A catedral e o rio. A Sé de Lisboa está implantada na zona antiga da capital, nas imediações do rio Tejo. Tal como na maioria das cidades de traça antiga, Lisboa desenvolveu-se a partir do castelo, numa das colinas da cidade. As evidências sugerem que o espaço sacralizado foi em tempos ocupado por outros monumentos de grande volumetria no período romano e no período islâmico. Fotografia: Michele Rinaldi /Shutterstock
Texto: Paulo Almeida Fernandes
Entre os séculos XII e XIV, o complexo catedralício lisboeta sobrepôs-se a realidades urbanas anteriores, geradas sobretudo nos tempos romano e muçulmano. A construção da catedral, na prática, destruiu e ocultou marcas de antigos usos daquele trecho urbanístico. Grande parte dessa história permanece por conhecer, inexplorada sob o chão da catedral, mas um conjunto de materialidades foi revelado ao fim de mais de sete séculos e ultima-se o projecto para a sua musealização.
A escavação aberta na quadra central do claustro da Sé, continuada na actualidade de forma mais radical (atingindo maior profundidade e alargando-se à área ocupada pela ala meridional do claustro), permitiu uma visão de periscópio invertido para a cidade anterior à construção daquele espaço religioso. Os dados reunidos por esta intervenção são essenciais para conhecer a evolução urbanística do sítio e a das cidades sobrepostas que compõem Lisboa, não obstante a área escavada ser reduzida para a quantidade e abrangência de perguntas que a investigação sucessivamente coloca acerca do local.
A sé românica – marca de afirmação de um poder civilizacional sobre outro(s), que havia dominado a cidade – começou a ser construída possivelmente a partir de 1149 ou 1150, anos em que a diocese foi agraciada com um considerável património urbano e se constituiu o cabido.
As primeiras etapas foram bastante rápidas, laborando-se na fachada principal na década de 80 daquele século XII.
É possível que a crise então verificada tenha afectado o andamento das obras. É também plausível que tenha escasseado a pedra disponível, razão pela qual o arquitecto da Sé, um estrangeiro de nome Roberto, se deslocou aos arredores da cidade para reconhecer possíveis pedreiras. Numa dessas visitas, caiu da mula que o transportava e o animal desabou também sobre o seu corpo, atribuindo-se a salvação do construtor da casa-catedral que guardava os restos mortais de São Vicente à prodigiosa acção do santo padroeiro de Lisboa, a fazer fé no Livro de Milagres codificado ainda no século XII.
Que a pedra terá faltado para a construção da Sé infere-se pela inclusão de espólio romano e alto-medieval nos sectores ocidentais do monumento. A análise a esses materiais reaproveitados constitui outra forma de tentar perceber o que existiu no sítio onde os conquistadores de 1147 construíram a sua mais imponente marca de vitória: a catedral.
Uma rua de Olisipo
Para quem visita a escavação do claustro, encontra um sector urbanístico organizado em socalcos. A herança desta disposição é romana, pois foi no tempo da construção de Felicitas Iulia Olisipo que a vertente meridional da encosta genética da cidade foi organizada em grandes plataformas desniveladas. Esta obra de engenharia foi a forma encontrada para vencer os declives e materializar uma ideia de cidade ortogonal, de ruas tendencialmente lineares e quarteirões rectangulares.
Um milénio de história à vista.
As escavações na transição para o século XXI permitiram compreender melhor a sobreposição de povoamentos nos últimos dois milénios. No claustro da Sé, emergiu uma via romana (2 e 5) orientada no sentido Sul-Norte. Esta via lajeada deveria dar acesso aos monumentos mais emblemáticos da colina (o teatro e, possivelmente, também o fórum).
Os degraus não desgastados (1 e 4) sugerem que a via seria pedonal. Um muro do século IV rasgou a via ao meio 3. Fotografia: José Avelar / Museu de Lisboa
Quem não conhece este ponto de partida dirá que a escavação no claustro revela uma cidade ao contrário, pois os vestígios romanos encontram-se na plataforma superior, enquanto os islâmicos dominam na plataforma inferior, como se os tempos estivessem “surrealisticamente” invertidos, na medida em que os vestígios mais recentes (islâmicos) estão a cotas mais baixas do que os mais antigos (romanos).
Um olhar atento, todavia, esclarece, por exemplo, que o sistema de esgotos que corre por baixo de uma via lajeada romana da plataforma superior continua sob as estruturas islâmicas no nível inferior, e foi mesmo aproveitado pelos agentes citadinos muçulmanos, só tendo terminado a sua função na segunda metade do século XIII. Em mais de mil anos de história, é também assim a cidade sobreposta: feita de permanências utilitárias, reaproveitamentos múltiplos em diferentes tempos, ao lado de irreparáveis destruições e amputações.
Na época romana, a urbanização deste local fez-se em torno de uma rua que corria no sentido Sul – Norte. Esta artéria, que subia da zona ribeirinha até ao centro da colina, sobrepôs-se a anteriores usos, testemunhados por pavimentos de seixo rolado. No primeiro século da nossa era, a cidade romana monumentalizou-se e ganhou identidade. O tecido urbano organizou-se em quarteirões regulares e a rua foi lajeada, correndo sob o seu pavimento uma subterrânea rede de esgotos.
A arqueologia demonstrou que a rua era pedonal: tinha degraus e o lajeado não evidencia sinais de desgaste provocado pela passagem de rodados. Outra característica desta artéria é a existência de várias lojas do lado nascente.
São espaços de reduzidas dimensões, aparentemente desprovidos de balcões, e não se conhece que tipo de produtos eram ali comercializados.
As grandes transformações da cidade no século IV (altura em que se construiu a segunda muralha e o perímetro citadino foi reduzido) tiveram também impacte sobre o conjunto urbano do claustro da Sé. O proprietário de uma habitação que se anexava a uma loja privatizou a via, alargando essa mesma habitação para aquele espaço anteriormente público.
Camadas fragmentadas e desconexas
O conjunto habitacional romano foi abandonado no século VI, momento da história de Lisboa em que estava em marcha outra ideia de cidade.
No tempo de suevos e visigodos, foram dominantes as tendências de transformação topográfica que estiveram na origem de uma paisagem plenamente cristã, com igrejas, adros e cemitérios dentro das muralhas, ao mesmo tempo que os grandes edifícios romanos foram irremediavelmente transformados para outros fins.
Espaço sagrado. Nos últimos oito séculos e meio, a Sé congregou a vida religiosa da cidade e foi palco privilegiado de sismos, revoluções, golpes militares, coroações e celebrações. Poucos momentos, porém, tiveram o significado simbólico da Páscoa de 2020, momento em que os fiéis foram aconselhados a permanecer em casa e a não assistir à liturgia pascal. Fotografia: Miguel Valle De Figueiredo
A escavação do claustro da Sé não forneceu ainda elementos relativos a esta etapa civilizacional. Foi preciso esperar mais alguns séculos para que os quarteirões definidos em época romana tivessem sido sujeitos a mais radicais alterações. A história de Lisboa faz-se também destes silêncios transtemporais, aparentes vazios de séculos nos poços de sondagem abertos para o passado pluriestratificado da cidade.
Até à recente ampliação da escavação, a principal marca da ocupação islâmica era fornecida por dois edifícios, os quais testemunhavam também diferentes usos do espaço: o sector nordeste da plataforma superior foi ocupado por uma casa dotada de pátio central; já na plataforma inferior, alguns metros mais abaixo (assim mantendo a lógica de socalcos), colocou-se a descoberto um pátio rectangular, cujos limites ocidental e meridional não foram possíveis de identificar.
Este espaço público, cujas paredes eram decoradas com bandas brancas e vermelhas, dava acesso, pelo lado norte, a um pequeno compartimento totalmente abobadado.
Já foi aventada a hipótese de este conjunto ter estado associado à mesquita aljama da cidade, mas, em boa verdade, a teoria de existência de uma mesquita sob o chão da catedral permanece como hipótese provável, embora sem certificação arqueológica.
A proximidade do poço que foi sucessivamente alteado e que serviu o próprio claustro é um factor que favorece a interpretação do pátio como espaço de acesso e de uso daquela fonte de água.
Não é linear a ligação deste pátio com os mais impressionantes vestígios islâmicos detectados na campanha arqueológica entretanto alargada.
Tendo-se desmontado a ala meridional do claustro – ela própria um restauro das primeiras décadas do século XX –, e aprofundando a escavação até aos alicerces da grande muralha construída em finais do século XIII para suportar e nivelar o claustro gótico, identificaram-se mais decisivas e discutidas marcas da organização islâmica.
Cicatrizes e beleza austera. O projecto original da Sé, no século XII, tinha muitos pontos em comum com a Sé de Coimbra: uma planta em cruz latina de três naves escalonadas com transepto saliente. A fachada, porém, sofreu consideráveis restauros no século XX.
A Torre Norte ainda é, em grande medida, genuína. A Torre Sul foi destruída pelo sismo de 1755. Fotografia: Ttstudio / Shutterstock V / Shutters
O conjunto é difícil de descrever e ainda de compreender, tal a quantidade de muros em falta, interrompidos e cortados por construções posteriores até ao século XX. A partir de uma grande parede do lado sul, que funcionava como elemento delimitador deste trecho urbanístico, vislumbram-se vários compartimentos orientados no sentido Sul-Norte. Três deles parecem ser mais importantes: ao centro, um edifício de planta quadrangular irregular, interpretado pelas arqueólogas Alexandra Gaspar e Ana Gomes como possível minarete; do lado direito, na proximidade do poço e de um conjunto de condutas de água, identificou-se uma aparente zona de banhos, da qual se conserva um pequeno banco decorado e o pavimento de tijoleira; do lado esquerdo, situa-se um largo corredor, delimitado por duas grandes paredes, uma delas com quase cinco metros de altura e que foi parcialmente destruída para a edificação do claustro.
O espaço quadrangular central é o mais relevante pois configura um edifício de vários andares. É dotado de muros duplos, em cujas faces internas se abriram arcos de descarga, e subsiste o primeiro lanço de uma escadaria que conduziria a(os) piso(s) superiores.
O estado fragmentário destes vestígios, a escassa regularidade planimétrica que apresentam, a própria irregularidade dos muros do suposto minarete e a evidência de adossamentos em distintos tempos, bem como a inexistência de uma relação directa com um pátio central de generosas dimensões e, principalmente, com o grande salão de orações, são argumentos que dificultam a aceitação de se estar perante parte do complexo monumental de uma mesquita.
A escavação ainda decorre e, na verdade, o que foi colocado a descoberto – sendo decisivo e original para a história de Lisboa e do tempo islâmico na terra que depois veio a chamar-se Portugal –, é, porém, ainda pouco para o expectável potencial histórico do chão debaixo da catedral.
Banhos na Sé. Entre as muitas novidades reveladas pela recente ampliação da intervenção arqueológica no claustro da Sé, está parte de um compartimento islâmico dotado de banco no canto sudoeste. Este banco não era o único, pois ainda se preservam os arranques de dois pequenos arcos que sustentavam bancos idênticos para norte e para nascente. Ainda que bastante danificada, a peça evidencia uma estética própria do tempo almorávida, com decorações estucadas e relevos simétricos. Apesar de se desconhecer a função deste compartimento, a presença de um banco corrido, o pavimento uniforme de tijoleira e a proximidade em relação ao poço que alimentou de água sucessivas utilizações urbanísticas deste local sugerem a possibilidade de pertença a um complexo edifício de banhos, porventura mesmo uma das salas de temperatura distinta que caracterizam estes espaços na sociedade islâmica medieval da Península Ibérica. Fotografia: Paulo Almeida Fernandes
Uma conclusão particularmente importante é que todos estes vestígios são tardios na história de Al-Ushbuna, nome pelo qual Lisboa foi nomeada na época muçulmana.
Os fragmentados edifícios recentemente revelados pertencem à época almorávida e integram-se numa ampla renovação urbanística consumada nas primeiras décadas do século XII, que tem também evidência no programado e ortogonal bairro islâmico escavado na Praça da Figueira.
Por outro lado, o grande pátio primeiramente identificado poderia corresponder ao período das taifas, ainda que a decoração parietal pareça emular anteriores correntes estéticas califais, como sucede também nas casas identificacas na área do Castelo de São Jorge.
Uma igreja moçárabe?
A possível construção de uma mesquita na plataforma onde mais tarde surgiu a sé românica pode não ter sido a única ocupação de carácter religioso deste espaço urbano. Sem me referir já às arqueologicamente infundadas visões tradicionais que veiculam a ideia de uma sucessão de sacralidades em diferentes tempos – um templo romano teria sido aproveitado para igreja de época visigótica, a qual depois haveria de dar lugar à mesquita e, por fim, à catedral que conhecemos –, subsistem indícios que sugerem a presença neste sector de uma igreja moçárabe, ao serviço dos cristãos que viviam na cidade sob domínio muçulmano.
A capela moçárabe. A descoberta de um frontal de altar com alegorias ao universo moçárabe alimenta a hipótese de que, no espaço da Sé, no século X, tenha funcionado uma igreja moçárabe para a comunidade cristã da cidade islâmica. Ilustração de Anyforms Design, a partir de original de Carlos Cabral Loureiro (Museu de Lisboa)
Não existem evidências arqueológicas desta realidade, mas, nas obras de final do século XII, foram incorporadas nas paredes exteriores da catedral duas grandes pedras decoradas e resta a dúvida sobre a proveniência de uma terceira, hoje colocada numa capela do claustro, a servir de base.
A peça mais significativa foi reaproveitada num contraforte do lado norte, de onde foi retirada há décadas, ameaçada que estava pela poluição atmosférica que quase levou ao apagamento da escultura na metade mais exposta à rua. É um frontal de altar (ou um segmento de friso), decorado com três arcos onde figuram duas aves afrontadas, ao centro, e dois cordeiros nas extremidades. A peça parece ter sido inspirada em realizações islâmicas do século X (como as arquetas califais de marfim) e veicula uma iconografia específica do Paraíso, jardim ordenado e harmonioso, mítico destino dos cristãos após o dia do Juízo Final, onde pastam cordeiros livres de temores e onde se acede livremente aos frutos da Árvore da Vida.
Outro artefacto da mesma época está ainda preservado nos alicerces da torre meridional da fachada principal. Trata-se de um fragmento pétreo de grandes dimensões, realizado a partir de um elemento arquitectónico romano, duas vezes reaproveitado.
Iconografia. O gosto renascentista e barroco alimentou remodelações radicais de muitos templos religiosos, à medida que evoluía a concepção sobre a liturgia e a função da Igreja na comunhão dos fiéis. A introdução de grandes janelas com vitrais foi tardia na Igreja de Santa Maria Maior, reflectindo já o culto mariano resultante da consagração do Santuário de Fátima, a par dos dois padroeiros de Lisboa: São Vicente e Santo António. Fotografia: Dace Kundrate / Shutterstock
Em primeira vida, terá sido um frontal de altar, ou de cancela litúrgica, para uma igreja moçárabe e, depois, foi usado como material de enchimento da torre românica. Apesar de apenas uma pequena parte estar visível, o repertório decorativo que ostenta tem afinidades com o frontal de altar moçárabe atrás mencionado.
É tentador equacionar a hipótese de ambas as peças terem feito parte do aparato decorativo de uma possível igreja moçárabe que existiu no chão onde se ergueu a catedral. Se elas desempenharam a função de frontal de altar, então essa igreja teve pelo menos dois altares (o principal destinado à celebração eucarística e um segundo reservado para cerimónias secundárias). À possível cabeceira desse templo poderia também pertencer a terceira peça que hoje se preserva na catedral, um fragmentado friso vegetalista que deveria percorrer todo o interior da abside, incorporado nos muros laterais, por altura do início do abobadamento.
As peças da Sé de Lisboa não estão isoladas na herança material medieval resgatada na cidade. Fragmentos de escultura decorativa associáveis à dinâmica artística moçárabe encontraram-se já, sempre fora das suas funções originais, junto da muralha meridional (Rua dos Bacalhoeiros, Casa dos Bicos, Chafariz del Rei), no subsolo da capela-mor do antigo Mosteiro de Chelas e na Praça Nova do Castelo de São Jorge. Neste último local, um fragmento de lintel epigrafado certifica que, possivelmente numa altura em que algo da fortificação islâmica havia já sido construído – a fazer fé numa outra inscrição, datada do ano 985, que alude à “restauração” da cidade em tempo do califa al-Hakam II –, a comunidade cristã dispôs de uma igreja no topo da colina. A porta principal desse templo (com probabilidade voltada ao espaço público citadino) ostentava uma inscrição glorificadora de Cristo e duas cruzes-anagramas cristológicas acompanhadas pelas letras gregas alfa e ómega, forma comum de afirmar que Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas na aventura humana.
IMAGEM COM OS DETALHES AMPLIADOS
A comunidade cristã da Lisboa gerida pelos muçulmanos deve ter tido assinalável protagonismo durante o século X e era ainda forte o suficiente em 1147, nas vésperas da conquista cristã.
O cruzado Raoul viu o bispo da cidade no topo das muralhas, com o alcaide e as principais personalidades da urbe. Esse mesmo prelado, um ancião (querendo com isto dizer que devia ocupar de maneira estável o cargo há largos anos), foi brutalmente assassinado pelos invasores flamengos e germânicos, que primeiro se precipitaram para o interior das muralhas. Por essa altura, dois séculos depois da datação geral atribuída ao núcleo escultórico moçárabe lisboeta, e dois regimes depois – o esplendor dos cristãos lisboetas de al-Andaluz coincidiu com o califado de Córdova, ao qual se seguiu os reinos taifas e, depois, a autoridade forçada do império almorávida –, a comunidade cristã parecia já habitar preferencialmente o arrabalde ocidental. Paulatinamente, como foi frequente em várias cidades muçulmanas da Península Ibérica, os cristãos foram sendo relegados para as periferias. Este processo, que terá sido lento na maior parte dos casos – o que beneficia a hipótese de o chão da Sé ter albergado uma igreja moçárabe e, só depois (a partir de finais do século X, ou mais tarde ainda), aí se ter implantado uma mesquita –, foi bem mais brutal e imediato para os muçulmanos que sobreviveram à conquista de 1147, forçados a abandonar as suas casas e condenados ao êxodo nos tempos imediatamente posteriores.
Pode ser que o chão debaixo da catedral guarde as memórias da mesquita onde, em Outubro de 1147, se amontoavam 1000 pessoas, refugiados na sua própria cidade, julgando em desespero que as paredes do edifício poderiam garantir a sua vida. Pode ser que a escavação ainda em curso revele algo mais da comunidade islâmica, da qual fazia parte o anónimo que, no respiradouro do esgoto romano anexo à casa da plataforma superior, escondeu um pano com moedas de prata e outros objectos, gesto de aflição que continha ainda a esperança, afinal vã, de vir a recuperar mais tarde este precioso tesouro. Pode ser, finalmente, que um dia existam condições para escavar o chão onde a catedral românica foi erguida. Para lá da identificação da conduta de águas que desce a colina e que passa sob as naves, canal que foi, entretanto, entulhado com escombros provocados pelo terramoto de 1755, ter-se-á real oportunidade de confirmar a existência da mesquita e terminar de vez com este mito de arqueologia urbana que tem alimentado as páginas especulativas com que tantas vezes se escreve a História.
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