À medida que se somam décadas de estagnação da economia portuguesa, sem que os actuais enquadramentos institucionais europeus permitam a sua resolução, torna-se cada vez mais gritante o falso debate que o PSD colocava em 2012 e que, criminosamente, a velha direita, com as suas novas roupagens, insiste em achar que é - ainda! - o grande dilema de Portugal:
"O aviso é claro: o PS tem de “optar entre ter aumento de impostos e reduzir a despesa pública”. Para o PSD, o partido de António José Seguro tem hoje três opções: ou aceita discutir a redução de quatro mil milhões de euros na despesa e evita novos aumentos de impostos; ou recusa reduzir e então tem de assumir que admite mais impostos; ou nenhuma destas e então tem de explicar aos portugueses como se cumprem as metas orçamentais e o memorando a que o próprio se comprometeu com a troika." (Jornal Público de há 9 anos)
Mais criminoso ainda, quando - face a esse falso dilema - a estratégia do PSD/CDS foi cortar na despesa pública. E, por estranho que parecesse nas suas cabeças, os recursos públicos libertados não serviram para dinamizar a economia - como hoje defendem as mentes envelhecidas e desmemoriadas dos dirigentes da IL que macaqueiam aquilo que foi martelado em 2012.
Os cortes na despesa pública, a busca de um superávite orçamental que libertasse as poupanças privadas para que fossem canalizadas para o investimento produtivo contribuíram, sim, para uma imensa recessão. E essa recessão levou a uma histórica fuga de jovens qualificados e uma explosão do desemprego que levou o poderoso ministro das Finanças - sempre citado a dizer em Conselho de Ministros "Qual é a parte da frase não há dinheiro que não entende?" - a fugir do Governo em Julho de 2003 para e voltar a emergir... no FMI.
Na verdade, é tudo ao contrário: em regra, um défice orçamental transfere recursos para o sector privado, contribuindo para a sua expansão que, por sua vez, transforma despesa de uns em rendimentos de outros, expandindo ainda mais esse sector privado. E caso o PIB cresça mais rapidamente do que os encargos da dívida até é capaz de gerar mais recursos públicos e fazer reduzir a dívida pública... Procurar um défice mais curto e mesmo um superávite - como imagem das Contas Certas - é apenas uma forma de, ideologicamente, abrir novas áreas de negócio a meia dúzia de pessoas, que, com elevada probabilidade, serão aliás investidores estrangeiros. E ao mesmo tempo fazer crescer o desemprego para forçar à baixa salarial e fornecer mão-de-obra qualificada para as economias do centro europeu.
É este o "grande" sentido patriótico da direita nacional actual - servir os interesses materiais dos investidores estrangeiros. Pode não se chamar corrupção, porque o fazem à borla, mas nem sei se não será ainda pior este programa de subserviência e vassalagem desta burguesia sem visão.
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