A afirmação é do ministro francês da Agricultura e Alimentação.
Esta terça-feira o Presidente Emmanuel Macron participa numa conferência sobre soberania alimentar. Em antecipação a esse debate, o ministro Julien Denormandie adiantou na FranceInfo que o Executivo considera crucial aumentar o investimento para "realocar as nossas produções".
E acrescentou: "O patriotismo nutricional é bom para os nossos territórios, mas é acima de tudo bom para a nossa própria saúde".
À FranceInfo, o ministro francês da Agricultura afirmou que pode estar em causa "a nossa capacidade de nos alimentar, a nossa capacidade de produzir na França o que nos alimentará. Esta questão é colossal", disse Denormandie. "Hoje vemos que há mais e mais frutas importadas. Vemos que na cantina dos nossos filhos há mais e mais aves importadas. Um frango brasileiro, uma frango ucraniano não é o mesmo que um frango francês. Estes produtos importados não cumprem os mesmos padrões que nós. Portanto, para mim, trata-se de uma questão de soberania, mas também uma questão de vida quotidiana em termos de qualidade alimentar".
Para além de alterações na legislação que são necessárias para mudar este paradigma, o ministro diz que já muito em breve a origem dos produtos estará indicada nas cantinas escolares. "Quando percebermos que é frango ucraniano ou brasileiro, há muitos pais que vão questionar".
Disse ainda o ministro francês, nesta entrevista, que o Estado "tem de dar o exemplo" e isso passa por "investir massivamente para realocar a produção, porque a realidade é que temos uma agricultura muito forte".
Outro ponto referido pelo ministro neste entrevista está relacionado com a sazonalidade, que, diz, "é muito importante restabelecê-la. Por exemplo, os requisitos para indicar a sazonalidade nos supermercados foram reforçados. Penso que é essencial que todos possam ser informados sobre a sazonalidade dos seus produtos, o que hoje é algo pouco óbvio porque desapareceu muitos dos nossos hábitos".
Disse ainda Julien Denormandie que se deve ter "em mente" que a agricultura francesa "é marcada por duas qualidades: qualidade nutricional e qualidade ambiental. Temos os mais altos padrões na Europa, provavelmente, e seguramente no mundo. E, de facto, às vezes temos algo paradoxal na nossa sociedade: por um lado queremos uma agricultura de qualidade e, por outro, queremos os preços mais baixos possíveis".
E isso, continua, não é possível. "Não podemos pedir mais qualidade e preços sempre mais baixos. Os preços baixos levam às importações e os produtos não são os mesmos".
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