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sexta-feira, 16 de julho de 2021

A CUBA QUE DESAFIA A CARTILHA


 

A CUBA QUE DESAFIA A CARTILHA
Sempre que sopra o vento em Cuba ecoam as opiniões no "mundo livre". Estas dividem-se, essencialmente, entre dois tipos de prosa. A que é feita pela malta que manda toda a gente discordante viver para a Venezuela, Coreia e Cuba (China entretanto saiu porque já tem McDonalds) e os que efectivamente sabem qualquer coisa de História.
Reparo que nos últimos dois dias cresceu a onda de apoio ao "povo cubano, sofredor, farto de ditadura e pobreza". Parece-me positivo. É de facto um povo sofredor.
Curiosamente não vi tamanha indignação quando, há poucas semanas, na sede das Nações Unidas, uma vez mais O MUNDO votou o fim do embargo económico e apenas 1,5 países votaram pela sua continuidade. Refiro-me aos EUA e respectivo cão de fila, obviamente.
Portanto, que se mantenha uma ilha de 1000 km no meio do mar das Caraíbas impedida de ter comércio com quem quiser, por ordem de 1 dos 200 países do mundo, tudo bem. Já se o povo reclamar da escassez na rua, em princípio temos material para indignação colectiva contra ditaduras. Parece-me coerente.
Aliás, só em ditaduras ferozes como a que existe em Cuba é que se vêm pessoas na rua. Durante estes 18 meses de pandemia, com populações a serem atiradas para a pobreza um pouco por toda a parte, com desemprego galopante e créditos mal parados, não vimos manifestações em parte alguma do globo. Claro que não. Têm sido uns 18 meses pacíficos nas ruas da Europa, das Américas e da Ásia.
Se um pouco por toda a parte há protesto nas ruas, das restrições ao confinamento, do desemprego às dificuldades financeiras, porque razão um ilha, que viveu a mesma pandemia do que nós, em cima de 60 anos de embargo, teria que aguentar em silêncio?
Querem ajudar Cuba? Pressionem para o fim do embargo! Deixem que Cuba tenha as mesmas hipóteses que o resto do mundo. Nem que sejam as mesmas hipóteses de falhar. Como nós, por exemplo, que ao fim de 35 anos de subsídios europeus continuamos, sem vergonha ou pudor, entre os mais pobres da Europa. Falhámos, falhamos e continuaremos a falhar mais uns anos. Mas ninguém nos vem dizer como devemos fazer, pois não?
Então, que moral temos nós para dizer o que é bom ou mau para os cubanos, que vivem uma realidade única no planeta?
E não, não estou a defender o novo presidente cubano, a dizer que os protestos são provocados pela CIA ou sequer a dizer que tudo estaria bem em Cuba sem o embargo.
Estou apenas a dizer que quando nos atiramos para fora de pé, a defender o "fim da ditadura cubana", admitindo que todas as escolhas são possíveis naquele país, estamos a assumir um pouco da nossa ignorância e a passar um pano branco nas extraordinárias condições de vida que lhes são impostas, única e exclusivamente pelo governo dos EUA, sem que o mundo levante a voz.
Tentemos retirar as amarras que prendem Cuba e deixemos que corram como todos nós. E depois logo vemos quem chega onde e como. Depois das Nações Unidas deixarem de ser um clube com um sócio maioritário, talvez nos possamos armar em moralistas do "mundo ocidental".
Já agora, uma nota mais sobre a coerência. Aqueles que nas discussões sobre o Covid dizem que não podemos comparar a Suécia com Portugal (mas sim com os vizinhos nórdicos), são os primeiros a meter Cuba lado a lado com EUA ou UE. Nunca Jamaica, Haiti, República Dominicana e demais ilhas vizinhas.
E mesmo assim não percebem, por exemplo, que com todas as limitações do embargo, Cuba tem Saúde pública e Educação universal. Os EUA não.
Mais estudo e menos conversa de café e, quiçá, saíssemos da cauda da Europa em duas gerações.
Ou três, vá.

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