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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Número dois do Aurora Dourada recusa entregar-se às autoridades gregas

 

Julgamento dos membros do Aurora Dourada


Christos Pappas, de 58 anos, foi este mês condenado a 13 anos de prisão após um julgamento histórico no Tribunal Criminal de Atenas

Onúmero dois do partido de extrema-direita Aurora Dourada, Christos Pappas, recusa entregar-se às autoridades gregas, após a emissão de mandados de prisão pela justiça contra vários membros do partido na quinta-feira, disse esta sexta-feira o advogado do político.

O advogado de Pappas, ideólogo e membro histórico do partido Aurora Dourada, anunciou hoje que o político não se entregaria às autoridades e buscas policiais foram realizadas sem sucesso em várias propriedades na tentativa de o encontrar, de acordo com a televisão pública grega ERT.

Pappas, de 58 anos, foi este mês condenado a 13 anos de prisão após um julgamento histórico no Tribunal Criminal de Atenas, no qual outros membros do partido foram também condenados por pertencerem a uma "organização criminosa".

Grande admirador de Mussolini e colecionador de peças da era fascista italiana, Pappas, cujo pai teve participação ativa no golpe militar de 1967, foi o braço do líder da formação neonazista, Nikos Michaloliakos, também condenado a prisão.

O político já havia fugido pela primeira vez, em 2013, quando os líderes do Aurora Dourada foram presos após o assassínio do 'rapper' e ativista antifascismo Pavlos Fyssas.

Na quinta-feira, o Tribunal Criminal de Atenas ordenou a prisão do líder do partido Aurora Dourada e de seis outros ex-altos dirigentes dessa formação neonazi, condenados a entre 10 e 13 anos de prisão, por "liderar uma organização criminosa".

O tribunal, composto por três juízes e presidido por Maria Lepenioti, não acatou as requisições da procuradora Adamantia Economou, que em dezembro havia exigido a absolvição de todos os dirigentes da Aurora Dourada e, agora, após as condenações, a manutenção em liberdade dos dirigentes do partido até um possível recurso.

Negacionista e admirador do nacional-socialismo, o líder do partido, Nikos Michaloliakos, de 62 anos, foi considerado culpado de liderar uma "organização criminosa" em 07 de outubro e condenado a 13 anos e meio de prisão efetiva, sentença descrita como "histórico" por quase toda a classe política grega.

Os seis outros ex-altos dirigentes e membros da Aurora Dourada, incluindo o eurodeputado Ioannis Lagos, que goza de imunidade parlamentar até ser levantada pelo Parlamento Europeu, foram condenados a mais de 10 anos de prisão efetiva e também devem ficar presos.

Também ficará preso Yorgos Roupakias - o assassino do 'rapper' e militante Pavlos Fyssas, que foi esfaqueado em 18 de setembro de 2013 -, condenado à prisão perpétua por esse crime e a mais catorze anos de prisão por pertença a "organização criminosa".

O Tribunal não aceitou nenhuma circunstância atenuante para Nikos Michaloliakos e os seis outros quadros do Aurora Dourada, uma formação neonazista responsável por assassínios e violência contra migrantes e ativistas de esquerda, que até agora haviam desfrutado de impunidade na Grécia.

Foi o choque causado na Grécia pelo assassínio de Pavlos Fyssas que obrigou as autoridades a processar cerca de 70 dirigentes e membros do partido em 2013, e colocar em prisão preventiva Nikos Michaloliakos e cerca de 20 ex-deputados.

Os membros do partido passaram 18 meses na prisão e foram libertados devido ao limite de prisão preventiva ter sido atingido.

O Aurora Dourada foi fundado como um grupo neonazi na década de 1980 e passou décadas como um partido marginal na cena política grega.

Entretanto, ganhou destaque durante a crise financeira do país de 2010-2018, ganhando assentos no parlamento em quatro eleições separadas e tornando-se o terceiro maior partido político da Grécia.


expresso.pt

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