«Gerir a atual crise é um jogo de equilíbrios entre a proteção da saúde e da vida, a prevenção de outras futuras doenças e de atrasos de desenvolvimento, e também a proteção da economia.
Nenhuma solução é boa, todas trazem consequências nefastas quando se defende apenas um destes aspetos.
E mesmo neste jogo, o equilíbrio é sempre desequilibrado. (...) Tomamos decisões na educação tendo em conta a saúde pública e de todos os que trabalham na escola, os impactos nas aprendizagens, no desenvolvimento das crianças e na sua proteção social.
Esta é a equação irresolúvel, porque também aqui, na esfera estrita da educação, qualquer solução é demasiado fácil e, ao mesmo tempo, perturbadora daquilo que se conseguiria com outras soluções. (...) E é preciso apreciarmos as soluções possíveis a partir dos lugares dos outros: um aluno com computador e internet que vive num T1 com o quarto partilhado com o irmão e os pais em teletrabalho, a aluna cuja mãe sai sozinha de madrugada para ir trabalhar na caixa do supermercado e fica sozinha, deixando-se dormir e não tendo a mãe ao lado para ajudar nas suas dúvidas, os pais que não valorizam a escola e até impedem o filho de aceder ao computador, os que não têm boa rede ou bom computador, todos juntos estes são a maioria.
Olhar para isolamentos, aberturas ou fechos implica pormo-nos a ver através de muitos outros olhos além dos nossos.»
João Costa, Covid e empatia
João Costa, Covid e empatia
ladroesdebicicletas.blogspot.com
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