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″Ventura teve um diamante nas mãos nos Açores e não o soube aproveitar″
O ex-presidente da direção regional do Chega nos Açores considera que o partido é agora "uma centrifugadora de militantes", que não respeita sequer quem faz parte dele.
Depois de ter batido com a porta, Carlos Furtado, até agora presidente da direção regional do Chega nos Açores, explica as razões da saída. Em declarações à TSF, afirma que o partido não respeita os militantes.
"O partido, nos últimos tempos, tem-se tornado uma centrifugadora de militantes", afirma Carlos Furtado.
"O Chega tem de se reorganizar, tem de respeitar o seu quadro de militantes, sob pena de acontecer aquilo que tem acontecido: vão saindo militantes atrás de militantes, dirigentes atrás de dirigentes, porque há um limite para tudo", defende.
O líder do Chega retirou-lhe a confiança política, mas Carlos Furtado diz não entender o processo de expulsão do partido.
SOM ÁUDIO
"Sinceramente, ainda não percebi a verdadeira razão do processo de expulsão. Não ofendi o dr. André Ventura nem nenhum membro da direção. Apenas cumpri aquilo que tinha dito: que queria afastar-me e que não tinha condições para continuar", indica.
O dirigente político admite que esperava uma palavra de André Ventura - "um entendimento, com um telefonema ou de forma presencial" -, mas que este "desvalorizou completamente" as suas palavras, pelo que confessa "desencanto" com a liderança do partido.
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"[O Chega é] um partido que não respeita quem está a fazer tudo por tudo para deixar bem [visto] o nome do partido", condena Carlos Furtado. "Se uma direção nacional não respeita um dirigente, como é que vai respeitar os militantes de base e os populares que não votaram no partido? Quando não respeita os próximos, como é que vai respeitar os outros?", questiona.
Apesar de deixar o partido, Carlos Furtado irá manter-se como deputado não-inscrito no parlamento açoriano. Fica, no entanto, comprometida a posição do Chega no acordo de Governo Regional nos Açores.
"No decorrer dos trabalhos parlamentares, nos últimos meses, tem-se percebido que o partido PAN não quer deixar cair a solução governativa e, no limite, tira todo o protagonismo ao Chega", nota.
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"A saída de um deputado para independente, que é o meu caso, tira margem de manobra ao Chega e o PAN tira-lhe o resto do espaço. Portanto, atualmente, o Chega manda "zero" no Governo dos Açores", declara Carlos Furtado. "André Ventura teve um diamante nas mãos e não o soube aproveitar", conclui.
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