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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Ao fim de seis meses, 89% dos vacinados ainda têm uma boa imunidade celular


 www.dn.pt /



O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), que reúne os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, lançou um desafio a si próprio em dezembro do ano passado: estudar a imunidade humoral e celular dos funcionários e de idosos residentes em lares na sua área de influência, mesmo antes do início do processo de vacinação. O objetivo inicial era perceber como é que o organismo humano reagiria no combate ao vírus com a vacina, mas, agora, e depois dos primeiros resultados, já há outros aspetos a serem estudados. Inclusive, se haverá ou não necessidade de uma terceira dose vacinal para a população em geral.

De acordo com o que explicou ao DN o diretor do Serviço de Patologia Clínica do CHMT, Carlos Cortes, o estudo começou com a avaliação da imunidade humoral em mais de 2000 funcionários do CHMT, que se voluntariaram, e com idades entre os 24 e os 67 anos, com um controlo antes da vacinação, para verificar se a pessoa já tinha ou não anticorpos do vírus; um outro após a primeira dose da vacina; outro após a segunda dose; depois ao fim de três meses; seis (o que já aconteceu) e ainda ao fim dos nove e dos doze meses.

Em relação à imunidade celular, que começou mais tarde, o primeiro controlo foi feito recentemente, em agosto, ao fim dos seis meses da vacinação completa, e é este que já nos dá alguma esperança no combate ao vírus. "Ao fim de seis meses, 89% das pessoas vacinadas mantinham uma imunidade celular positiva". Um dado que é tanto mais importante quando se sabe que "as células T são, precisamente, aquelas que guardam a memória do vírus e que, quando entram em contacto com este, produzem substâncias - como o Interferão-Gama - que vão ajudar o organismo a destruir as células infetadas e a neutralizar o vírus".

Portanto, e por agora, "é um dado positivo", explicando ainda: "Este estudo é importante porque não há nada publicado de forma consistente sobre a imunidade celular". Quanto à questão que agora se discute um pouco por todo o mundo, já com alguns países a tomarem decisões, embora ainda sem evidência científica, se é ou não preciso reforço vacinal, o coordenador do estudo diz ser preciso "continuar a avaliação da imunidade celular para perceber qual é a conjugação desta com a imunidade humoral e como esta correlação é importante no combate ao vírus".

Anticorpos registam descida de 92% aos seis meses

O estudo à imunidade celular está a ser feito a par do estudo à imunidade humoral, porque, como explica o patologista clínico, "o nosso organismo é protegido por dois tipos de imunidade: a humoral, mediada pelos anticorpos, as imunoglobulinas G, que se mantêm no organismo e que reagem quando este entra em contacto com o vírus; e a imunidade celular, mediada pelas células T".

E, ao fim de seis meses, os resultados obtidos são surpreendentes e até aparentemente um pouco contraditórios quando comparamos os dois tipos de imunidade. Ou seja, enquanto a avaliação da imunidade celular aparenta proporcionar ao fim de seis meses "uma proteção segura", a imunidade humoral apresentou "uma descida vertiginosa de anticorpos, cerca de 92%".

Carlos Cortes especifica que "o pico maior de anticorpos foi registado um mês após a vacinação completa, a partir daqui o nível de anticorpos começou a descer em todas as idades e sexos". No entanto, e como também seria expectável, "apesar de a descida de anticorpos ser igual para todas as faixas etárias e sexos, as pessoas mais novas ficaram com mais anticorpos e as mais velhas como menos. Ou seja, o comportamento de evolução é o mesmo, tanto na subida de anticorpos pós-vacinal como na descida, mas depois, e conforme a idade, há variações na quantidade de anticorpos".



Mas foram ainda registadas outras pequenas variações. "Houve pessoas que, ao fim dos seis meses, subiram um pouco os anticorpos, provavelmente porque tiveram contacto com o vírus, e outras cujos níveis desceram para níveis mínimos de 1.5 UA/mL, o que significa que tinham zero de proteção".

O médico sustenta que "o pico de anticorpos foi registado ao fim de um mês da vacinação e era de 761,99. Ao fim de seis meses, era de 62,21, o que é muito pouco, qualquer pessoa ficaria apavorada". Aliás, reforça, "perante estes dados estávamos com receio de que houvesse um impacto negativo em relação à doença nos funcionários, mais infeções, porque são um dos grupos que mantém uma exposição sistemática ao vírus, mas isso não aconteceu. Só nove pessoas foram infetadas. O que é surpreendente, mas daqui surgiu a necessidade de se saber se tal situação se deve ou não à imunidade celular". Carlos Cortes exemplifica: "No caso das nove pessoas que ficaram infetadas é preciso saber qual era o seu nível de imunidade humoral e de imunidade celular. Só assim poderemos retirar ilações".

Neste momento, o estudo tem outro foco que é, precisamente, o de avaliar a correlação existente entre imunidade humoral, nível de concentração de anticorpos, e imunidade celular, células T, nível de concentração de Interferão-Gama.

Segundo explica o diretor de serviço, o processo de avaliação da imunidade humoral é mais automatizado e menos moroso do que o da imunidade celular: "Enquanto o primeiro demora cerca de duas horas, o segundo leva 24 horas, porque requer uma técnica muito complexa, menos automatizada, mais manual, que exige muita perícia, utilizando o kit Quant-T-Cell SARS-CoV-2 da Euroimmun".

1109 funcionários participam no estudo, mas 460 idosos de lares também vão ser testados

E se a amostra para o estudo dos anticorpos era significativa, a que sustenta o estudo para as células T também o é. "Estamos a avaliar 1109 pessoas, o que é muito significativo, permitindo-nos estudar três grupos: o que fez vacinação completa, o que só teve uma dose da vacinação porque foi infetado e ainda um grupo de funcionários não vacinados, que também existe". Por isso, confirma, "o estudo vai ser longo".

Carlos Cortes refere ao DN: "Estamos a tentar perceber, pessoa a pessoa, duas coisas. A primeira é: a que corresponde esta imunidade celular em termos de anticorpos? Portanto, se há pessoas com imunidade celular e humoral baixa e se estas contraem ou não a doença. A segunda é: se quem tem uma imunidade celular positiva também tem um nível de anticorpos elevados ou não e se é suscetível ou não à infeção".

Depois de definidos os grupos e de as pessoas começarem a ser avaliadas, a equipa do serviço de patologia clínica do CHMT conseguiu excluir os casos que poderiam vir a alterar o objetivo do estudo e partir para a avaliação da concentração do Interferão-Gama produzido pelas células T. Para Carlos Cortes, embora o caminho a seguir seja o de perceber como é que "as duas imunidades funcionam adequadamente, a imunidade celular pode ter um papel dominante no combate ao vírus".

E explica: "Teoricamente, e independentemente do nível de anticorpos, se a parte celular estiver competente, o organismo está protegido, eu diria que está seguro. O mesmo já não diria em relação à imunidade humoral e se tivermos um nível baixo de anticorpos, mas o estudo irá revelar-nos isso"

O mesmo estudo para a imunidade celular está a ser feito para mais de 400 idosos residentes em lares na região. No entanto, ainda não há resultados.

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