1. Está em curso um despedimento colectivo no Grupo Global Media, que a nova administração anunciou envolver 81 trabalhadores, dos quais 17 jornalistas. Trata-se de uma decisão inaceitável, com graves custos e efeitos sociais para os atingidos e a generalidade dos trabalhadores, e que contribui para aprofundar a degradação do sector da comunicação social, a sua qualidade e pluralismo.
O PCP condena este despedimento colectivo e exige a sua suspensão e reversão imediatas.
2. Os “argumentos” da administração deste grande grupo económico-mediático para esta “operação” são os mesmos de anteriores “reestruturações”, sempre suportadas numa alegada “retracção dos mercados de media” e “crise sem precedentes”.
Mas, a verdade é que o Grupo Global Media está em fase de reestruturação de propriedade, com a “circulação” de dezenas de milhões de euros entre os grandes interesses, sem que daí resulte um único progresso para os trabalhadores ou melhorias na actividade. O Grupo obteve este ano, pela mão do Governo PS, um “contrato de publicidade institucional” de mais de 1 milhão de euros e foi abrangido num lay-off de 530 trabalhadores, que agora não hesita em despedir. Em anos recentes obteve “perdões de dívida” e investimentos de capital estrangeiro de 15 milhões de euros e vendeu os edifícios históricos do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias.
3. Os negócios do Grupo e os projectos do principal accionista, nesta fase, pelo que se conhece, são concentrar a propriedade, projectar o grupo para os PALOP e avançar para uma televisão, estratégia esta suportada na base de despedimentos e beneficiando da cobertura dada pelo Governo ao não impor a sua proibição.
4. O PCP considera que o Grupo Global Media está a comprovar que, nas condições do domínio dos grupos económicos, a chamada “crise dos media” é sobretudo uma oportunidade e um instrumento de concentração capitalista e de poder, de mais exploração, degradação das condições de trabalho e regressão das liberdades de imprensa e informação, em vez de mais participação, democracia e progresso social, como é verdadeiramente necessário.
5. O PCP, que questionou já o Governo em requerimentos apresentados ontem na Assembleia da República, apela à luta e intervenção dos trabalhadores e das instituições, designadamente do Governo, exige a suspensão e reversão deste despedimento colectivo no Grupo Global Media e proclama a urgência de fazer respeitar a Constituição da República relativamente ao impedimento da concentração monopolista na comunicação social.
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