A Zona de Exclusão de Chernobyl há muito foi abandonada pelos humanos, que a deixaram quando foi criada após o desastre da Usina Nuclear de Chernobyl em 1986. Em seu lugar, entretanto, vivem os animais domésticos que os humanos em fuga foram forçados a deixar para trás. O canal do Youtube Free Documentary resolveu dar uma olhada em como esses e outros animais, juntamente com as gerações subsequentes, reivindicaram a terra como sua. |
O documentário inicia com a clássica questão de "terra arrasada": - "O que aconteceria se o mundo ficasse repentinamente sem pessoas -se os humanos desaparecessem da face da terra? Como a natureza reagiria- e com que rapidez?"
No limite da Europa, um local deserto revela a resposta surpreendente. A aldeia abandonada de Chernobyl pode se transformar num curto espaço de tempo num santuário para plantas, pássaros e animais. Espécies tímidas e raras, algumas consideradas à beira da extinção, são encontradas lá gozando de boa saúde.
Abandonada após o pior desastre nuclear da história, o trabalho de descontaminação foi iniciado imediatamente após o acidente. Uma zona de exclusão foi criada ao redor da fábrica e mais de 350.000 pessoas foram evacuadas da área. Eles nunca mais voltaram. E severas restrições aos assentamentos humanos permanentes ainda existem hoje.
O acidente teve um grande impacto na população humana. Embora não haja números claros, a perda física de vidas humanas e as consequências fisiológicas foram enormes. As estimativas do número de mortes humanas variam enormemente.
O impacto inicial no meio ambiente também foi importante. Uma das áreas mais afetadas pela radiação foi o pinheiral próximo à usina, conhecido desde então como "Floresta Vermelha". Esta área recebeu as maiores doses de radiação, os pinheiros morreram instantaneamente e todas as folhas ficaram vermelhas. Poucos animais sobreviveram aos níveis mais altos de radiação.
Portanto, após o acidente, presumiu-se que a área se tornaria um deserto para a vida. Considerando o longo tempo que alguns compostos radioativos levam para se decompor e desaparecer do meio ambiente, a previsão era de que a área permaneceria sem vida selvagem por séculos.
Mas hoje, 35 anos após o acidente, a zona de exclusão de Chernobyl, que cobre uma área agora na Ucrânia e Bielo-Rússia, é habitada por ursos-pardos, bisões, lobos, linces, cavalos Przewalski, vacas e mais de 200 espécies de pássaros, entre outros animais, como os descendentes de animais de estimação que foram deixados na cidade quando as pessoas foram embora.
Embora os especialistas hoje acreditem que partes da zona permanecerão inseguras para os humanos por mais 20.000 anos, várias espécies de animais e plantas não apenas sobreviveram, mas prosperaram.
Os guias turísticos dizem aos visitantes para não acariciarem os animais de Chernobyl devido ao potencial de partículas radioativas em seus pelos, mas alguns biólogos se surpreenderam com o fato da incidência de mutações físicas parecer menor do que a explosão de radiação teria sugerido. Houve algumas estranhezas registradas na área -como o albinismo parcial entre as andorinhas-de-celeiro- mas os pesquisadores acreditam que as mutações graves ocorreram principalmente após a explosão. Os animais selvagens de hoje exibem seu número normal de membros e não brilham.
De qualquer forma, ainda que não haja ursos de três cabeças vagando por lá, os cientistas notaram mudanças genéticas significativas nos organismos afetados pelo desastre. De acordo com um estudo de 2001 da Biological Conservation, as mutações genéticas causadas por Chernobyl em plantas e animais aumentaram em um fator de 20. Entre as aves reprodutoras da região, as espécies raras sofreram efeitos desproporcionais da radiação da explosão em comparação com as espécies comuns. Mais pesquisas são necessárias para entender como o aumento das mutações afeta as taxas reprodutivas das espécies, o tamanho da população, a diversidade genética e outros fatores de sobrevivência.
De fato, o desastre de Chernobyl apresenta uma experiência não intencional de como a Terra seria sem os humanos. Caçar é estritamente ilegal e viver dentro da Zona de Exclusão de Chernobyl não é recomendado. Quanto menos humanos houver, mais a natureza pode se restabelecer sem ser sobrecarregada pela atividade humana.
VÍDEO
O vídeo logo acima desvenda os rostos surpreendentes dos novos habitantes. Em casas onde as pessoas viviam e riam, a vida selvagem inesperada está se sentindo em casa. As aventuras de um elenco agradável de personagens não humanos dão aos espectadores um raro vislumbre de um mundo alternativo.
Ali os animais selvagens enfrentam desafios em um ambiente totalmente fora de sua experiência, enquanto as espécies outrora domésticas devem redescobrir suas naturezas selvagens. Como a localização é bem conhecida, cria uma nuvem de incerteza sobre o futuro desses personagens animais.
O documentário acima não abunda no assunto, mas inclusive o gado abandonado na zona de exclusão, se organizou em manada e apresenta um comportamento muito diferente ao que pode ser observado nos animais domésticos.
Depois de examinar a vida de um conjunto de vacas selvagens durante três anos, os biólogos que trabalham na região notaram que os animais começaram a se comportar de maneira similar a animais selvagens: uniram-se em um grupo organizado, mantêm uma estrita hierarquia e adaptaram-se perfeitamente às condições climáticas da área.
Assim, os bezerros se mantêm entre um touro adulto e as fêmeas, na zona mais segura do grupo. Sua proteção é uma prioridade para todos os animais. O touro principal, o mais velho e forte, não expulsa os machos jovens, senão que os mantém em grupo para protegê-los dos depredadores, desde que não disputem sua liderança.
Ao avaliar a condição do gado, os especialistas também notaram que os animais jovens mostram uma boa adaptação ao frio. As observações permitiram aos cientistas tirar conclusões sobre o papel no ecossistema e os hábitos de seus antepassados: os auroques euroasiáticos (Bos primigenius).
A julgar pela manada selvagem de Chernobyl, os auroques, extintos no século XVII, eram sociáveis e intelectualmente desenvolvidos. Viviam principalmente em bosques e muito raramente eram presas de predadores como lobos, no entanto foram vítimas de caça, uma das causas de sua extinção junto com o retrocesso dos bosques.
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