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segunda-feira, 10 de maio de 2021

10 de Maio de 1933: O regime nazi inicia a queima de livros na Alemanha.

 estoriasdahistoria12.blogspot.com


 Em 1933, Joseph Goebbels, ministro alemão da Propaganda e do Esclarecimento Popular, deu início à “sincronização da cultura”, processo pelo qual as artes foram moldadas para atender aos objectivos do Partido Nazi. O governo expulsou os judeus e os que considerava política ou artisticamente suspeitos das organizações culturais.

Entre as figuras de vanguarda do movimento nazi figuravam estudantes das universidades alemãs e, no final da década de 1920, muitos engrossaram as fileiras das várias formações daquela ideologia. 

A força do ultra nacionalismo e do anti-semitismo das organizações estudantis,já se fazia sentir há décadas. 

Em 6 de Abril de 1933, a sede da Associação Estudantil Alemã para Imprensa e Propaganda proclamou um "Acto Nacional contra o Espírito Não-Germânico", para “limpar”, ou "depurar" (Säuberung) a literatura alemã pelo fogo. As suas sucursais deveriam fornecer à imprensa boletins e encomendar artigos pró-nazismo , organizar eventos em que personalidades nazis famosas pudessem discursar para grandes massas, bem como negociar horários de transmissão pelo rádio para que fossem ouvidos dentro das casas. 

Em 8 de Abril, a Associação Estudantil também publicou seus doze "artigos"—em uma alusão às 12 Teses do alemão Martinho Lutero contra a Igreja Católica—através das quais apresentava os seus conceitos e requisitos para o estabelecimento de um idioma e de uma cultura nacionais "puras", atacava o "intelectualismo judaico", defendia a necessidade de "depuração" do idioma e da literatura alemães, e exigia que universidades se convertessem em centros do nacionalismo alemão. 

Os estudantes alemães descreveram o acto como uma reacção à "difamatória campanha" mundial empreendida pelos judeus contra a Alemanha e uma afirmação dos valores tradicionais alemães.

Num acto simbólico, quase que profético, no dia 10 de Maio os estudantes atearam fogo a mais de 25.000 livros considerados "não-alemães", já pressagiando a era de censura política e de controle cultural que estava para vir. Na noite daquele mesmo dia estudantes de direita, vindos de todas as cidades universitárias, marcharam à luz de tochas em desfiles organizados para protestar "contra o espírito não-alemão". 

O ritual que desenvolveram, já predeterminado, tinha como componente básica a presença e o discurso de oficiais nazis do alto escalão, reitores, professores universitários, e líderes estudantis. Nos locais de reunião, os estudantes lançavam pilhas e pilhas de livros indesejáveis nas fogueiras. Entretanto, nem todas as queimas de livros aconteceram naquele 10 de Maio como a Associação Estudantil havia planeado. Algumas foram adiadas por alguns dias por causa das chuvas, outras, dependendo da preferência da assembleia local, aconteceram em 21 de Junho  no solstício de Verão, uma data festiva tradicional. 

Todavia, no dia 10, em 34 cidades universitárias por toda a Alemanha, o "Acto contra o Espírito Não-alemão" foi um sucesso, atraindo ampla cobertura jornalística. Em alguns lugares, particularmente em Berlim, as emissoras de rádio transmitiram "ao vivo" os discursos, as canções e as frases de efeito para inúmeros ouvintes alemães.

Também as obras de escritores alemães de renome que não agradavam ao Partido Nazi, tais como Bertolt Brecht, Lion Feuchtwange, e Alfred Kerr, foram lançadas à fogueira durante uma cerimónia de queima de livros realizada em Berlim. A propagação da cultura "ariana", e a supressão de outras formas de produção artística representaram um esforço extra para a "purificação" da Alemanha. Outros escritores incluídos nas listas negras foram os autores americanos Ernest Hemingway e Helen Keller.

Fontes: wwwushmm.org
wikipedia (imagens)

Ficheiro:1933-may-10-berlin-book-burning.JPG

Queima de Livros (1933)

Ficheiro: Bundesarchiv Bild 102-14597, Berlim, Opernplatz, Bücherverbrennung.jpg

Berlim Opernplatz
Multidão reunida na praça da Ópera de Berlim, (Opernplatz)

Mais de cem anos antes, o poeta judeu-alemão, Heinrich Heine, tinha afirmado:

 Aqueles que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens

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