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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ABRIGOS PRIMITIVOS EM PORTUGAL

 


1 – Serra da Peneda Abrigo debaixo de rocha

1 – Serra da Peneda Abrigo debaixo de rocha

2 – Serra da Peneda Abrigo debaixo de rocha

2 – Serra da Peneda Abrigo debaixo de rocha

3 – Serra da Amarela Abrigo debaixo de rocha

3 – Serra da Amarela Abrigo debaixo de rocha

4 - Serra do Gerês Forno da branda de Chão de Lamas

4 - Serra do Gerês Forno da branda de Chão de Lamas

5 - Ferreinm, Sernaneelhe, Mangualde Construção entre dois rochedos

5 - Ferreinm, Sernaneelhe, Mangualde Construção entre dois rochedos

6 – Vila Cova de Tavares, Mangualde Curral palheiro

6 – Vila Cova de Tavares, Mangualde Curral palheiro

7 – Monsanto da Beira Construção sob um rochedo

7 – Monsanto da Beira Construção sob um rochedo

8 – Serra do Soajo Abrigo cavado na rocha

8 – Serra do Soajo Abrigo cavado na rocha

9 – Sistelo, Arcos de Valdevez Abrigo cavado na rocha

9 – Sistelo, Arcos de Valdevez Abrigo cavado na rocha

10 – Borba da Montanha, Fafe Abrigo cavado na rocha

10 – Borba da Montanha, Fafe Abrigo cavado na rocha

11 – Sendim, Miranda do Douro Abrigo de pedra

11 – Sendim, Miranda do Douro Abrigo de pedra

12 – Almeida, Castelo Mendo Abrigo de pedra

12 – Almeida, Castelo Mendo Abrigo de pedra

13 – Aldeia Nova, Trancoso Abrigo de pedra

13 – Aldeia Nova, Trancoso Abrigo de pedra

14 – Lebução, Chaves Abrigo de pedra

14 – Lebução, Chaves Abrigo de pedra

15 – Jorjais de Perafita, Alijó Abrigo de pedra Lajes de 1,50 a 2,50 m de comprimento e cerca de 1 m de largura

15 – Jorjais de Perafita, Alijó Abrigo de pedra Lajes de 1,50 a 2,50 m de comprimento e cerca de 1 m de largura

16 – Freixo de Espada à Cinta Abrigo de pedra

16 – Freixo de Espada à Cinta Abrigo de pedra

17 – Figueira de Castelo Rodrigo Abrigo de pedra

17 – Figueira de Castelo Rodrigo Abrigo de pedra

18 – Moimenta de Beira Abrigo de pedra

18 – Moimenta de Beira Abrigo de pedra

19 - Serra do Soajo Abrigo de pedra

19 - Serra do Soajo Abrigo de pedra

20 - Serra da Amarela Forno da branda do Vidoal

20 - Serra da Amarela Forno da branda do Vidoal

21 – Serra da Amarela Forno da branda do Vidoal Notar a laje que faz a sua cobertura

21 – Serra da Amarela Forno da branda do Vidoal Notar a laje que faz a sua cobertura

22 – Serra da Amarela Penedo com covinhas onde deitam a comida para os cães em frente ao forno da branda do Vidoal

22 – Serra da Amarela Penedo com covinhas onde deitam a comida para os cães em frente ao forno da branda do Vidoal

23 – Serra da Amarela Casarota

23 – Serra da Amarela Casarota

24 – Serra da Amarela Casarota

24 – Serra da Amarela Casarota

25 – Serra da Amarela Casarota

25 – Serra da Amarela Casarota

26 – Serra da Amarela Casarota

26 – Serra da Amarela Casarota

27 – Cheleiros, Mafra Abrigo em muro

27 – Cheleiros, Mafra Abrigo em muro

28 – S. João dos Caldeireiros Mértola Malhão de xisto. Ao fundo um curveiro

28 – S. João dos Caldeireiros Mértola Malhão de xisto. Ao fundo um curveiro

29 – S. João dos Caldeireiros Mértola Malhão com estevas formando pala

29 – S. João dos Caldeireiros Mértola Malhão com estevas formando pala

30 – Almodóvar Malhão com nichos abertos na parede

30 – Almodóvar Malhão com nichos abertos na parede

31 – Sintra Malhão encurvado

31 – Sintra Malhão encurvado

32 – Terrugem, Sintra Abrigo de pedra

32 – Terrugem, Sintra Abrigo de pedra

33 – Serra da Estrela Malhão

33 – Serra da Estrela Malhão

34 – Serra da Estrela Malhão encurvado

34 – Serra da Estrela Malhão encurvado

35 – Serra de Aire Malhão encurvado

35 – Serra de Aire Malhão encurvado

36 – Almeida Malhão encurvado

36 – Almeida Malhão encurvado

37 – Miranda do Douro Abrigo de pedra e cobertura de ramagens

37 – Miranda do Douro Abrigo de pedra e cobertura de ramagens

38 – Sátão Abrigo de pedra e cobertura de materiais vegetais

38 – Sátão Abrigo de pedra e cobertura de materiais vegetais

39 – Serra do Gerês Forno da branda da Calcedónia

39 – Serra do Gerês Forno da branda da Calcedónia

17Segundo Jorge Dias, as casarotas da Amarela seriam as casas de uma branda de tempos antigos em que cada dono acompanhava apenas o seu rebanho às pastagens altas da serra, onde tinha o seu abrigo; tendo se posteriormente descoberto uma maneira mais cómoda de realizar esse tra balho, mediante uma organização colectiva em que dois pastores, substi tuídos diàriamente por outros dois, à vez por todos os vizinhos, só precisam de passar uma noite na serra, para o que lhes basta uma cabana em cada lugar de pernoita, as casarotas ter se iam abandonado, e paulatinamente arruinado. 

Des. 1 – Abrigos de materiais vegetais fixos: a) S. Pedro da Cadeira, Torres Vedras. Canas recobertas por palha de fava. b) Santiago de Cacém. Esqueleto dum abrigo,
c) S. Pedro da Cadeira, Torres Vedras. Canas dispostas em duas águas.

Des. 1 – Abrigos de materiais vegetais fixos: a) S. Pedro da Cadeira, Torres Vedras. Canas recobertas por palha de fava. b) Santiago de Cacém. Esqueleto dum abrigo,c) S. Pedro da Cadeira, Torres Vedras. Canas dispostas em duas águas.

36De todos estes géneros aparecem exemplos dispersos em muitas partes, e por vezes outros que se podem considerar como suas variantes. Entre Espinho e Ovar, ao Sul do Douro, por exemplo, vêem se abrigos deste tipo, de planta quadrangular, de duas águas, com aspecto e estrutura – de caibros e ripas – semelhantes aos das cabanas de palha milha a que adiante nos referiremos, e revestidos com essa mesma palha ou, mais frequentemente, com a palha caniça que vão buscar aos alagadiços da beira mar ou da Ria de Aveiro, que dura mais tempo e dá melhor cobertura ; por vezes o seu cume é vedado com colmo. Na Beira Alta (onde aliás abundam diversas outras espécies de construções em materiais vegetais), por sua vez, encontra mos também com bastante frequência – por exemplo nos concelhos de Viseu, Mangualde, Castendo, Fornos de Algodres, Celorico, Gouveia, etc., e também de Aguiar e Sernancelhe a Moimenta e Tabuaço –, abrigos deste tipo, com certo predomínio dos de duas águas e planta rectangular; numa área limitada da região de Sátão, no Avelal, predominam, pelo contrário, os abrigos cónicos (que se assemelham a outros móveis, muito correntes também nesta Província, e que adiante estudaremos), de feitura cuidada, e para guarda de campos: dispostas em círculo, espetam se no chão umas oito varas, de pinheiro ou carvalho, fixas no alto, em entalhes abertos num pião de pau (para o que as pontas das varas são adelgaçadas e facejadas) travadas por três ou quatro paus pequenos pregados a elas, muito no alto, e dispostas diametralmente; à volta deste cone pregam se arcos de varas finas, geralmente em número de cinco; o colmo é passado em feixinhos sobre estes arcos, atados com vencilhos de palha; em cima, o remate é, como nas medas, feito com o enrolamento de um cordão de palha; a entrada ocupa a largura entre duas varas, e tem 50 a 70 cm de altura (fig. 41).


37

Des. 2 – Reguengo. Cartaxo. Planta esquemática duma barroca de cul tivador de meloais.

Des. 2 – Reguengo. Cartaxo. Planta esquemática duma barroca de cul tivador de meloais.

41Na região compreendida entre Torres Vedras e o mar, onde abunda a cana, que é utilizada para inúmeros fins, são frequentes os abrigos feitos nesse material, mormente nas vinhas; umas vezes, esses abrigos são de planta quadrangular, ora de duas águas (fig. 50 e des. 1 c), ora com uma cobertura horizontal igualmente de canas; outras vezes, eles são de planta circular, constituídos por um cone de canas que se encostam simplesmente a qualquer árvore; etc.

42Num caso excepcional, em Gião, no concelho de Loures, perto de Lisboa, para guarda de campos, vimos um abrigo também de planta quadrangular e de duas águas; mas, em lugar do cume, tem duas varas paralelas, afastadas cerca de 50 cm: os prumos, de pinho, enterram se no solo, atrás e à frente, com a entrada enquadrada entre dois deles; sobre eles correm, de cada lado, as duas varas do cume, das quais se lançam, até ao solo, os caibros inclinados; a cobertura dos lados e das empenas é em palha, presa entre vários pares de varas horizontais amarradas umas às outras e recobertas com ramagens de pinheiro e mato (fig. 49).

Des. 3 – Águas de Moura, Setúbal. Abrigo do guarda das pilhas de cortiça, feito de pranchas desse material.

Des. 3 – Águas de Moura, Setúbal. Abrigo do guarda das pilhas de cortiça, feito de pranchas desse material.

43Em certas regiões de sobreiros, vêem se por vezes pequenos abrigos de guarda das pilhas da cortiça já apanhada, feitas de pranchas desse material; num exemplo perto de Águas de Moura (Setúbal), essas pranchas, muito grandes, dispunham se – a partir de uma vara fazendo de cume, passada entre um sobreiro e um prumo baixo à frente – em duas águas, encostadas umas às outras com o lado côncavo para fora, e outras com o convexo, recobrindo as juntas; o cume era tapado também por pranchas idênticas com o lado côncavo para baixo, sobre a junta das duas águas; pedaços pequenos de cortiça empilhados uns sobre os outros faziam a vedação nas empenas, atrás e à frente; e aqui ficava, a um lado, a porta feita de outra prancha mais ou menos direita, que girava em dobradiças fixas ao prumo central do cume (des. 3).


Des. 4 Vila Boa, Belmonte. Aspecto geral dum abrigo móvel de pastor e esquema da sua estrutura. A esteira é quadrada, com 1,70 m de lado.

Des. 4 Vila Boa, Belmonte. Aspecto geral dum abrigo móvel de pastor e esquema da sua estrutura. A esteira é quadrada, com 1,70 m de lado.

52Em Trás os Montes, o tipo fundamental das cabanas de pastores, onde estas existem (porque em muitas partes em vez delas usa se o abrigo sobre carros) é de uma só esteira plana, apoiada numa ou, mais raramente, em duas estacas oblíquas. Em Terras de Miranda vimos resguardos laterais em molhos de giesta amontoada, ou (por exemplo em Duas Igrejas e Genísio) em grade de ripas quadrangular revestida de palha. 

Des. 5 – Caria, Belmonte. Neste exemplar, a esteira foi alongada pelo comprimento da palha. Anteparos triangular e em absidíolo. Este último tem como esqueleto uma forca de três galhos, com vergas grossas servindo de ripagem, amarradas com vergas delgadas, a) Pormenores do esqueleto do absidíolo, e disposição dos feixes de palha, b) Processo de enlaçamento dos feixes, com verga delgada. c) Remate frontal do absidíolo.

Des. 5 – Caria, Belmonte. Neste exemplar, a esteira foi alongada pelo comprimento da palha. Anteparos triangular e em absidíolo. Este último tem como esqueleto uma forca de três galhos, com vergas grossas servindo de ripagem, amarradas com vergas delgadas, a) Pormenores do esqueleto do absidíolo, e disposição dos feixes de palha, b) Processo de enlaçamento dos feixes, com verga delgada. c) Remate frontal do absidíolo.

53Nos arredores de Castelo Branco, enfim, as cabanas de duas esteiras (de giesta), com anteparo em absidíolo num dos lados, têm mais uma esteira – o guarda-vento – que prolonga uma das águas cavalgando a ligei ramente e orientada conforme o quadrante do vento, apoiada à frente numa estaca oblíqua, formando uma espécie de vestíbulo de uma só água abri gando a entrada. Estas cabanas, bastante espaçosas, compõem se assim de três partes: o absidíolo, a cabana pròpriamente dita (de duas águas), e o guarda vento, à frente (figs. 72 e 74). Elas são aqui sempre montadas de modo a ficarem orientadas no sentido Poente Nascente, com a entrada para este lado (51).


54As esteiras são por toda a parte fundamentalmente idênticas: duas travessas laterais, com ripas fixas a elas e a ligá las – os banzos (Cabeço de Vide) – formando uma espécie de grade sobre a qual assenta a palha ou outro material de cobertura 

Des. 6 – Figueira de Castelo Rodrigo. Abrigo móvel de pastor. A esteira é muito encur vada, e a palha, espalhada, é apertada por varas que amarram para as ripas. Os anteparos triangulares, e a esteira que se encosta na frente, não têm qualquer caixilho; a palha é apenas apertada entre varas.

Des. 6 – Figueira de Castelo Rodrigo. Abrigo móvel de pastor. A esteira é muito encur vada, e a palha, espalhada, é apertada por varas que amarram para as ripas. Os anteparos triangulares, e a esteira que se encosta na frente, não têm qualquer caixilho; a palha é apenas apertada entre varas.

55A fixação dos materiais da cobertura à grade faz se por vários processos, que por vezes correspondem a certas áreas geográficas. Na forma normal e mais corrente, a palha é simplesmente espalhada às fiadas, a direito, sobre a grade, e apertada contra ela, pelo lado exterior, por varas pousadas na altura das ripas, e presas a elas por fios ou arames. Noutros sítios, como por exemplo Sernancelhe, a palha é aplicada, com o couce para baixo, em feixes seguidos que vão sendo enlaçados sucessivamente por um cordel grosso contra a ripa da grade (des. 7 a). 

Des. 7 – Sernancelhe. Três tipos de prisão da palha nas esteiras, observados em Penso e Vila da Ponte. O tipo c é uma combinação dos dois primeiros.

Des. 7 – Sernancelhe. Três tipos de prisão da palha nas esteiras, observados em Penso e Vila da Ponte. O tipo c é uma combinação dos dois primeiros.

Des. 8 – Serpa. a) Grade de esteira. b ) Esquema da prisão das manadas de palha, cosidas para as ripas.

Des. 8 – Serpa. a) Grade de esteira. b ) Esquema da prisão das manadas de palha, cosidas para as ripas.

56Os anteparos laterais, quadrangulares, são fundamentalmente idênticos às esteiras, no que se refere ao sistema de construção. Em Terras de Miranda, nas cancelas do cerro, o espaço entre as travessas é frequentemente fechado por um teçume de varedo entretecido (as va ras mais delgadas inteiriças, as mais grossas rachadas a meio) (fig. 75), como melhor protecção do gado contra o frio e a raposa (53); os anteparos laterais do abrigo do pastor são também, por vezes, nesse mesmo teçume. 

Des. 9 – Escalhão. Figueira de Castelo Rodrigo. Anteparo triangular dum abrigo móvel de pastor.

Des. 9 – Escalhão. Figueira de Castelo Rodrigo. Anteparo triangular dum abrigo móvel de pastor.

Choços


57Um segundo tipo de abrigo móvel também inteiramente em materiais vegetais, é o casoto de palha assente numa armação de varas, de estrutura cónica ou semi cónica, a que daremos o nome genérico de choço (54), mas que mostra, do mesmo modo que as cabanas de esteiras, certas variações regionais.


Des. 10 – Avelai, Sátão. Choço de pastor. a) Aspecto geral. b) Pião de madeira, do vértice do cone, ao qual pregam as varas. c ) Processo de amarração da palha às ripas.

Des. 10 – Avelai, Sátão. Choço de pastor. a) Aspecto geral. b) Pião de madeira, do vértice do cone, ao qual pregam as varas. c ) Processo de amarração da palha às ripas.

Des. 11 – Pinhanço, Gouveia. Cibana de pastor. a) Aspecto geral. b ) Maneira de enlaçar as manadas de colmo, c) Esqueleto da cibana, podendo ver se, no alto, duas varas hori zontais, que apoiam nos ombros da pessoa, quando do seu transporte.

Des. 11 – Pinhanço, Gouveia. Cibana de pastor. a) Aspecto geral. b ) Maneira de enlaçar as manadas de colmo, c) Esqueleto da cibana, podendo ver se, no alto, duas varas hori zontais, que apoiam nos ombros da pessoa, quando do seu transporte.

Choços semi-cónicos (57)


59Noutras regiões, na Beira Baixa, em Penamacor, Proença a Velha, Castelo Branco, etc., e também no Alentejo, por exemplo em Castro Verde, Vimieiro, Mora, etc. (58), o choço, em vez da forma cónica e planta circular, é semi cónico e de planta semi circular. A sua armação, neste caso, tem como peça mestra um galho bifurcado ou um forte pau arqueado, que ficam à frente fazendo a entrada do choço, e a partir do qual seguem, para trás, mais pernas encurvadas, às quais se pregam, como nos choços cónicos, varas horizontais em semi círculo, a alturas diferentes. Por vezes, sempre que possível, um galho polifurcado substitui o conjunto do pau ou galho da frente com as pernas encurvadas (figs. 80, 81 e 82). Em Castro Verde, vimos um destes choços com a palha presa exteriormente por varas curvas horizontais ligadas entre si por cordas ou fios cruzados em X; e em Castelo Branco, por cima da palha, põe-se por vezes uma cobertura de giesta ou varedo rachado.

60

Des. 12 – Reguengos de Monsaraz. Abrigo móvel.

Des. 12 – Reguengos de Monsaraz. Abrigo móvel.

61Estes choços, cónicos ou semi cónicos, aparecem, em muitos casos, de dimensões diminutas, servindo como casota de cão ou galinheiros, e por vezes ao lado dos abrigos de esteiras.


Des. 13 – Alpalhão, Nisa, Socho móvel de pastor, na sua forma mais perfeita, a) Aspecto geral e corte pelo plano transversal mediano. b) Estrutura do tejadilho; a palha é esten dida em dois sentidos e amarrada pelo processo normal. c) Estrutura do esqueleto dum absidíolo, na sua forma tipo. Na realidade vêem se geralmente varas suplementares (tracejadas) que se colocam quando conveniente.

Des. 13 – Alpalhão, Nisa, Socho móvel de pastor, na sua forma mais perfeita, a) Aspecto geral e corte pelo plano transversal mediano. b) Estrutura do tejadilho; a palha é esten dida em dois sentidos e amarrada pelo processo normal. c) Estrutura do esqueleto dum absidíolo, na sua forma tipo. Na realidade vêem se geralmente varas suplementares (tracejadas) que se colocam quando conveniente.

64Para o sul desta área, este tipo apresenta uma forma mais simples: no concelho de Fronteira, as duas esteiras – as cancelas – encostam em cima, não existindo o tejadilho, e usam apenas um choço num topo, sendo o outro vedado por um simples anteparo triangular; e o mesmo sucede em S. Miguel de Machede, entre Évora e Redondo.

65

Des. 14 – Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova. Planta e corte esquemático dum choço móvel de pastor.

Des. 14 – Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova. Planta e corte esquemático dum choço móvel de pastor.

66Como no caso geral dos choços semi cónicos, preferem para a sua construção uma pernada de árvore com três patas, pregando lhe algumas suplementares nos intervalos (des. 15 a); quatro ou cinco varas constituem o ripado. As esteiras são formadas por duas pernas e quatro travessas ou tábuas. As pernas são feitas dum pau um pouco encurvado, esquadrejado grosseiramente e serrado a meio a todo o comprimento; as tábuas espigam em furas abertas nessas pernas (des. 15 c). Sobre esta grade assenta o reves timento do abrigo, composto duma primeira camada de giesta, uma inter média de colmo, e uma última novamente de giesta. Varas (nos choços semi cónicos) e tábuas (nas esteiras) exteriores, amarradas com arames, nas pontas e a meio às varas e tábuas inferiores, apertam e firmam esse reves timento (des. 14 b). Nas juntas entre as diferentes peças colocam molhos de palha para melhor vedação. A base do abrigo é protegida por ramagens calcadas com pedras. Junto ao cume vê se ainda, em alguns casos, uma fiada de pedras ladeiras que encostam à última travessa e ajudam a firmar o revestimento. Não há qualquer divisória interior; a rama – não raro ape nas palha espalhada no solo – é geralmente instalada no fundo do abrigo; a meio fazem o fogo; à volta amontoa se o parco mobiliário e utensilagem (fig. 86). O chão é por vezes lajeado, sobretudo no sítio do fogo. Em volta do abrigo cavam um rego de modo a escoar as águas da chuva. Em média, têm cerca de 6 m de comprimento, 2 m de largura e 1,80 m de altura máxima.

Des. 15 – Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova. Pormenores dum choço. a) Esqueleto do choço semi cónico. b) Disposição das camadas de giesta e palha num choço semi cónico. c) Prisão da giesta e da palha nas esteiras, d) Porta lateral aberta numa das esteiras.

Des. 15 – Salvaterra do Extremo, Idanha a Nova. Pormenores dum choço. a) Esqueleto do choço semi cónico. b) Disposição das camadas de giesta e palha num choço semi cónico. c) Prisão da giesta e da palha nas esteiras, d) Porta lateral aberta numa das esteiras.

3– Abrigos sobre carros

67Um outro tipo de abrigo móvel que dá ao pastor muito maior conforto, é o carro, carroça ou carreta de pastor. 

40 – Póvoa de Cervães Mangualde Abrigo fixo de materiais vegetais

40 – Póvoa de Cervães Mangualde Abrigo fixo de materiais vegetais

41 – Avelai, Sátão Abrigo fixo de materiais vegetais

41 – Avelai, Sátão Abrigo fixo de materiais vegetais

42 – Nespereira, Gouveia Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

42 – Nespereira, Gouveia Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

43 – Ota Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

43 – Ota Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

44 – Portó de Lagos. Lagos Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

44 – Portó de Lagos. Lagos Abrigo fixo de materiais vegetais Planta quadrangular

45 – S. Teotório, Odemira Abrigo com esqueleto de varas recoberto de terra

45 – S. Teotório, Odemira Abrigo com esqueleto de varas recoberto de terra

46 – Veiga de Chaves Abrigo feito dum trono oco de castanheiro

46 – Veiga de Chaves Abrigo feito dum trono oco de castanheiro

47 – Reguengo, Cartaxo Barraco, de meloais

47 – Reguengo, Cartaxo Barraco, de meloais

48 – Juromenha, Eivas Barraca de meloais formada por quatro esteiras

48 – Juromenha, Eivas Barraca de meloais formada por quatro esteiras

49 – S. Gião, Loures Abrigo de guarda de campos

49 – S. Gião, Loures Abrigo de guarda de campos

50 – Coutada, Torres Vedras Abrigo de canas, de planta quadrangular

50 – Coutada, Torres Vedras Abrigo de canas, de planta quadrangular

51 – Baçal, Bragança Cancelas de bardo

51 – Baçal, Bragança Cancelas de bardo

52 – Horta da Vilariça, Moncorvo Bardo e abrigo móvel de esteira

52 – Horta da Vilariça, Moncorvo Bardo e abrigo móvel de esteira

53 – Sendim, Miranda do Douro Abrigo móvel de esteira, com anteparos de molhos de giesta. Bardo de vergas rachadas e entretecidas

53 – Sendim, Miranda do Douro Abrigo móvel de esteira, com anteparos de molhos de giesta. Bardo de vergas rachadas e entretecidas

54 – Carvalho de Ega, Vila Flor Abrigo móvel de esteira e bardo de cancelas

54 – Carvalho de Ega, Vila Flor Abrigo móvel de esteira e bardo de cancelas

55 – Urgeira, Sabugal. Redil

55 – Urgeira, Sabugal. Redil

56 – Cercal Redil e ferrados da ordenha

56 – Cercal Redil e ferrados da ordenha

57 – Penso, Serancelhe Bardo com uma camada de giesta, para estrume Ao lado, o abrigo móvel de esteira

57 – Penso, Serancelhe Bardo com uma camada de giesta, para estrume Ao lado, o abrigo móvel de esteira

58 – Fomos, Freixo de Espada à Cinta Transporte da esteira e cancelas do bardo

58 – Fomos, Freixo de Espada à Cinta Transporte da esteira e cancelas do bardo

59 – Baçal, Bragança Abrigo móvel de esteira

59 – Baçal, Bragança Abrigo móvel de esteira

60 – Vila da Ponte, Sernancelhe Abrigo móvel de esteira

60 – Vila da Ponte, Sernancelhe Abrigo móvel de esteira

61 – Orca, Penamacor Abrigo móvel de duas esteiras

61 – Orca, Penamacor Abrigo móvel de duas esteiras

62 – Serpa Abrigo móvel de duas esteiras

62 – Serpa Abrigo móvel de duas esteiras

63 – Castro Verde Abrigo móvel de duas esteiras e redil

63 – Castro Verde Abrigo móvel de duas esteiras e redil

64 – Genísio, Miranda do Douro Abrigo móvel de esteira com anteparo quadrangular

64 – Genísio, Miranda do Douro Abrigo móvel de esteira com anteparo quadrangular

65 – Vila Boa, Belmonte Abrigo móvel de esteira com anteparos triangulares

65 – Vila Boa, Belmonte Abrigo móvel de esteira com anteparos triangulares

66 – Reguengos de Monsaraz Abrigo móvel de esteira com anteparos triangulares

66 – Reguengos de Monsaraz Abrigo móvel de esteira com anteparos triangulares

67 – Águas Rádium, Belmonte Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo

67 – Águas Rádium, Belmonte Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo

68 – Caria, Sabugal Abrigo móvel de esteira com anteparo em absidíodo

68 – Caria, Sabugal Abrigo móvel de esteira com anteparo em absidíodo

69 – Orca, Penamacor Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo

69 – Orca, Penamacor Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo

70 – Sendim, Miranda do Dour Abrigo móvel de esteir com anteparos de molho de giesta Bardo com cancelas de madeira rachada e entretecid

70 – Sendim, Miranda do Dour Abrigo móvel de esteir com anteparos de molho de giesta Bardo com cancelas de madeira rachada e entretecid

71 – Eivas Abrigo móvel de duas esteiras duplas com guarda vento

71 – Eivas Abrigo móvel de duas esteiras duplas com guarda vento

72 – Castelo Branco Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo e guarda vento

72 – Castelo Branco Abrigo móvel de duas esteiras com anteparo em absidíolo e guarda vento

73 – Penso, Sernancelhe Pormenor de uma esteira

73 – Penso, Sernancelhe Pormenor de uma esteira

74 - Castelo Branco Abrigo móvel de duas esteiras; anteparo em absidíolo e guarda vento

74 - Castelo Branco Abrigo móvel de duas esteiras; anteparo em absidíolo e guarda vento

75 – Sendim. Miranda do Douro Cancelas de bardo

75 – Sendim. Miranda do Douro Cancelas de bardo

76 – Seia Choço cónico móvel, e cancelas

76 – Seia Choço cónico móvel, e cancelas

77 – Penalva do Castelo Choço cónico móvel

77 – Penalva do Castelo Choço cónico móvel

78 – Gouveia Cibana cónica móvel

78 – Gouveia Cibana cónica móvel

79 – Pinhanço, Gouveia Cibana cónica móvel

79 – Pinhanço, Gouveia Cibana cónica móvel

80 – Castelo Branco Choço semi cónico móvel

80 – Castelo Branco Choço semi cónico móvel

81 – Castelo Branco Choço semi cónico móvel

81 – Castelo Branco Choço semi cónico móvel

82 – Orca, Penamacor Choço semi cónico móvel

82 – Orca, Penamacor Choço semi cónico móvel

83 – Nisa Socha móvel

83 – Nisa Socha móvel

84 – Nisa Socha móvel

84 – Nisa Socha móvel

85 – Nisa Socha móvel

85 – Nisa Socha móvel

86 – Zebreira Idanha a Nova Interior Socha móvel A lareira a meio; ao fundo a cama. Chouriços pendurados

86 – Zebreira Idanha a Nova Interior Socha móvel A lareira a meio; ao fundo a cama. Chouriços pendurados

87 – Veiga de Chaves Abrigo sobre carro Cobertura de palha disposta em rolos paralelos sobre uma estrutura de varas

87 – Veiga de Chaves Abrigo sobre carro Cobertura de palha disposta em rolos paralelos sobre uma estrutura de varas

88 – Azinhaga, Golegã Abrigo sobre carro. Casota de tabuado; cobertura de chapa

88 – Azinhaga, Golegã Abrigo sobre carro. Casota de tabuado; cobertura de chapa

89 – Cercal Abrigo sobre rodado de carro. Casota de tabuado; cobertura de chapa

89 – Cercal Abrigo sobre rodado de carro. Casota de tabuado; cobertura de chapa

90 – França, Bragança Abrigo sobre carro. Casota de tabuado

90 – França, Bragança Abrigo sobre carro. Casota de tabuado

91 – França, Bragança Abrigo sobre carro. Casota de tabuado; cobertura de palha

91 – França, Bragança Abrigo sobre carro. Casota de tabuado; cobertura de palha

92 – Castelões Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro, recoberto de palha

92 – Castelões Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro, recoberto de palha

93 – Castelões Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro, recoberto de palha

93 – Castelões Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro, recoberto de palha

94 – Chaves Abrigo sobre carro. Casota inteiramente de tabuado

94 – Chaves Abrigo sobre carro. Casota inteiramente de tabuado

95 – Podence, Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro Casota de tabuado e cobertura de palha a duas águas

95 – Podence, Macedo de Cavaleiros Abrigo sobre carro Casota de tabuado e cobertura de palha a duas águas

96 – Lebução, Chaves Abrigo sobre carro. Casota cónica de palha

96 – Lebução, Chaves Abrigo sobre carro. Casota cónica de palha

97– Veiga de Chaves Abrigo sobre carro. Casota cónica de palha

97– Veiga de Chaves Abrigo sobre carro. Casota cónica de palha

98 – Vila do Conde Casota móvel para guarda dos campos, de tabuado

98 – Vila do Conde Casota móvel para guarda dos campos, de tabuado

99 – Nespereira, Gouveia Cabana montada sobre duas pequenas rodas

99 – Nespereira, Gouveia Cabana montada sobre duas pequenas rodas

100 – Albergaria a Nova Cabana de palha milha

100 – Albergaria a Nova Cabana de palha milha

101 – Aldoar, Porto Cabana de palha milha

101 – Aldoar, Porto Cabana de palha milha

102 – Angeiras, Matosinhos Cabana de palha milha

102 – Angeiras, Matosinhos Cabana de palha milha

103 – Soure Cabana de palha milha com empena de tabuado

103 – Soure Cabana de palha milha com empena de tabuado

104 – Aldoar, Porto Cabana de palha milha

104 – Aldoar, Porto Cabana de palha milha

105 – Vila Mendo de Tavares, Mangualde Abrigo sob uma meda, com esteira móvel à frente

105 – Vila Mendo de Tavares, Mangualde Abrigo sob uma meda, com esteira móvel à frente

106 - Matosinhos Barco cortado, utilizado como abrigo de guarda de campos

106 - Matosinhos Barco cortado, utilizado como abrigo de guarda de campos

107 – Torreira Velho barco cortado a meio; cobertura de telha. Serve de pocilga

107 – Torreira Velho barco cortado a meio; cobertura de telha. Serve de pocilga

108 – Afurada Barco cortado sobre o qual construíram uma casota de tabuado. Serve de habitação.

108 – Afurada Barco cortado sobre o qual construíram uma casota de tabuado. Serve de habitação.


Des. 16 – Vila Mendo de Tavares. Mangualde. Esqueleto dum abrigo sob um palheiro.

Des. 16 – Vila Mendo de Tavares. Mangualde. Esqueleto dum abrigo sob um palheiro.

3 – Abrigos em barcos


81Em muitos sectores da costa ou da zona litoral, os barcos velhos, já fora de uso, são por vezes aproveitados, com arranjos diversos, para abrigos ou mesmo para casas de habitação. 


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