Carlos Matos Gomes www.facebook.com /
Quem não tem vergonha todo o mundo é seu.
Pinto Balsemão não é conhecido por ser uma personalidade coerente, nem ter um pensamento político estruturado, nem sequer por se orientar por princípios.
A cultura das tias de Cascais e dos meninos da Quinta da Marinha não produz exemplares de caráter. Nem fiáveis.
É malta mais de canapés do que de boa fé. Mais de valores da bolsa do que dos de inteligência moral.
Pinto Balsemão abrilhantou com um toque de modernidade e burguesia pós II Guerra a ditadura do Estado Novo. Foi deputado de uma ditadura. Fundou um jornal importante para lavar a cara da ditadura.
Mas quanto a ditaduras e Balsemão, ele deve estar convenientemente esquecido que foi chefe do 8º governo constitucional de 1983 a 1985. Não viu qualquer inconveniente em defender regimes como a ditadura brasileira (1964-1988) e a do Chile (1973-1990) e de defender o regime de ditadura teocrática da Arábia Saudita.
É fruste a justificação que Pinto Balsemão dá para apoiar a aliança do partido que começou por ser Popular e nunca chegou a ser Social Democrata (aonde se acolheram os órfãos da União Nacional, crismada Ação Nacional Popular) com os fascistas do Chega, de o PCP defender o regime da Coreia do Norte (o que é falso tanto quanto li nos escritos do PCP que se limita a defender o direito da Coreia do Norte a existir num contexto muito complexo, entre a China e os EUA - mas o que interessa a verdade?).
É fruste, mas revela as fracas raízes democráticas de Balsemão (como de alguns dos fundadores do PPD/PSD) e essa fraqueza de princípios dos mentores de um dos partidos mais importantes do regime após o 25 de Abril de 1974 explica muitas das dificuldades de implantação de Estado de direito e e de justiça. Explica fenómenos desviantes como os de Cavaco Silva ou de Passos Coelho...
É que se os mais asseadinhos e ilustradinhos dos fundadores do PPD/PSD (expressão de outro produto da mesma frutaria) está disposto a estes convívios com os sucessores dos antigos legionários e graduados da MP, como será o maralhal da geral?
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