Fotos: Gerardo Santos/Global Imagens Programação: Tiago Coelho
É uma flexibilidade que deriva do "know how" ganho em anos a fio de operações militares, com capacidades que vão desde o combate ao terrorismo às ações encobertas. E quantos são? “Entre 30 e 100”, respondem com um sorriso, numa nebulosa simpatia que se estende aos pormenores das ações reais.
O JN foi descobrir o DAE e mostra o que é possível mostrar, em imagens que pela primeira vez chegam ao grande público.
Naquela unidade de operações especiais não existe, pois, o conceito de voluntário e contratado, que ao fim de determinado tempo pode regressar à vida civil.
No DAE quem entra pode sair, mas é mantido no quadro permanente, porque, afinal, são homens que sabem sempre demais: os pormenores das operações, sobre explosivos e sobre os tipos de armas.
A arma orgânica é a HK G-36, mas são igualmente preparados para operar, por exemplo, com uma AK-74, ou com qualquer tipo de arma a que tenham acesso. E, quanto a explosivos, sabem inativar um engenho, mas também construir outro recorrendo a meios e produtos de recurso.
É uma instrução feita em 18 semanas, mas onde só chegam ao fim entre cinco a dez por cento dos candidatos.
São treinados para sair de um submarino em imersão, assim como para saltar de um avião, em salto automático ou manual - e para um espaço terrestre ou aquático.
Escalada e salvamento integram igualmente a formação, onde é de destacar o socorrismo avançado, ditado pela necessidade de garantir a sobrevivência em ambientes de quase total isolamento.
A primeira missão conhecida foi na Guiné-Bissau, na operação “Crocodilo”, em 1998, quando uma força anfíbia portuguesa foi resgatar os refugiados, na sequência do conflito entre o Governo local e os rebeldes. A seguir veio Timor, em 2004, mas uma das mais importantes foi no Congo, em 2006, no âmbito de uma força da Eurofor, durante as eleições naquele país. O DAE estava integrado numa estrutura de operações especiais, onde também participavam a França e a Suécia, e uma das missões era o patrulhamento, no sentido de garantir a calma no processo eleitoral.
O Afeganistão veio a seguir, em 2013, mas onde o DAE não participou enquanto força constituída, mas com vários elementos para lá destacados, tal como na atual missão no Mali.
E, no entretanto, estiveram numa miríade de ações a bordo dos navios da Armada, em operações da NATO de natureza antiterrorista, em particular no Mediterrâneo. Isto além das missões em apoio à Polícia Judiciária e à Polícia Marítima, quer na abordagem de embarcações suspeitas, quer na vigilância de eventuais locais de desembarque de droga ou de outras atividades ilícitas, em conjugação com a Força Aérea.
Bem pelo contrário, a quase totalidade dos seus elementos tem idade bem superior aos 30 anos, homens maduros com capacidade para pensar por si próprios e avaliar os riscos, sem cair em aventuras e excessos. E o que mais lhes é exigido é concentração e calma, confiando que o homem que está a seu lado pensa e age da mesma maneira.
É algo que fica claro no treino de tiro com fogo cruzado a que o JN assistiu.
Se assim já é difícil, muito mais se torna quando o carregador fica vazio e o militar puxa da pistola Glock 17. E sabe-se o quanto é fácil falhar no tiro de arma de mão. Mas no DAE não pode haver falhas. Talvez por isso seja afirmado que só ao fim de cinco anos, em média, um homem do DAE seja considerado “pronto”.
Exercícios com os SEALS norte-americanos são comuns, assim como com as forças especiais polacas, o GROM.
Mas o trabalho conjunto apenas parcialmente significa troca de experiências, porque, no mundo das operações especiais, cada um guarda para si aquilo que considera mais relevante.
E se a vida militar impõe um conjunto de restrições, no caso de um DAE a limitação é total. A própria mulher do militar também está condicionada.
Sabe que o marido está no DAE, mas não pode dizer a ninguém. E ele e o marido apenas pode informar que, por exemplo, vai estar uns dias ausente, mas nunca dizer para onde ou o que vai fazer ou quando regressa. E mesmo quando acaba a missão mantém-se o mesmo muro de silêncio.
Afinal, um DAE não é apenas um operacional. Pelas suas mãos passam não apenas o planeamento de uma ação, mas também relatórios e dados com origem nos serviços de informações militares e civis, portugueses e estrangeiros.
Ao ingressar nesta força transforma-se também num alvo – que pode ser extensível também à sua família.
O segredo é tudo!
APANHADO DE VÍDEOS
Sem comentários:
Enviar um comentário