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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O DRAMA - “Ouvi crianças com sete e oito anos a dizer que queriam morrer. Nunca pensei que algum dia fosse ouvir tal coisa”













No campo de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia, a urgência da saúde mental está a começar a fazer-se notar. Uma pequena reportagem da BBC mostra o trabalho de uma psicóloga italiana dos Médicos Sem Fronteiras e os casos desesperados que ela ouve mas não pode resolver. As condições de vida naquele que é o maior campo de refugiados da Europa pioram todos os dias. Começou o inverno e com ele o frio, a chuva, e milhares de novos habitantes que fizeram a viagem antes que o tempo se torne mesmo, mesmo inclemente


ABBC gravou um vídeo na ilha de Lesbos, na Grécia, onde uma psicóloga se torna protagonista - pelas piores razões. É Angela Modarelli, dos Médicos Sem Fronteiras, que conta para as câmaras o que as crianças que ali vivem lhes contam nas consultas, e é quase impossível imaginarmos tal sofrimento nas nossas crianças, nos filhos dos nossos amigos, nos nossos sobrinhos, nos miúdos que vemos a sair dos portões da escolas.
Moria é o maior campo de refugiados na Europa, principalmente sírios, que se tornou um tema mundial, tem capacidade para pouco mais de 2000 pessoas mas neste momento tem perto de 18 mil. Os últimos três meses foram particularmente difíceis no campo porque o fluxo de migrantes voltou a crescer imenso - as pessoas querem chegar antes que se abata sobre o Mediterrâneo o inverno a sério.
A especialista em problemas psicológicos infanto-juvenis não tem equipa suficiente para a ajudar, tem voluntários e professores que acabam por também contribuir, nomeadamente através de atividades artísticas, para retirar estas crianças, nem que seja por alguns momentos, do mundo onde vivem. Mas alguns caem por entre os buracos largos desta rede de ajuda. 

“Cheguei aqui e comecei a ouvir crianças com sete e oito anos a dizer que queriam morrer. Não pensei que fosse algum dia fosse ouvir tal coisa”, diz na reportagem.

VÍDEOS






A reportagem mostra várias crianças a caminhar pelo campo enlameado, com alguma comida em sacos, sandálias em vez de botas quentes. Vêem-se mulheres com os filhos ao colo e também elas estão praticamente descalças. A certo ponto, os Médicos Sem Fronteiras são chamados à Clínica Pediátrica e Modarelli conta à BBC que o caso mais sério, naquele dia, era o de um adolescente que tinha “começado a magoar-se a si próprio” e que “diz que lhe apetece repetir esse ato porque o faz sentir-se melhor”.
As regras vão apertar para os requerentes de asilo na Grécia. O Governo da Nova Democracia, o partido grego de centro-direita que venceu as eleições este ano, quer deslocar as pessoas dos campos para alojamento temporário em hotéis na parte continental da Grécia e esse processo já está em curso. Até que isso aconteça, e dependendo se mais tarde estas crianças conseguem ter acesso a cuidados de saúde mental ou não, muitos vão continuar a nutrir os seus dramas internos sem ninguém que os ajude a resolvê-los. “As crianças em idade pré-escolar batem com a cabeça na parede consecutivamente ou então arrancam os cabelos, os que têm entre 12 e 17 anos fazem mal a eles mesmos, automutilam-se, e começam a falar do seu desejo de morrer”.
O caminho, explica a psicóloga, é duro mas é o único possível: “Enquanto elas aqui estão tentamos reconstruir as suas memórias de estabilidade e segurança, tentamos fortalecer a parte da sua personalidade que ainda está lá, que ainda subsiste”
expresso.pt


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