Os denominados povos ciganos, que já falamos en passant no post "Ciganos da vida real pelo mundo" têm uma grande história de perseguição desde um longínquo passado da sua origem na Índia. Hoje estão assentados, em sua maioria, na Europa, mas estão presentes também, em menor proporção, no resto do mundo, sendo que o Brasil tem a maior população significativa em um só país. |
Como não podia ser diferente, a correção política também alcançou os ciganos e existe até uma proposta comum para utilizar "rrom" (roma), tanto como nome do povo como do idioma como forma de evitar o preconceito.Aqui caímos no clássico problema do conceito invadindo a palavra e que, ao invés de promoverem o fim da discriminação, decidem simplesmente por mudar a designação, até que o conceito negativo se aposse novamente e novamente da palavra em um circulo vicioso sem fim.
O termo "cigano", assim como outras palavras relacionadas às minorias, também teve seu significado invadido pelas conotações negativas, tanto que em fevereiro passado uma ação civil pública solicitava a imediata retirada de circulação do Dicionário Houaiss, sob a alegação de que a publicação é discriminatória e preconceituosa em relação à etnia cigana. No dicionário, a palavra "cigano" tem como um de seus significados "aquele que trapaceia; velhaco, burlador" e "aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro; agiota, sovina".
A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia que fossem reconhecidos como grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo tenham sido qualificados como egípcios. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe no florescimento de lendas sobre os ciganos, a ponto da imbecilidade de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos.
Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Jesus, ou, segundo outra versão, que teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação.
Caracterizados pelo nomadismo, o modo de vida dos ciganos e suas condições de subsistência são sempre determinados pelo país em que se encontram: os mais ricos são os ciganos suecos e os mais pobres encontram-se nos Bálcãs e no sul da Espanha.
Embora mantendo sua identidade, em alguns aspectos os ciganos revelam grande capacidade de integração cultural: sempre professam a religião local dominante, da mesma forma que suas danças, músicas, narrativas e provérbios manifestam a assimilação da cultura no meio em que vivem.
Durante a Segunda Guerra Mundial, entre duzentos e quinhentos mil ciganos europeus foram exterminados nos campos de concentração nazistas. Entre os ciganos, o massacre é denominado de porajmos e começou a ser recuperado pela historiografia apenas a partir dos anos 1970.
Este post mostra fotografias históricas de dias antes daqueles anos negros, um pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Fotografias de arquivo da vida dos ciganos europeus na primeira metade do século passado.
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