O maior navio de passageiros português está a ser remodelado em Setúbal, devendo (re)”entrar ao serviço” no dia 26 de abril, no Mediterrâneo. E, com ele, o armador Mário Ferreira abre o primeiro escritório em Portugal para a venda de cruzeiros oceânicos a portugueses
Para Mário ferreira, foi uma questão de oportunidade: o navio Vasco da Gama, com um valor superior a 100 milhões de euros, estava a venda, depois de a empresa proprietária, a Cruise & Maritime Voyages, ter declarado insolvência devido à pandemia da covid-19.
O empresário participou no leilão do navio, no Reino Unido, e comprou-o por 8,5 milhões de euros.
Mário Ferreira realizava assim, aos 52 anos, “um sonho”, mais de três décadas depois de, com 20 anos de idade, ter embarcado no enorme e luxuoso paquete Vistajford, onde trabalhou durante cinco anos.
O armador português, presidente da Mystic Invest Holding, decidiu comprar o Vasco da Gama depois de ter concluído, baseado em vários estudos, que com a pandemia os clientes estão a olhar com mais atenção para navios com capacidades até mil passageiros. “Vi nesse momento que esta aquisição nos ia salvar o ano”, afirmou.
O empresário criou mais uma empresa, a Mystic Ocean, de propósito para a gestão do navio, que entrou no Tejo na manhã do dia 25 de novembro de 2020, ainda com a bandeira das Bahamas.
No dia 1 de dezembro de 2020 passou a estar inscrito no Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR), sendo o maior navio de passageiros nacional.
Após uma curta estadia na capital portuguesa, o Vasco da Gama rumou aos estaleiros da Lisnave, em Setúbal, onde vai ficar até ao final de março.
Com 55.877 toneladas, 219 metros de comprimento, 30,8 metros de boca (largura) e 40 metros de altura, vai ser alvo de uma remodelação substancial, que se deve essencialmente a questões de sustentabilidade ambiental.
Os cinco motores principais vão ser equipados com catalisadores, para que o navio tenha uma classificação que lhe durante os próximos anos navegar livremente em zonas sensíveis, como os fiordes da Noruega ou o Alasca.
Também irá ser equipado com um sistema que permite fazer a ligação a terra por cabo elétrico nos portos que tiverem abastecimento de eletricidade, de forma a reduzir a poluição atmosférica e o ruído enquanto está atracado.
Outra grande alteração é a nível do tratamento de águas residuais, onde uma empresa de tecnologia alemã vai instalar um sofisticado sistema de ETAR, para que o Vasco da Gama possa navegar em zonas mais sensíveis.
Os camarotes vão ser melhorados e as 30 suites irão sofrer uma remodelação profunda. Quanto à lotação, não vai sofrer alterações, mantendo a original de 1200 passageiros e 600 tripulantes, mas dificilmente navegará com mais de mil passageiros, pois muitas cabinas serão usadas para singles.
A remodelação do Vasco da Gama vai ficar um pouco mais cara do que a aquisição, mas dará mais uns largos anos de vida ao navio e maior valor comercial.
Se a pandemia o permitir, o Vasco da Gama deverá começar a navegar com passageiros a 26 de abril na região do Mediterrâneo, indo depois para o Báltico e os fiordes noruegueses.
As reservas, na Nicko Cruises, não são tão altas quanto Mário Ferreira está habituado a ter nesta altura do ano, porque passaram a ser feitas cada vez mais no último momento.
A aposta do armador no mercado nacional, com um produto de grande qualidade de origem portuguesa e de espírito português, passa também pela abertura no nosso país do primeiro escritório, além de um site português, para venda de cruzeiros oceânicos a portugueses.
O mercado de cruzeiros tem atualmente poucos navios a navegar na Europa.
A Tui Cruises mantém desde o verão dois navios, o Mein Shiff 1 e o Mein Shiff 3, a navegar pelas Canárias.
O MSC Grandiosa regressou ao mar a 24 de janeiro, depois de ter parado temporariamente no final de 2020, e o Costa Deliziosa planeia retomar os cruzeiros a 31 de janeiro, com viagens semanais ao longo da costa italiana.
Questionado sobre a possibilidade de adquirir mais algum navio, o armador português não descarta a hipótese. “Estamos atentos ao mercado e é bem possível que apareçam algumas boas notícias” afirma.
Neste momento o empresário tem três segmentos e empresas nas diversas áreas: Cruzeiros de Rio, Cruzeiros de Expedição e agora Cruzeiros Oceânicos.
expresso.pt
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