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terça-feira, 4 de maio de 2021

Paula Godinho - Vemos ouvimos e lemos


 

Paula Godinho in facebook


Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. Hoje, a tv pública mostrou-nos as condições em que vivem em Odemira os que colhem os frutos vermelhos que compramos em caixinhas higienizadas nos supermercados. Sabemos que as empresas de trabalho temporário contratadas pelos proprietários das herdades (não os desresponsabilizemos, como fez o representante da CAP em declarações à SIC-N) os sugam até ao tutano, lhes pagam pouco mais de 600 euros, cobrando-lhes 140 euros pelo local para dormir, sem água quente, ou sequer uma latrina em condições, 8 pessoas por divisão, a comida feita à vez numa cozinha imunda, as panelas pelo chão. As imagens hoje tinham cheiro, e não era o cheiro da nossa humanidade, mas da nossa conivência com esta situação, porque vemos, ouvimos e lemos. Também somos consumidores que merecem saber quem são as empresas que aceitam produzir, contratando trabalhadores nestas condições (pelo sim, pelo não, cá em casa não se compra framboesas e frutos macios e doces, que percebemos que são muito amargamente produzidos). Tivemos hoje jornalistas que nos mostraram as condições em que estes trabalhadores são contratados, e que vão sendo tratados como não aceitamos que se faça ao gado. O que devemos saber é quais são as empresas que produzem nestas condições, quais as de trabalho temporário que rapinam até ao limite estes trabalhadores (e interditá-las, que são criminosas!), por que foi a ACT tão complacente, por que foram as várias autoridades hesitantes, classistas e racistas, por que foi o governo tão tíbio e hesitante, por que não entendeu o presidente da câmara que quem está nos limites do seu concelho está também ao seu cuidado. Não gostamos de nos ver com o lado de desumanidade de que nos recobriram até agora, aos que vemos ouvimos e lemos. Querer resposta a estas perguntas é meramente exigir decência. Exigi-la em Odemira, em Ferreira do Alentejo, em Baleizão, nos sítios do Sul em que a destruição ambiental provocada pelas estufas, pelo olivicultura e pelo amendoal superintensivo, que desgastam e contaminam água e solo, vai a par com estas condições de trabalho e vida. Não se pode aceitar que quem tem responsabilidades continue a assobiar para o ar.

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