AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "COMO UM CLARIM DO CÉU"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Saia de cena, senhor Ventura




 

«A participação de André Ventura na campanha eleitoral é um espetáculo indecente e insultuoso. A democracia e os democratas não podem pactuar com a violência permanente contra as pessoas, contra as minorias, contra classes sociais, contra o Estado e as suas instituições, contra a Constituição da República. Sim, André Ventura é um perigo para a democracia e para a coesão da nossa sociedade. 

O candidato do Chega, que professa a mesma ideologia extremista que outros partidos congéneres na Europa, viola permanentemente de maneira grosseira a Constituição da República, mente e manipula com a maior das canduras, ignora os contextos para fazer acusações que são uma distorção da realidade, e certamente que iniciaria as “limpezas” de que tanto gosta de falar em partidos políticos, sindicatos e outras organizações, fazendo eco das práticas das ditaduras. 

Também afirma que nunca seria o Presidente de todos os portugueses, sobretudo de alguns menos afortunados com a vida, pertencentes a determinadas classes sociais, ou de certas origens étnicas ou religiosas, embora não se saiba que tipo de “limpezas” lhes estariam destinadas se por acaso viesse a ocupar algum cargo que lhe desse esse poder. 

É totalmente inaceitável que no debate com Marcelo Rebelo de Sousa tenha mais uma vez violado a Constituição ao usar de forma abusiva uma foto de um grupo de sete pessoas do Bairro da Jamaica, sem nenhum respeito pelos homens, mulheres e até uma criança que estavam com o Presidente, que as visitou na sequência de acontecimentos de violência policial. 

As imagens que então ficaram conhecidas eram bem evidentes sobre o abuso da violência que alguns polícias exerceram sobre um grupo de pessoas indefesas, incluindo uma mãe que queria proteger o filho. Foi essa circunstância que levou o Presidente a visitar o bairro e a encontrar-se com essas pessoas originárias de países africanos de expressão portuguesa. 

O candidato do Chega, travestido de justiceiro e mestre na arte da manipulação, está claramente apostado em despertar os sentimentos mais básicos de algumas pessoas que se identificam com o racismo, xenofobia e a violência que exala, não hesitando em desconsiderar outros seres humanos menos afortunados socialmente, e por isso exibiu aquela foto de forma insultuosa para quem é deputado e candidato ao mais alto cargo da nação. 

Ao mostrar a fotografia, disse com toda a impunidade que se tratava de uma foto com “a bandidagem”. Dizer isto de pessoas que não se conhece, tenham ou não cadastro, e que certamente não será o caso da criança, é uma vergonha para quem quer ser Presidente da República e tem um cargo eletivo no Parlamento. É inaceitável que o candidato André Ventura faça uma demonstração tão abusivamente xenófoba e racista através da televisão, que inclui nesses comentários infelizes uma criança, violando de forma grosseira a Constituição da República em muitos dos seus artigos. 

Basta citar o art. 26.º para ilustrar a falta de condições para o candidato da extrema-direita continuar a sua campanha, porque jamais poderia respeitar a Constituição. Diz o referido artigo, no ponto 1, que “A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento, à personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade privada e familiar e à proteção legal contra quaisquer formas de discriminação”. 

Aquilo que Ventura faz é espezinhar sem escrúpulos cada um destes muitos preceitos constantes neste artigo. Quem o autorizou a utilizar a foto com todas aquelas pessoas para lhes chamar bandidos? Que autoridade tem para destruir o bom nome e reputação de todas aquelas pessoas, incluindo de uma criança? Quem o autorizou a destruir a reserva de intimidade privada e familiar das pessoas na foto, mostrada para centenas de milhares de pessoas em todo o país? 

Isto é verdadeiramente ignóbil e uma forma de fascismo que não se coaduna com os valores humanistas de Portugal nem pelo respeito da Constituição e da Lei. Aquilo que faz não é ser politicamente incorreto. É não ter escrúpulos, utilizando vidas de pessoas como meios para atingir os seus fins com objetivos eleitorais e de promoção pessoal. 

André Ventura não tem condições para continuar como candidato à Presidência da República nem tão pouco como deputado, por estar a fazer incitação ao ódio, contra o que estabelece o art.º 240 do Código Penal, ao rotular de forma infundada um grupo de pessoas de origem africana como bandidos. Saia de cena, senhor Ventura!» 


https://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/

Sem comentários:

Enviar um comentário