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O PAN – Pessoas, Animais, Natureza disse nesta sexta-feira, num comunicado enviado à comunicação social, que “tudo indica” que um inquérito em curso no Departamento Central de Ação e Investigação Penal (DCIAP), após o partido ter apresentado uma queixa-crime contra desconhecidos, permitiu apurar a origem das interferências ilegítimas no correio eletrónico do PAN e a autoria de atos de sabotagem informática, os quais “alegadamente foram atribuídos à deputada não inscrita Cristina Rodrigues e outros”. E acrescentou esperar que as autoridades competentes “deem seguimento ao processo com a máxima celeridade, no sentido de serem apuradas todas as responsabilidades nesta matéria”.
Contactada pelo Jornal Económico, Cristina Rodrigues, que foi eleita pelo PAN nas legislativas de 2019 enquanto cabeça de lista por Setúbal, mas acabou por abandonar o grupo parlamentar no ano passado, em confronto com a direção então assegurada pelo porta-voz André Silva, disse que poderá reagir com uma queixa-crime por denúncia caluniosa contra o partido. E, num comunicado enviado de seguida, informou que ainda não foi ouvida no âmbito do processo, ainda em segredo de justiça – “podendo estar aqui em causa a prática de um crime de violação do segredo de justiça”, salientou -, e que “nega as acusações graves e atentatórias da sua honra patentes no comunicado” enviado pelo PAN.
Segundo o comunicado enviado pelo partido agora liderado por Inês de Sousa Real, o processo de inquérito que está em curso no DCIAP decorre de uma queixa-crime apresentada em agosto de 2020 contra desconhecidos, “a qual teve por fundamento a suspeita de interferência informática deletéria, abusiva e criminosa nas contas de correio eletrónico do PAN”. Daí terá resultado um “apagão informático deliberado” que abrangeu todas as comunicações electrónicas enviadas e recebidas até 25 de junho de 2020.
O PAN garante que as diligências levadas a cabo durante a investigação permitiu verificar que a 24 de junho de 2020 alguém acedeu ilegitimamente ao endereço eletrónico da Secretaria de Ação Jurídica e procedeu a “uma eliminação sistemática e maciça de correspondência”. Algo que o partido garante ter resultado em “prejuízos materiais e morais elevadíssimos, com perda de informação sensível e relevante, produto do trabalho desenvolvido ao longo de cerca de quatro anos”.
A esse propósito, Cristina Rodrigues respondeu, também em comunicado, que “sempre agiu de forma diligente no exercício das suas funções de coordenadora da Secretaria de Ação Jurídica”, tendo estado “no exercício pleno das suas funções” até ter abandonado o cargo, a 25 de junho de 2020.
Além da denúncia ao Ministério Público, o PAN afirma ter requerido aos serviços da Assembleia da República que fossem enviados elementos de prova, visto que se prefigurava que os ilícitos em causa “poderiam também ter sido perpetrados a partir de instalações do Parlamento, com recurso a equipamentos informáticos nele alojados e por este geridos”.
Cristina Rodrigues anunciou que deixava de ser deputada do PAN a 25 de junho de 2020, um dia depois do “apagão informático” que motivou a queixa-crime, justificando a decisão por sentir “cada vez mais a minha voz silenciada e a minha capacidade de trabalho condicionada”. Sobretudo a partir do seu afastamento da Comissão Política Permanente, que salientou ter ocorrido “à minha revelia e sem aviso prévio”.
Desde então as relações da deputada não inscrita com os ex-colegas de bancada foram pouco amistosas, tendo Cristina Rodrigues reagido à recente polémica sobre as empresas de cultivo de frutos vermelhos de que Inês de Sousa Real é ou foi proprietária com uma mensagem sarcástica partilhada no Twitter: “Vá malta, já chega. Deixem a Inês Sousa Robles em paz.”
Nesse sentido, a deputada não inscrita salienta que o comunicado do PAN “surge na sequência das várias peças jornalísticas relativas ao envolvimento da deputada Inês de Sousa Real em várias empresas e dos comentários feitos pela deputada Cristina Rodrigues referentes a essa situação, parecendo surgir como uma forma de retaliação”. Até porque, argumenta, a queixa-crime foi feita há um ano e só agora o partido a vem comunicar.
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