No final dos anos 1930, um químico alemão chamado Otto Bayer sintetizou um novo polímero orgânico chamado poliuretano. Ao longo das décadas, o poliuretano encontrou muitas aplicações, especialmente na indústria automobilística, onde o polímero macio e elástico é usado para fabricar almofadas de espuma de alta resiliência para assentos, encostos de cabeça e braços, bem como para revestir tetos e painéis de instrumentos. |
A Bayer chegou a expor um carro experimental cuja carroceria era inteiramente feita de poliuretano. Mas foi o lendário fabricante de pneus Goodyear que chamou a atenção ao inventar um novo uso para o material: pneus, e não qualquer pneu; esses pneus brilhavam.
Ao contrário dos pneus de borracha tradicionais, onde várias camadas de borracha, elementos têxteis, além de cintas de aço, lona, banda de rodagem e outros componentes são comprimidos juntos em um processo longo e complicado, a fabricação de pneus de poliuretano foi um processo notavelmente fácil.
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Tudo o que precisava ser feito era misturar os produtos químicos de poliuretano, despejar a mistura em moldes em forma de pneu e cozê-los no forno.
A Goodyear adicionou pequenas quantidades de corante à mistura, e voila!: pneus coloridos. Esses pneus podia se combinar com o carro e, talvez, até mesmo com a roupa da esposa.
- "Um dia uma esposa pode dizer ao marido: 'Charlie, vá trocar os pneus porque hoje vou usar meu tubinho azul'", disse o gerente de desenvolvimento da Goodyear, John J. Hartz, em 1962.
Mas o que realmente tornou único esse composto de pneu, que a Goodyear chamou de neotano, foi sua capacidade de deixar a luz passar. A Goodyear viu uma oportunidade e colocou 18 lâmpadas minúsculas dentro do pneu, produzindo um brilho intenso à noite.
A empresa esperava que pneus iluminados tornassem a direção mais segura no nevoeiro, ou que os próprios pneus pudessem funcionar como indicadores de direção e luzes de freio. A empresa estava entusiasmada com seu futuro.
Num comunicado à imprensa de 1961, a Goodyear previu uma nova era de automóveis da moda:
- "Uma vez que os pneus cheguem ao mercado -e isso pode acontecer em alguns anos- os estilistas de automóveis podem usá-los para fazer o esquema de cores de um carro, talvez combinando os pneus com o estofamento. E não é improvável que a senhora queira pneus que melhorem seu guarda-roupa, seu cabelo ou até mesmo seus olhos", dizia o comunicado. - "Imagine, se quiser, uma garota dizendo a outra: 'Mas, minha querida, pneus verdes simplesmente não combinam com seus olhos'. Quando esse dia chegar, significará uma nova fronteira para o designer de pneus."
Felizmente, ou infelizmente, os pneus não chegaram ao mercado. Os testes mostraram que os pneus de neotano não tiveram um bom desempenho em tempo chuvoso e derretiam em freadas bruscas. Muitos especialistas também acharam que ele poderia criar muita distração. De facto, a revista Life relatou que os motoristas ficaram tão fascinados com as cores que simplesmente paravam para olhar.
No final, a Goodyear percebeu que produzir pneus de neotano comercialmente seria muito caro de qualquer maneira, e o projeto foi abandonado.
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