A ganância e a inveja
Poeta popular: Francisco Dias Bexiga
Santa Bárbara de Nexe
MOTE
A ganância e a inveja
a bem dizer são iguais
muito a ganância deseja
e a inveja ainda mais
I
São dois poços sem ter fundo
onde há tanta coisa perdida
foi e é toda a vida
o maior mal do mundo
para dizer ao profundo
p´ra que toda a gente veja
por muito bem que alguém esteja
está sempre a invejar
e nunca mais pode acabar
a ganância e a inveja
II
A ganância nunca goza
dessa fortuna que tem
e a inveja não está bem
que também é gananciosa
passam uma vida custosa
dando suspiros e ais
sem se lembrar dos mortais
neste mundo de ilusão
através da ambição
neste mundo são iguais
III
A inveja anda arrastada
com a sua ignorância
correndo atrás da ganância
para se ver mais abastada
a ganância desconfiada
já quando a inveja alveja
se tudo já lhe sobeja
maior é o seu desejo
quanto mais tem de sobejo
muito a ganância deseja
IV
Essas duas maldições
não deviam de existir
para o mundo poder seguir
sem combater corações
causadoras de traições
matando filhos e pais
foram sempre rivais
contrárias, muito interesseiras
todas duas traiçoeiras
e a inveja ainda mais
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