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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Bisalhães vai formar novos artesãos para evitar extinção da olaria preta


 www.tsf.pt 


Arte desta aldeia do concelho de Vila Real é património imaterial da UNESCO há cinco anos. Restam seis fabricantes em atividade, a maior parte com mais de 80 anos.

A olaria preta de Bisalhães, em Vila Real, completa, esta segunda-feira, cinco anos como património imaterial da UNESCO. A arte está em risco de extinção, porque só já há seis artesãos em atividade e a maioria tem mais de 80 anos. Para impedir o desaparecimento desta tradição, estão a ser preparadas iniciativas para formar novos oleiros e sensibilizar os mais novos.

Querubim Queirós da Rocha tem 81 anos e é dos poucos artesãos de Bisalhães que ainda trabalha o barro. Na oficina e em casa tem centenas de peças prontas para vender, mas continua a trabalhar todos os dias na arte da qual sempre tirou o sustento. Para ele e para a família.

Começou aos 10 anos porque o pai, também oleiro, precisava de ajuda. Não tardou a perceber a potencialidade daquele tipo de artesanato, que ia vender à beira da Estrada Nacional nº 15, que antes de haver IP4 e Túnel do Marão era a que, pelas curvas da serra, ligava o distrito do Porto a Trás-os-Montes.

Ao contrário de QuerubimCesário da Rocha Martins, 86 anos, foi militar da GNR e não precisou de viver da olaria preta. Mas quando se reformou retomou a arte que aprendeu ainda criança. Apesar do estatuto de património imaterial da UNESCO, Cesário não acredita que a arte se salve da extinção. É que, segundo diz, "agora não querem este trabalho". Dá o exemplo dos dois netos, que quis convencer a seguirem os passos do avô. Todavia, "arranjaram coisa melhor".

O vizinho Querubim Queirós da Rocha é mais otimista em relação ao futuro. "Já não desaparece". O filho tem uma roda onde se molda o barro ao lado da sua e tem feito várias peças de barro preto. "Ele vai pegar nisto". O neto está agora na Suíça a ganhar a vida, mas mais tarde vai regressar a Bisalhães para "investir nesta arte".

Miguel Fontes, de 42 anos, é o artesão mais novo dos seis ativos em Bisalhães. Aprendeu ainda miúdo, mas só perto dos 30 anos começou a dedicar-se mais. O objetivo é que "continuem a aparecer pucarinhos de olaria preta" na Feira de São Pedro, que se realiza em Vila Real, em finais de junho. "Nos últimos anos antes da pandemia eu já era o único que levava esta loiça à feira e não quero deixar de ir", sublinha.

Certificação profissional

Para que outros sigam o exemplo de Miguel Fontes, a Câmara Municipal de Vila Real, a Junta de Freguesia de Mondrões e o Instituto de Emprego e Formação Profissional vão iniciar em janeiro de 2022 um curso que já está a ter muitos interessados.

A vereadora da Cultura, Mara Minhava, garante que "não se pretende uma formação avulsa". O objetivo é "uma formação de longa duração", que no final permita que os formandos obtenham uma "certificação profissional na área da olaria" e, com isto, garantir o futuro da arte.

Para os que concluírem a formação com êxito, o presidente da Junta de Mondrões, Félix Touças, diz que a autarquia vai estar "disponível para arrancar com projetos e ateliês para as pessoas que queiram estabelecer-se cá e começar a fazer vida com a olaria preta".

Bisalhães já é visitada por muitos turistas o que vai alimentando o negócio em torno desta arte. Para facilitar a visita a Câmara de Vila Real criou sinalização que orienta a deslocação à aldeia, próxima da cidade vila-realense. Também vai instalar mobiliário urbano para informação e promover visitas guiadas, nomeadamente nos dias em que os fornos onde se cozem as peças de barro estejam em atividade.

A autarquia também tem realizado diversas ações de promoção da olaria preta, como aquela que recentemente desenvolveu na Expo Dubai. O sucesso foi tanto que garantiu uma encomenda de dezenas de peças por parte da Arábia Saudita.

Exposições assinalam efeméride

Para comemorar cinco anos de património imaterial da UNESCO, a Câmara Municipal de Vila Real inaugura, esta segunda-feira, no Museu da Vila Velha, duas exposições. Têm curadoria do Museu do Douro.

"Mãos que fazem Bisalhães" presta tributo aos oleiros que mantêm viva esta arte juntando fotografias, peças de barro e vídeos. "Os objetos de nada valem sem as pessoas e o conhecimento que acumulam", salienta a organização.

Miguel Fontes, Jorge Ramalho, Querubim Queirós da Rocha, Cesário da Rocha Martins, Manuel da Rocha Martins e Albano Carvalho são os artesãos em atividade. As famílias também participaram neste projeto.

"Traz, Zás, Taz! - vamos ver como o oleiro faz" é a segunda exposição que abre esta segunda-feira. Conta com trabalhos realizados por crianças do concelho no ano letivo 2020/21. Uma iniciativa que pretendeu sensibilizar os mais novos para a necessidade de preservar e valorizar a arte da olaria preta de Bisalhães.

SOM ÁUDIO



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