Totalitarismo 2
Falamos de totalitarismo.
Trata-se de um termo inventado para denegrir e diabolizar os sistemas políticos que se afastem do que é determinado pela oligarquia e o imperialismo. Vejamos como se define comummente:
“O totalitarismo é toda a organização estatal cujo regime político não seja de carácter democrático ou liberal, isto é, em que o governo não é eleito democraticamente e onde não se admite o exercício de certas liberdades fundamentais.”
Note-se que nas liberdades fundamentais se incluiu a liberdade para a “iniciativa privada” eufemismo para o grande capital transnacional e monopolista procederam como bem lhes aprouver.
Outras definições referem sistemas que exercem um elevado grau de controle na vida pública e privada dos cidadãos e que proíbem partidos de oposição, recorrendo a extensas campanhas de propaganda difundidas por meios de comunicação de massa detidos pelo Estado.
A parcialidade destas definições é evidente. Se a esfera privada detiver os “meios de comunicação em massa” e controlar a vida pública (e privada dos cidadãos por intermédio do Estado ao seu serviço em nome da segurança) já não é totalitarismo.
Quando a direita e extrema-direita atacam o Estado nos países onde se mantêm liberdades democráticas conquistadas pelas forças populares estão na realidade a atacar a democracia, de forma a que a oligarquia e as ligações (a sujeição) ao imperialismo não sofram entraves.
Na “democracia” tutelada pela oligarquia não é problema a existência de vários partidos desde que não ponham em causa o domínio do grande capital.
No fundo, esses partidos esforçam-se por melhor defender os interesses oligárquicos. É como uma peça ou um filme, com o mesmo enredo mas atores diferentes. Os programas de governo não se afastam do que a classe dominante permite, que é quem em última análise decide, por exemplo sobre os gastos do Estado, que a finança controla por via do endividamento público.
A “democracia oligárquica” é um efetivo totalitarismo, disfarçado com vários partidos que não passam de fações do mesmo partido único neoliberal-imperialista, o “modelo liberal”, na UE referido como “europeísta e atlantista”. .
O facto de existirem partidos marxistas-leninistas em alguns países em que a oligarquia não os conseguiu eliminar, não invalida o quadro anterior: a marginalização mediática, a calúnia, a distorção histórica, coloca acrescidas dificuldades à sua expansão junto das massas populares. Porém, se tal não é conseguido a oligarquia e o imperialismo fazem uso dos seus processos de ingerência, chantagem económica e financeira e recorrendo à sua tropa de choque: a extrema-direita.
Mesmo social-democratas minimamente coerentes não são tolerados. No Reino Unido, J. Corbyn, que queria levar o partido trabalhista para a sua matriz tradicional, foi alvo de uma caluniosa campanha mediática acusando-o de antissemitismo (imagine-se…) por ter criticado Israel. Bernie Sanders nos EUA é exemplo de como democratas ou republicanos são simplesmente fações do partido único oligárquico-imperialista.
Não é possível ser livre num país sujeito à oligarquia: a riqueza está nas suas mãos e as necessidades colocam o povo que trabalha na dependência dos seus exploradores.
O proletariado é sujeito a um constante processo de alienação, em que a cidadania é vergada (dir-se-á flexibilizada…) às necessidades de sobrevivência. No fundo, é isto a “democracia liberal”.
Para a oligarquia a democracia é um “produto” do qual o povo não é suposto ser parte ativa, sendo quando muito chamado no período eleitoral a validar o conformismo vigente, tutelado pela finança.
Com os media e sectores estratégicos sob seu controlo, a “democracia oligárquica” é efetivamente um totalitarismo, imposto pelas relações capitalistas de produção e de propriedade. O “Estado de direito” torna-se de facto o agente da repressão sobre os pobres, sobre o povo trabalhador.
Quanto à UE controlada por uma burocracia ao serviço do grande capital, é um sistema totalitário estabelecido à margem da vontade popular, dotado de mecanismos para se perpetuar através da chantagem financeira, ameaça de sanções, não permitindo que eleições ou referendos alterem as regras que asseguram o domínio do grande capital sobre os povos.
A hipocrisia das definições de totalitarismo serve para diabolizar processos de transição socialistas e justificar o apoio, às agressões, ingerências, crimes, cometidos pelo capitalismo transnacional, o imperialismo e seus agentes. Os crimes cometidos pelas ditaduras na América Latina, Ásia (Indonésia, Vietname e Laos – antes da libertação) por governos fascistas como em Israel, Colômbia, Ucrânia, para só referirmos a atualidade, são escamoteados ou relativizados colocando no mesmo plano agressores e agredidos.
De facto, as elites oligárquicas não abandonarão os seus processos políticos efetivamente totalitários
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