa do Cáspio, acima do Azerbaijão, a maior parte do Daguestão é montanhosa com cachoeiras despencando das alturas e pequenas aldeias de pedra, chamadas auls, que pontilham os topos das colinas. Entre elas está Kvankhidatli, uma aldeia de 900 pessoas onde moram Batuli e Zagra, que ainda colhem o sal da maneira antiga para sobreviver. Todos os dias ao amanhecer, logo após o namaz, elas vão a montanha mais próxima e mineram o sal de manhã à noitinha. |
Para começar, elas fazem pequenas pilhas de areia e argila com alto teor de magnésio, potássio e sódio, ato seguido jogam água de uma nascente salina sobre elas e as deixam descansando ao sol. Às vezes, para que a chuva não tire o sal, cobrem cada pilha com uma lona plástica.
Depois de secar ao sol, elas coletam a areia em grandes banheiras de madeira, e no topo novamente despejada água salgada. A água passa pelo filtro de areia e se acumula na reentrância logo abaixo, de onde é retirada e coletada em baldes. Esta água salgada preparada então é fervida até toda a água evaporar e restar apenas o sal.
Como é possível notar a vida dessas duas daguestanesas não é nada fácil. Mas apesar da idade, elas ainda continuam a fazer seu trabalho e se confessam chateadas porque a nova geração não estará mais envolvida na mineração de sal e suas tradições acabarão perdidas e esquecidas.
Uma reportagem em vídeo de 2018 mostrava que naquele então a salina era explorada por 4 mulheres. De lá para cá duas já desistiram.
- "O sal costumava ser a única coisa que os habitantes locais podiam fazer para viver", diz o chefe da aldeia, Israil Saygidinov. - "A tradição de fabricação do sal foi transmitida ao longo dos tempos por pelo menos 500 anos." Antigamente o sala era vendido ou trocado por carne na Chechênia. Alguns dizem que 10 quilos de sal valiam de 2 a 3 ovelhas adultas.
Os lotes da salina pertencem às famílias de Kvankhidatli e, por tradição, quando uma filha se casa, seus pais decidem qual deve ser o tamanho do terreno da nova família na montanha. Esses pequenos pedaços de terra costumavam custar muito caro, mas hoje em dia ninguém se importa, assim como o sal. A própria tradição torna-se rara e pode desaparecer porque os jovens de uma aldeia serrana não querem passar os dias ao sol ou junto ao fogo com as mãos sujas de terra salgada.
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