Vários ‘rappers’ portugueses expressaram a sua solidariedade para com o espanhol Pablo Hasél, alertando que os artistas se devem unir para defender a liberdade de todos.
O ‘rapper’ Pablo Hasél, detido na terça-feira na Universidade de Lérida, tornou-se um símbolo da liberdade de expressão em Espanha, depois de ter sido condenado por tweets em que insultava as forças de ordem espanholas e atacava a monarquia.
A portuguesa Capicua expressou, através das redes sociais, toda a sua solidariedade para com Hasél “e com todos os outros 'rappers' espanhóis (são cerca de 15), como Valtònyc (exilado há uns anos para não ser preso), que, por criticar o estado espanhol e sua monarquia, têm sido alvo de perseguição e condenação”.
“Prender alguém por 'tweets' e rimas em pleno 2021 é inaceitável. Temos de estar vigilantes e espalhar a mensagem! Podia ser qualquer um de nós!”, escreveu a ‘rapper’.
Toda a minha solidariedade com @pablohaseloficial (preso esta semana depois de anos de intimidação) e com todos os...
Publicado por Capicua em Quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
Por seu lado, NBC, também nas redes sociais, mostrou-se surpreendido por, em 2021, ver “um poeta, escritor, a ser preso por dar a sua opinião numa música sobre o que ele acha do poder instituído em Espanha”.
“Se todos os que usam a palavra tiverem que ser presos por dizer o que sentem em relação ao estado ou ao seu patrão, então todas as pessoas merecem ir presas, porque toda a gente o faz em alguma altura da sua vida. Mas em 2021, a empatia e colocar-se no lugar do outro [são] um eufemismo”, escreveu NBC.
O criador de “Afro-Disíaco” acrescentou: “Todos os sistemas devem ser colocados em causa, nenhum sistema deve ficar impune desse escrutínio, mas se em 2021 assobiamos para o lado quando um artista é preso por contestar alguma coisa, então batemos no fundo. Se batemos no fundo, paz à nossa alma”.
Enquanto Bispo publicou, no Instagram, uma mensagem a dizer que “A voz de uns é a voz de todos”, acompanhada da ‘hashtag’ “#freepablohasel”, o ‘rapper’ Estraca recordou, no Facebook, quando em 2018, numa escola secundária, lhe desligaram o microfone: “Em seguida entram quatro agentes da PSP com a abordagem de que tinham sido chamados e que eu não podia estar a cantar aquelas coisas dentro daquele espaço e logo de seguida me convidaram a abandonar o recinto”.
Numa altura em que vemos a nossa liberdade em risco mais do que nunca, os nossos direitos a serem abusados diariamente, onde é que estão os ‘rappers’, que sempre tiveram uma postura firme e algo a dizer quando as coisas não estavam bem? Será que têm medo de não ser aceites? Com medo que a indústria não os aceite? Por isso decidem ficar na zona de conforto e andar de mãos dadas com um sistema podre?”, questionou o artista.
Estraca, usando outra das ‘hashtags’ a pedir a liberdade de Pablo Hasél, escreveu: “Farei sempre a minha parte enquanto artista e cidadão, irei continuar a gritar quando tiver de gritar, falar o que tiver de falar! Isto é muito mais do que guerras partidárias, que só servem para dividir e segregar ainda mais as pessoas, isto é muito mais do que qualquer ideologia política, é a nossa liberdade é o bem comum!”, terminando a frase em maiúsculas.
Já Valete partilhou, no Instagram, uma notícia da detenção de Hasél com uma só palavra: "Franquismo".
tvi24.iol.pt
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