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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

QUASE 170 ANOS DE COMBOIOS EM PORTUGAL






 
 

A história dos caminhos de ferro em Portugal reveste-se de uma elevada importância para o conhecimento da evolução histórica de Portugal, a partir de meados do século XIX. 
O desenvolvimento operado no país nos séculos XIX e início do século XX, fica a dever-se, no âmbito das vias de comunicação, maioritariamente ao meio ferroviário. Para que o comboio se tornasse uma realidade quotidiana, foi necessário convencer muitas consciências céticas, que viam a ferrovia como um fantasma dos tempos modernos. Não iria trazer benefícios ao país, segundo alguns, assim como algumas das suas características seriam as mais funestas. 
Foi António Bernardo da Costa Cabral (1803 - 1889), o célebre ministro da rainha D. Maria II de Portugal (1819 - 1853), o estadista português que primeiro lançou a ideia para a construção de um caminho de ferro em Portugal na década de 1840 mas nada se fez, não passaram de planos. No entanto as primeiras tentativas de implementação do caminho de ferro em Portugal, iniciaram-se com Benjamim de Oliveira (português residente no Reino Unido), na década de 1830.
Mas foi graças ao trabalho de políticos audazes e progressistas como o Ministro da Fazenda António Maria de Fontes Pereira de Melo (1819 - 1887), numa situação social mais estável em Portugal, que para o efeito promoveu a criação do Ministério das Obras Públicas e tudo pode enfim começar. 
A cerimonia simbólica do início das obras para a construção da primeira via ferroviária da então fundada Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, só aconteceu em 7 de maio de 1853 na presença da rainha D. Maria II de Portugal e do rei consorte D. Fernando II (1816 - 1885). Esta cerimonia teve lugar no aterro do Beato. Nesta cerimónia, a rainha D. Maria II, empurrando um carrinho construído em madeira de mogno e onde o rei D. Fernando II  deitou uma pá com areia, procedendo a solene inauguração do início dos trabalhos. Tudo isto perante a assistência de altos dignatários da Corte, deputados, directores da futura Companhia, assim como muita população que nesse dia acorreu ao evento.
Esta onda progressista contou ainda com o apoio do jovem rei D. Pedro V (1837 - 1861). 
É então fundada oficialmente a Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, pelo empresário inglês Hardy Hislop em 10 de maio de 1853. Foram responsáveis pelo início destas obras empreiteiro inglês Waring & Shaw Brothers de Londres, sob direcção de Hardy Hislop, director da companhia. O valor para esta obra foi de 3,501 mil réis, comprometendo-se o empreiteiro a ter a via pronta, entre Lisboa e o Carregado até Santarém, com o material circulante necessário e as comunicações telegráficas. As normas de fiscalização para as obras foram decretadas em 5 de setembro de 1853, tendo os trabalhos começado no dia 17 do mesmo mês. As obras de construção do primeiro troço da Linha do Leste, entre Lisboa e o Carregado, começaram em bom ritmo, não obstante problemas técnicos diversos nomeadamente com os terrenos junto ao rio Tejo. A Companhia submeteu à apreciação do governo, diversos regulamentos, tais como dos chefes de estação, pessoal de comboios, agulheiros, fogueiros, maquinistas e guardas de passagens de nível, etc. Como curiosidade, todo o material circulante como locomotivas e vagões utilizados para dar apoio nestas obras, foram desembarcados e montados em estaleiros construídos para o efeito em Sacavém, junto à foz do rio Trancão. Numa época marcada por grandes epidemias que assolavam o país, nomeadamente a cidade de Lisboa, o rei D. Pedro V teve tempo para acompanhar as obras do caminho de ferro de perto e chegou a viajar a bordo de uma locomotiva durante um dos testes de linha. 
E finalmente em 28 de outubro de 1856, há precisamente 160 anos, era inaugurada a primeira linha ferroviária em Portugal. 
Acorre nesses dia uma multidão para ver a novidade, e até no rio Tejo navegavam vapores carregados de passageiros dispostos a seguir por via fluvial o percurso do comboio até Vila Franca. Nessa manhã, pelas 10 horas, após a bênção das locomotivas, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa,  o comboio partiu da estação provisória do Cais dos Soldados, actual estação de Santa Apolónia. 
O comboio real, constituído por três carruagens, rebocado pelas locomotivas "Santarém" e "Coimbra" (fabrico Egerstorff, 1855), com o rei D. Pedro V a bordo e comitiva. É relatado que este comboio ao todo era composto por dezasseis carruagens, que partiram em ambiente de festa para o Carregado onde seria oferecido um grande banquete Real num pavilhão montado para o efeito. Fez o percurso de Lisboa ao Carregado, 43 km, em cerca de 40 minutos. 
O primeiro troço de caminho de ferro em Portugal foi entre Lisboa ao Carregado, num total de 43 km e com a bitola de 1,45 metros entre carris. Esta primeira viagem foi algo acidentada, à ida nada de anormal se passou, apenas as reacções de espanto graças à celeridade e suavidade relativa da circulação. Em comparação com as carroças da chamada mala - posta que até então se utilizavam. 
Até ao Carregado, foram apenas cerca de 45 minutos, mas na volta após o grande banquete oferecido aos convidados, já não foi assim. 
Ao chegar a Sacavém, uma das locomotivas avariou, pelo que acabou por ser de duas horas a viagem de regresso a Lisboa. 
Tendo sido necessário uma das locomotivas fazer duas viagens para trazer para Lisboa todas as carruagens e respectiva comitiva. 
De salientar que estas locomotivas já teriam sido usadas nas obras da construção da linha e teriam algum desgaste. Não se conhece ao certo o nome da locomotiva que rebocou o comboio de regresso, alias sobre esta questão dos nomes das locomotivas da inauguração do caminho de ferro em Portugal, existem várias controvérsias. Mas este percalço inicial não impediu que a rede crescesse a bom ritmo até finais do século XIX. Após a rescisão do contrato com a Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, é concedida autorização formal a D. José de Salamanca y Mayol (1811 – 1883), que em 11 de maio de 1860 fundou a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses (CRP), embora o decreto que oficializou este acto só ter sido publicado em 20 de junho, tinha como objectivo esta nova empresa explorar as linhas do Norte (Lisboa - Porto) e do Leste (Lisboa - Elvas - Badajoz). 
O desenvolvimento do caminho de ferro em Portugal no século XIX, irá dividir-se em dois grandes períodos; de 1860 a 1865 e de 1877 a 1890. Em 3 de janeiro de 1860, o governo autorizou a construção e a concessão de uma ligação ferroviária entre Vendas Novas, Beja e Évora, a uma sociedade composta pelos empresários ingleses Charles Mangles, John Chapman e George Townsend e representada por John Valentine, que formaram a Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste (CFSS), também conhecida como a "companhia dos ingleses". As vias deveriam ter uma bitola de 1,67 metros, sendo atribuído um subsídio de 16.000 réis por quilómetro. 
A Linha do Norte ficou concluída até Vila Nova de Gaia no dia 7 de julho de 1864, um ano após a linha do Leste chegar a Badajoz, no dia 4 de julho de 1863, para o que foi necessária a mudança da bitola existente (1,45 metros), para a chamada bitola ibérica de 1,67 metros. É inaugurada a estação de Lisboa Santa Apolónia em 1 de maio de 1865, foi até 1890 a principal estação ferroviária da cidade de Lisboa da linha do Norte e Leste.  No Norte, o caminho de ferro ia de "vento em popa", a 20 de maio de 1875 chegava a Braga, a 25 de março de 1886 à Galiza Espanha e a 5 de novembro de 1877 o comboio chegaria a ao Porto. Para ligar as duas cidades vizinhas era necessário erguer uma enorme ponte e alguns túneis. A tarefa seria entregue ao maior especialista da época, a casa Eiffel. Construiu a ponte D. Maria Pia e inaugurada em 4 de novembro de 1877 (tema a desenvolver em próximo artigo), irmã do célebre viaduto do Garabit, inserido na linha Neussarge-Béziers, dos caminhos de ferro franceses, que ainda hoje se mantém como monumento. Em 1867, o Estado Português tinha presentado às Câmaras os projectos para várias linhas férreas em bitola ibérica, unindo o Porto ao Pinhão, a Braga, e à fronteira com Espanha no Minho. Apesar do empenho que as populações e o próprio governo tinham na construção destas linhas, devido à sua necessidade, só em 14 de junho de 1872 foi decretado o início das obras na Linha do Minho (MD) e a realização de estudos para o traçado da Linha do Douro, que devia passar por Penafiel.
Também na região do Porto, é inaugurada a primeira linha de bitola estreita de 900 mm (não métrica), da então fundada companhia de caminhos de ferro PPF (Porto Póvoa do Varzim e Fafe) em 1875. Mais a sul, em 1878, iniciou-se a construção de uma importante linha, o ramal de Cáceres, que liga Portugal a Espanha via Marvão Beirã, sendo inaugurado em 1880. Cumpre-se um dos objectivos principais do caminho de ferro em Portugal, a ligação à Europa por via ferroviária. Em 28 de março de 1882 é inaugurada a linha da Beira Alta entre a Pampilhosa e Vilar Formoso, pela então fundada Companhia da Beira Alta (BA), sendo mais tarde completada a ligação à Figueira da Foz. Mais tarde em 1887, será inaugurado o comboio Sud Express entre Lisboa e Paris, da companhia de carruagens camas CIWL (tema a desenvolver em próximo artigo). A norte de Portugal é concluída a linha do Douro em 9 de dezembro de 1887, tendo as obras desta linha sido iniciadas por etapas em 1875. Para o sul do país os obstáculos para a construção do caminho de ferro foram maiores, havendo a falta de investidores interessados, mesmo com grandes apoios do estado, deixa nas mão deste a responsabilidade de levar o comboio ao Algarve. Assim em 1 de julho de 1889, 25 anos depois de ter chegado ao Norte, o comboio chega finalmente a Faro, contando com a presença da família real nesse evento. A área suburbana de Lisboa também começa a ter as suas linha de caminho de ferro, sendo inaugurada a Linha de Sintra, entre Alcântara - Terra e Sintra em 1886, assim como a Linha do Oeste até Torres Vedras, mais tarde prolongada ao centro da cidade de Lisboa através do famoso túnel da Avenida ou do Rossio, já em 1891. É também inaugurada a linha de cintura de Lisboa que liga esta linha suburbana à linha do norte em 1886. 
É inaugurada na sua primeira fase do ramal de Cascais, como foi designado no início, entre Pedrouços e Cascais (tema a desenvolver em próximo artigo), só mais tarde depois de várias fases como a construção do porto de Lisboa e a uniformização da zona ribeirinha do rio Tejo, chegou ao Cais do Sodré em 1895 e passa a designar-se como linha de Cascais. 
Em Portugal durante o final do século XIX e início de XX mais linhas são inauguradas quer norte quer a sul do país. São inauguradas igualmente linhas de bitola estreita e depois métrica de 1000 mm, primeiro nos arredores da cidade do Porto e mais tarde no Douro norte e sul. De referir que as vias de bitola estreita existentes nos arredores da cidade do Porto serão rebitoladas para via métrica em 1930. Também com o evoluir da rede ferroviária e as necessidades, os sistemas de sinalização e algumas regras vão sendo modificadas, desde os sistemas primitivos de cada companhia até aos uniformizados a partir dos inícios do século XX.
De norte a sul de Portugal, surgem com o caminho de ferro, à semelhança do que aconteceu em algumas partes do mundo, localidades que vieram a ser vilas e até cidades, como o Entroncamento ou o Pinhal Novo, entre outras localidades.  A partir de 1910 com a implantação da República em Portugal, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes, passa a designar-se Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses. Era um tempo em que trabalhar nos caminhos de ferro, era um privilégio. 
Para muitos foi a forma de sair dos meios rurais pobres em busca de uma vida melhor.
 

 

 
António Bernardo da Costa Cabral 1803 - 1889
(arq. priv.)
 
 
 
Rainha D. Maria II de Portugal 1818-1853
(col. Royal Colection, Londres)



Pormenor da cerimonia de inauguração do início dos trabalhos de construção da linha férrea em Portugal,
com a presença da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II em 7 de maio de 1853
por António Joaquim de Santa Bárbara (col. MNF)
 
 

                                                
Cerimonia de inauguração do início dos trabalhos do caminho de ferro em Portugal
                                                      pela rainha D. Maria II em 7 de maio de 1853 in The Illustrated London News
                                                                                                                (col. pess.)



Logotipo da Companhia Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal fundada em 10 de maio de 1853
(arq. priv.)




                                             
António Maria de Fontes Pereira de Melo 1819 - 1887 (arq. priv.)



                                                                      Rei D. Pedro V 1837 - 1861 (col. Palácio Nacional da Ajuda)



Engenheiros durante medições para execução das obras do caminho
em Portugal em 1856 (col. pess.)



                                                              Representação da inauguração do caminho de ferro em Portugal
                                                                e a bênção da primeira locomotiva em 28 de outubro de 1856
                                                                                                                (col. pess.)



Pavilhão no Cais dos Soldados em Santa Apolónia aquando da bênção da primeira locomotiva 
do caminho de ferro de Leste em 28 de outubro de 1856 (col. pess.)



                                                                                      
Primeiro bilhete da inauguração do troço
                                                                        de caminho de ferro em Portugal
                                                                            entre Lisboa Carregado em 1856
                                                                                                                  (col. MNF)



                                                   
Chegada do primeiro comboio a circular em Portugal à estação do Carregado
                                                   
em 28 de outubro de 1856 por António Joaquim de Santa Bárbara (col. MNF)



                                      
Pavilhão Real no Carregado da inauguração do caminho de ferro em 28 de outubro de 1856
                                                                                                              (col.pess.)


 
Medalha comemorativa da inauguração do Caminho de Ferro do Leste
em 28 de outubro de 1856 frente e verso
(arq. pess.)
 


Miguel Queriol, primeiro maquinista ferroviário e
 Chefe de Serviço de Tráfego
do Caminho de Ferro do Norte e Leste em 1854
(col. priv.)
 


                                          
                                                  Locomotiva a vapor da Companhia Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, 
                                                                             rebocando comboio em meados de 1856 (arq. priv.)




                                               Ponte de Xabregas no caminho de ferro do Leste em meados de 1857 (col.pess.)




Rara albumina com o primeiro Comboio Real Português nos primórdios do caminho de ferro em Portugal 
com carruagens salão inglesas da firma Williams (arq. priv.)




                      A antiga Fábrica de Tabacos de Xabregas em 1859, vendo-se o comboio no caminho de ferro do Leste
                                                                                                  (col. Museu de Lisboa)



Capa dos primeiros Estatutos da
Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes 
de 1860 (arq. priv.)





Ponte ferroviária de Sacavém sobre o rio Trancão em 1860 (col. pess.)



Locomotiva a vapor para comboios de passageiros denominada Coimbra, em meados de 1870 (arq. CP)
 
 

Acção da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes (col. pess.)



Estação de Lisboa Santa Apolónia vista do rio Tejo em meados de 1866 (col. priv.)
 
                        
                                       


Interior da estação de Lisboa Santa Apolónia em meados de 1870 (arq. priv.)
 


Estação de caminho de ferro de Coimbra em meados de 1870 foto de Arséne Hayes
 (col. Margarida Costa Alemão)



Locomotiva a vapor da CRP (Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses)
no depósito de locomotivas da estação de Lisboa Santa Apolónia em meados de 1890
(arq. priv.)



Lanterna de sinalização manual a óleo ou petróleo
da CRP (col. pess.)




Titulo de acção da Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo de 1856
 (col. priv.)



Complexo da estação de caminho de ferro do Barreiro inaugurada em 1861 (arq. pess.)
 


Uma das primeiras locomotivas a vapor denominada Badajoz, dos CFSS
na estação do Barreiro em meados do séc. XIX (arq. priv.)
 


Edifício da primeira estação ferroviária de Pinhal Novo, no final do séc. XIX (arq. priv.)
 
 

Lanterna de sinalização manual a petróleo
de uso geral utilizada na CFSS
 (col. priv.)



Comboio de passageiros da Companhia de Caminhos de Ferro do Sul e Sueste na ponte da Quarteira
 em meados do séc. XIX (arq. priv.)




Inauguração da ponte ferroviária D. Maria Pia sobre o rio Douro entre Vila Nova de Gaia e o Porto e
m 4 de novembro de 1877
 (col. priv.)
 

Comboio de passageiros na ponte D. Maria Pia no início do séc. XX (col. priv.)



Composição da linha do MD na Ponte do Ferreira no início da década de 1880, foto Emílio Biel
(col. pess.)



Estação de caminho de ferro de Ermida na linha  da MD em meados da década de 1880 (arq. priv.)




Locomotiva a vapor tipo Fairlie de bitola estreita da companhia de caminhos de ferro portuguesa
PPF (Porto Póvoa do Varzim e Fafe) de 1875 (arq. priv.)




Inauguração da linha de caminho de ferro de Madrid à fronteira de Portugal em 1881 (col. priv.)
 
  


Estação de caminho de ferro de Mangualde na linha da Beira Alta em 1882, foto Emílio Biel (arq. priv.)



Lanterna de sinalização manual
a óleo ou petróleo
da Companhia da Beira Alta
(col. priv.)




Composição primitiva do comboio Sud Express Lisboa - Paris em 1887 (arq. priv.)



Cartaz do comboio Sud Express Lisboa - Paris
de meados de 1890 (col. pess.)



Comboio Sud Express na ponte de Coimbra no início do séc. XX (col. priv.)
                    



Passagem do comboio na zona de Faro em finais do séc. XIX em postal ilustrado da época (col. pess.)




Estação de caminho de ferro de Torres Vedras em 1887 in revista O Occidente (col. pess.)

 
Estação de caminho de ferro de  Alcântara Terra em 1887 (col. pess.)
  

Estação de caminho de ferro de Sintra em 1890 (arq. priv.)
 


Estação de caminho de ferro de Cascais (vista pelo interior) em meados da década de 1890 (arq. CP)
 

Chegada do primeiro comboio à estação do Cais do Sodré em 1895 (arq. AML)
                                                     



Alusão às obras no túnel do Rossio em publicação de 1887 (col. priv.)



                       Fachada da estação de Lisboa Rossio num postal ilustrado do início do séc. XX (col. pess.)


 
Comboio de passageiros rebocado por locomotiva a vapor  partindo da estação de Lisboa Rossio em 1932
(arq. priv.)
 


Lanterna de chefe de estação para sinalização
manual a petróleo utilizada em toda a rede
dos caminhos de ferro portugueses
(col. MN)



Mapa dos caminhos de ferro em Portugal em 1895 (arq. BNP)
 
                                

                                      Reconstituição de ambiente de estação ferroviária em meados do séc. XIX
                                                          em capa de publicação Gazeta dos Caminhos de Ferro nº 1830
                                                                                     (arq. Biblioteca Municipal de Lisboa)




Chegada do primeiro comboio à estação de Vila Real de Trás os Montes em 12 de maio de 1906 (col. pess.)

 

Inauguração da estação de Montemor-o-Novo em 2 de setembro de 1909 (arq. priv.)
                         

 
Automotora a vapor Borsig da companhia de caminhos de ferro portuguesa Sul e Sueste
na travessia do rio Coina em direcção ao Seixal no início do séc. XX
(arq. priv.)



Estação ferroviária do Entroncamento em postal ilustrado do início do séc. XX (col. pess.)



Comboio de passageiros na linha do norte perto da estação de Pombal nas margens do rio Arunca
em postal ilustrado do início do séc. XX (col. pess.)



Lanterna de sinalização manual a petróleo
de uso geral utilizada em toda a rede
 dos caminhos de ferro portugueses
(col. pess.)

 

Funcionários dos caminhos de ferro portugueses na estação de Porto, São Bento
em meados dos anos 20 (arq. CP)
 




A tracção diesel em Portugal surge pela primeira vez em 1938, com a locomotiva Lydia, fabricada pela empresa alemã Deutz AG, de bitola métrica, na linha do Tua, pertencente à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro que explorava algumas linhas de bitola métrica. Esta locomotiva circulou na linha do Tua até 1947. É neste período dos anos 40, mais propriamente em 1945 que o governo português decide atribuir todas as concessões de linhas férreas (à excepção da linha de Cascais), à CP (Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses). Nesta década de 40 chegam a Portugal as primeiras carruagens em aço inox fornecidas pela empresa norte americana The Budd Company. O  moderno design destas carruagens, virá a revolucionar o design de algumas das carruagens de passageiros e automotoras que viriam a ser construídos em Portugal nas décadas seguintes. É também no início da década de 40 que em Portugal se faz uma experiência de aerodinamismo numa locomotiva a vapor Henschel & Sohn 503, mas sem resultados práticos. Também a sinalização e comando de agulhas de via será alvo de melhorias, em 1942, são instalados os primeiros sinais eléctricos luminosos e electromecânicos, em substituição dos antigos sistemas mecânicos de agulhas e sinais comandados à distância, nas estações de Lisboa Rossio, Campolide, Ermesinde, Campanhã, Pinhal Novo e bifurcação de Benfica Sete Rios. Será a partir de 40, mais propriamente a partir de 1948, que começa a circular o primeiro material motor diesel de linha, nomeadamente na linha do Norte. As primeiras locomotivas diesel-eléctricas RSC-2, construídas pela ALCO (American Locomotive Company) e com motores General Electric, da série 1500 (inicialmente série DE101-106), que vêm para Portugal ao abrigo do plano Marshall. Em 16 de setembro de 1948, já tinham chegado as primeiras 4 locomotivas e que passam a rebocar os comboios rápidos ente Lisboa e Porto, como o designado "Flecha de Prata" entre outros. Ao abrigo deste plano, foram adquiridas igualmente várias locomotivas e tractores de manobra diesel, (das marcas Drewry e General Electric) e ainda 24 automotoras, todas de origem sueca, fornecidas pelo fabricante Nohab, sendo 3 de bitola estreita, as restantes de bitola larga, 6 para as linhas do estado exploradas pela Companhia, e 15 para a rede da própria CP. Estas automotoras da série 0100 entraram ao serviço em 20 de março de 1948. Nesta encomenda que contemplou igualmente o fabrico de 12 atrelados de via larga para este material. Mais tarde, a primeira das 3 automotoras fornecidas pela Fiat, para o serviço do comboio rápido "Foguete", chega no dia 15 de janeiro de 1953, tendo se deslocado pelos seus próprios meios desde a fronteira espanhola até Portugal, as restantes chegam ainda durante o mesmo ano. Podiam atingir uma velocidade máxima de 120 km/h, numa recta. Os exteriores destes veículos apresentavam linhas elegantes, de forma a gerar uma sensação de leveza, enquanto que os interiores, de traços modernos, eram considerados bastante confortáveis, sendo insonorizados, dispunham igualmente, um equipamento de ar condicionado, que permitia tanto alterar a temperatura como a humidade no interior. A automotora completa dispunha de 174 assentos reclináveis, no centro do atrelado, existia um bufete, de reduzidas dimensões, com cozinha própria, onde se podiam preparar refeições quentes; estas eram servidas aos passageiros no próprio assento, através do uso de pequenas mesas portáteis. Devido à sua qualidade e rapidez, o serviço deste material no comboio "Foguete", Lisboa-Porto, tornou-se, desde logo, num nos ex-libris da Companhia. O parque de material ferroviário diesel em Portugal, virá a ser muito vasto e diversificado, desde locomotivas a automotoras de bitola métrica e larga (ou ibérica).

 

 

Locomotiva Lydia, primeira locomotiva diesel a circular em Portugal em 1938 na linha do Tua
da Companhia Nacional de Caminhos de Ferro (col. priv.)
 


Comboio "Flecha de Prata" com carruagens americanas Budd da companhia de caminhos de ferro portugueses CP à entrada de Campolide em 1941 (arq. priv.)



Locomotiva 503 a vapor da companhia de caminhos de ferro portugueses CP,
nos anos 40, numa experiência única de aerodinamismo (arq. priv.)
 
 
 
Duplo poste semafórico de sinalização luminosa eléctrica
à entrada da bifurcação de Benfica em 1942
 (arq. pess.)
 

Semáforo manobrado mecanicamente com aparelho de colocação de petardo sobre o carril
e semáforo luminoso eléctrico á entrada de Sete Rios em 1942
(arq. pess.)
 


Equipa da companhia de caminhos de ferro portugueses CP,
responsável pelas locomotivas diesel-eléctricas em Portugal
in capa de publicação Boletim da CP de 1948 (arq. pess.)



Comboio de passageiros dos caminhos de ferro portugueses CP, rebocado por locomotiva diesel-eléctrica ALCO
no apeadeiro de Entrecampos em meados de 1950, foto Mário Novais (col. Biblioteca de Arte da F.C.G.)


Cartaz da companhia de caminhos de ferro portugueses CP
de finais dos anos 40alusiva ao novo material diesel-eléctrico
(col. pess.)
 


Tractor diesel Drewry da companhia dos caminhos de ferro portugueses CFE (Caminhos de Ferro do Estado)
 em manobras em 1950 na estação de Campolide (arq. priv.)


Automotora diesel Nohab, da companhia dos caminhos de ferro portugueses CP, em meados dos anos 50,
foto Mário Novais (col. Biblioteca de Arte da F.C.G.)
 
 
Chegada do comboio Sud Express à estação de Lisboa Santa Apolónia rebocado por locomotiva diesel-eléctrica Whitcomb da companhia de caminhos de ferro portugueses CP em 196, foto Marc Dahlström (arq. priv.)
 
 

Automotora diesel FIAT do comboio "Foguete" da companhia de caminhos de ferro portugueses CP,
na estação de Campolide em 1953, foto Mário Novais (col. Biblioteca de Arte da F.C.G.)
 


Automotora diesel FIAT no serviço do comboio "Foguete" da companhia de caminhos de ferro portugueses CP,
 na travessia da ponte D. Maria Pia nos anos 50 (col. pess.)

 



Automotora diesel Allan da companhia de caminhos de ferro portugueses CP
na estação da Figueira da Foz em 1990 (arq. priv.)



Comboio de passageiros rebocado por locomotiva diesel English Electric da série 1400
da companhia de caminhos de ferro portugueses CP em 2012 (arq. priv.)

 

Comboio de mercadorias rebocado em tracção dupla por locomotivas diesel Bombardier da série 1960
 da companhia de caminhos de ferro portugueses CP em meados dos anos 90 (arq. priv.)

 

Automotora diesel Sorefame série renovada, da companhia de caminhos
 de ferro portugueses CP (Comboios de Portugal)
chegando à estação do Sabugo na linha do Oeste em 2016
(foto Paulo Nogueira)

 



Em Portugal a primeira linha de caminho de ferro a ser electrificada foi a linha de Lisboa a Cascais, depois do arrendamento feito por 50 anos à então Sociedade Estoril. Em 15 de agosto de 1926 é inaugurada a tracção eléctrica nesta linha, mas só em 22 de dezembro do mesmo ano, após resolver problemas relacionados com o Cabo Submarino, é terminada a electrificação da Linha de Cascais e os serviços regulares são retomados, tendo sido esta uma das primeiras linhas electrificadas da Península Ibérica. O sistema utilizado empregava corrente contínua, com uma tensão de 1,5 kV. O material circulante era composto por 18 automotoras com caixas em madeira, fabricadas na Bélgica pela firma Baume & Marpent (reboques intermédios e carruagens piloto), sendo equipadas com um cabina de condução construídas pela casa francesa Dyle & Bacalan, a parte eléctrica da firma AEG, estas automotoras eram destinadas a comboios rápidos e semi - rápidos. Fazia parte também deste novo material adquirido, duas locomotivas eléctricas da marca AEG, que podiam fazer de motores intermédios das composições e reboque das carruagens antigas ainda existentes na linha para comboios omnibus, assim como os serviços de mercadorias. Instalou-se, igualmente, um sistema de sinalização automático, automatizaram-se as passagens de nível, e montaram-se comunicações telefónicas, da Bell Telephone Company. Durante décadas seria a linha de caminho de ferro mais sofisticada e moderna a operar em Portugal. Mas é em 1956, mais propriamente no dia 16 de maio, que é colocado o primeiro poste de aço galvanizado de instalação da catenária para a 1ª fase de electrificação da rede de caminhos de ferro da CP, na linha de Sintra, é iniciada a electrificação da linha entre Lisboa e Carregado, linha de cintura de Lisboa e Sintra, 100 anos após a inauguração do caminho de ferro em Portugal entre Lisboa e o Carregado. Nas comemorações do Centenário do caminho de ferro em Portugal, é realizado um desfile com todo o material que existia à época, desde o mais antigo até ao mais recente, o então moderno material circulante eléctrico da CP. Assim no dia 28 de abril de 1957 entram ao serviço as primeiras automotoras eléctricas na linha de Lisboa-Rossio a Sintra. O sistema de electrificação adoptado seria de corrente alternada 25 kV 50 Hz. Era constituído por 15 locomotivas da série 2500 , 25 automotoras eléctricas em aço inox, da série 2000 para suburbanos fabricadas pela firma Sorefame (Sociedades Reunídas de Fabricações Metálicas Ltd), sob licença da Groumpment d'Étude et d'Electrification de Chemins de Fer en Monofasé 50 Hz. O apetrechamento e montagem de 2 estações de transformação, das catenárias e da sinalização eléctrica, também a cargo do Groumpment d'Étude et d'Electrification de Chemins de Fer en Monofasé 50 Hz, e o apetrechamento e instalação dos equipamentos de telecomunicações da firma sueca Ericsson. O resto da rede ferroviária seria electrificado mais tarde até ao Porto já em 1966. Nesta altura a elétricidade, o diesel e o vapor, coexistiram, acabando o vapor em algumas linhas de bitola ibérica ou via larga, a partir de 1977. Mantendo-se a tracção a vapor em algumas linhas de bitola métrica até meados dos anos 80. Com o 25 de abril d 1974, assiste-se à nacionalização de grande parte das empresas portuguesas - a CP não foi excepção. Os anos 80 trazem uma fase de declínio, com o encerramento de muitos troços de linha, devido aos grandes défices de exploração da CP bem como à ascensão do transporte rodoviário, cada vez mais acessível a uma população com um poder de compra crescente. Estações encerradas e linhas desactivadas tornam-se um cenário comum em várias zonas do país, e nem a entrada de Portugal na Comunidade Europeia consegue mudar esta situação, visto que as verbas atribuídas pela então CEE (Comunidade Económica Europeia) são aplicadas principalmente no desenvolvimento rodoviário. Na última década do século XX foi realizado algum investimento na melhoria das linhas com mais movimento, tais como a ponte de São João entre o Porto e Vila nova de Gaia em substituição da centenária ponte D. Maria Pia, a construção em Lisboa da Gare do Oriente para dar apoio à Expo 98, a ligação ferroviária entre Lisboa e a margem sul do rio Tejo pela ponte Salazar ou 25 de Abril e a possível introdução do comboio de alta velocidade.




 

Notícia alusiva à inauguração  dos comboios electricos da Linha de Cascais em 7 de agosto de 1926 
com toda a comitiva na estação do Estoril (arq. priv.)



Automotora eléctrica da SE de 1ª e 2ª classes fabricada pela firma Baume & Marpent equipadas com
 cabine de condução construídas pela Dyle & Bacalan e parte eléctrica AEG (arq. priv.)



Locomotiva eléctrica furgão nº 1 mais  tarde a L303 da SE para a Linha de Cascais 
fabricada pela firma AEG  no seu estado de origem com dois pantógrafos
(arq. pess.)



Locomotiva  elétrica furgão nº 2 mais tarde L303 da SE fabricada pela AEG para a Linha de Cascais, 
após alterações para um pantógrafo (arq. priv.)




Alusão aos 100 anos dos caminhos de ferro em Portugal em ilustração publicada em 1956
(col. pess.)



Chegada do primeiro comboio de tracção eléctrica à estação de Sintra da companhia de caminhos de ferro portugueses CP, em 28 de abril de 1957 (arq. pess.)



Publicidade da firma Sorefame de 1958,
 alusiva à electrificação da linha de Sintra
 (col. priv.)



Chegada da primeira composição automotora eléctrica a Sintra da companhia de caminhos
de ferro portugueses CP, em 1957, foto Horácio Novais (col. Biblioteca de Arte da F.C.G.)
   


Aspecto das catenárias e composição eléctrica da linha de Sintra da companhia de caminhos de
ferro portugueses CP em Campolide, meados de  1957, foto Mário Novais
 (col. Biblioteca de Arte da F.C.G.)
 


Comboio rápido Lisboa-Porto rebocado por uma locomotiva eléctrica da companhia de caminhos de ferro portugueses CP na estação de Lisboa Santa Apolónia em finais de dos anos 50 (arq. priv.)




                                     A tracção a vapor, o diesel e a electricidade a par na estação da Pampilhosa, em 1964
                                                                                                  (foto Goff Plumb)

 

Vapor a par com  o diesel nos caminhos de ferro em Portugal no início da década de 70 na estação da Régua
                                                                                               (foto Geoff Plumb)

  

Comboio de mercadorias rebocado por locomotiva a vapor de bitola larga
da companhia de caminhos de ferro portugueses CP
na Estação de Valença, em 1970 (arq. priv.)
 

 
Comboio de passageiros rebocado por locomotiva a vapor de via métrica da companhia de caminhos de ferro portugueses CP na Póvoa de Varzim em 1971 (arq. priv.)


                                                     Comboio misto de passageiros e mercadorias rebocado por locomotiva a vapor
                                                                                   sistema Malett de via métrica na linha do Corgo,
                                                                                          inícios dos anos 70 (arq. Ricardo Teixeira)

  

                                                Comboio misto de mercadorias e passageiros rebocado por locomotiva diesel GE
                                                                        da companhia de caminhos de ferro portugueses CP
                                                                                   na estação do Montijo em 1972 (arq. priv.)



                                                                   Fecho e abandono de linhas de caminho de ferro em Portugal
                                                                                  a partir da década de 80 (foto Daniel Conde)

 


                                                     Estação de Barca d'Alva em 2009 na linha do Douro desactivada em 1988
                                                                                                      (foto de António Pires)


 

Lanternas de sinalização manual eléctricas adoptadas
a partir dos anos 70 e 80 do séc. XX em praticamente
toda a rede ferroviária portuguesa
(arq. priv.)
 
 

                                                        Comboio Sud Express da companhia de caminhos de ferro portugueses
                                                                             CP (Comboio de Portugal), na Beira Alta em 2010
                                                                                                        (foto de Carlos Pinto)
 
                         

Ponte ferroviária São João sobre o rio Douro, ligando Vila Nova de Gaia ao Porto,
inaugurada em 24 de junho de 1991 (arq. priv.)


Plataforma ferroviária da Gare do Oriente em Lisboa  (arq. priv.)


Comboio Sud Express da companhia dos  caminhos de ferro portugueses
 CP (Comboios de Portugal)na gare do Oriente em 2000 (arq. priv.)
 

Vista geral da ponte 25 de abril com a travessia do caminho de ferro entre as duas margens do rio Tejo
(arq. priv.)



Automotora eléctrica de comboio suburbano da FERTAGUS na estação de Corroios em 2010
 (foto José Fiaes)


Comboio automotora suburbano da FERTAGUS no interior da ponte 25 de abril  (arq. priv.)



Comboios de alta velocidade espanhóis AVE, em projecto entre Portugal e Espanha (arq. priv.)





A necessidade de construção de infraestruturas de forma a criar interoperabilidade de uma rede de alta velocidade em Portugal com o resto da Europa foi anunciada no Projecto Nacional de Alta Velocidade, apresentado em 2005. Este projecto é um complemento da Rede Transeuropeia de Transporte Ferroviário. Nele está prevista a integração do caminho-de-ferro português na Rede Transeuropeia, a estruturação da Frente Atlântica de forma a aumentar as relações com os mercados extra comunitários da América e África, a integração nas modernas redes de cidades ao nível da Europa, o desenvolvimento regional nas fases de construção e exploração assim como o favorecimento da intermodalidade. A futura Rede de Alta Velocidade nacional irá ligar os principais centros de mobilidade de pessoas e bens da Península Ibérica, será toda feita em bitola europeia e será formada por um Corredor Litoral (entre a Galiza e Lisboa) que se liga às demais ligações: uma a Norte, em direcção a Salamanca - Bordéus, e outra a Sul, em direcção a Évora, Elvas/Badajoz - Madrid - Barcelona - Marselha, sendo ainda esperada a ligação, a partir de Évora em direcção a Faro/Huelva. Em Portugal apesar das discussões sobre a introdução da Alta Velocidade optou-se por comboio de velocidade elevada, o designado Alfa Pendular, a série 4000 da CP, que é uma derivação muito próxima da de Giugiaro, com design do Pendolino ETR 460 da Fiat. Os seus motores de tracção têm uma potência de 4,0 MW, atingindo uma velocidade média de 220 km/h, com a sua tecnologia pendular permite-lhe fazer curvas a velocidades mais elevadas que os comboios convencionais. Também a CP sofreu profundas alterações nos últimos anos, tendo sido separada em duas empresas, em 1993 a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário SA) para a manutenção e reabilitação de material ferroviário circulante e em 1997 a REFER (Rede Ferroviária Nacional, EP) para construir e gerir toda a rede ferroviária em Portugal, actualmente e desde 2015 designada Infraestruturas de Portugal, SA., ficando a CP, actualmente designada de Comboios de Portugal, EPE, para a exploração dos comboios. Neste âmbito, surge ainda o Instituto Nacional do Transporte Ferroviário, como entidade reguladora do sector. Neste novo contexto económico e legal, a CP desenvolve uma profunda adaptação ao mercado. Organiza-se em torno de diversas unidades de negócio, a fim de satisfazer as necessidades dos diferentes segmentos do mercado. A estrutura actual da empresa organiza-se nas seguintes unidades de negócio: transporte de mercadorias (CP Carga), serviços urbanos (CP Lisboa e CP Porto) e serviços de longo curso (CP Longo Curso e CP Regional), unidade de gestão de frota e alta velocidade. Temos na actualidade, passados que são 160 anos sobre a sua inauguração, um caminho de ferro com padrões de modernização em todos os aspectos é certo, mas privado, deixando este património de pertencer ao estado português. Que futuro haverá e é esperado para o caminho de ferro em Portugal..?





Projecto de comboio de alta velocidade para Portugal (arq. priv.)

 

Comboios de alta velocidade espanhóis AVE Classe 103 e o  Avant Classe 104 da companhia de
caminhos de ferro espanhóis RENFE (Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles),
na estação de Maria Zambrano em Malaga na actualidade (arq. priv.)

 

Mapa de acordo ibérico de ligações internacionais em alta velocidade e a rede convencional (arq. priv)
  



Comboio de média velocidade Alfa Pendular da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) em Alcácer do Sal em 2009 (foto Nuno Mourão)


Comboio de média velocidade Alfa Pendular da companhia  de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) em 2013 (foto Rui Miguel)


Comboio de média velocidade Alfa Pendular da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) na estação da Porto Campanhã em 2012
(foto Nelson M. Silva)

 

Vista aérea do grupo oficinal da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário SA)
 em Guifões na actualidade (arq. priv.)


Interior de oficina de manutenção de locomotivas da EMEF na actualidade (arq. priv.)




Moderna automotora eléctrica para comboios suburbanos da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) da região norte em 2009 (arq. priv.)

 

Comboio intercidades rebocado por locomotiva eléctrica da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) em Contumil, em 2012 (arq. priv.)

 

Composição de automotora eléctrica da linha de Cascais da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) na estação do Estoril na actualidade (arq. priv.)



Moderna automotora eléctrica para comboios suburbanos da companhia de caminhos de ferro portugueses
CP (Comboios de Portugal) em Campolide na actualidade (arq. priv.)

 

Comboio de mercadorias rebocado por moderna locomotiva eléctrica da companhia de caminhos
 de ferro portugueses CP (Comboios de Portugal) na actualidade (arq. priv.)


 

Veiculo de conservação de catenárias VCC 100 da REFER na linha de Leixões em 2015
(foto Gil Ismael Monteiro)
 
 
Comboios suburbanos na estação interface da REFER em Entrecampos na actualidade
(foto António M. L. Cabral)
 
 
Moderna sala de controlo ferroviário de Braço de Prata, Lisboa (arq. priv.)



Moderna sinalização ferroviária na linha do norte, no Setil (arq. priv.)


        
                                        





É instituída em 17 de fevereiro de 2005, a Fundação do Museu Nacional Ferroviário Ginestal (FMNF), que desde então tem feito um trabalho importante e de grande mérito, no que respeita ao estudo, conservação, valorização e preservação  do património histórico, cultural e tecnológico ferroviário português, e como fim especifico, a instalação e gestão do Museu Nacional Ferroviário (MNF) e dos respectivos núcleos museológicos. Dispondo do seu espaço museológico polinucleado. São apresentados em diversos núcleos museológicos ao publico, colecções sobre locomotivas a vapor e outros tipos de tracção, modelos representativos de comboios famosos, carruagens de vários tipos, bem como de equipamentos, utensílios, vestuário, entre outros elementos que ilustram e ajudam a compreender a história ferroviária.




Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento (arq. MNF)
 
 
Rotunda de exposição das locomotivas do Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento (arq. MNF.)
 

Comboio real português exposto no Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento (arq. MNF)
 

Rotunda de exposição das locomotivas do Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento
(arq. priv.)










 
 
 
Texto:
Paulo Nogueira
 
 
Fontes e bibliografia:
ABRAGÃO, Frederico de Quadros, Caminhos de Ferro Portugueses Esboço da Sua História, Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Edição do Centenário 1956, Lisboa
GAIO, Eduardo Frutuoso, Apontamentos da História dos Caminhos de Ferro em Portugal, Edição Jornal de Sintra, Sintra, 1957
MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996 Caminhos de Ferro Portugueses
Publicação on line Combois de Portugal, EPE
NORTON, José, O Milionário de Lisboa, 2ª edição, Livros D'Hoje, Publicações Dom Quixote Lda, Alfragide, 2009
Publicação on line OS CAMINHOS DE FERRO Retratos e Relatos do Portugal Ferroviário
Aconselhamento e orientação do Dr Luís Lopes Santos



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