Ser o «bom aluno» da Europa, ter o rótulo de «cumpridor», receber elogios do Banco Central Europeu, é (quase) tudo para isto. Chamaram-lhe o «Cristiano Ronaldo das Finanças» e ele adorou. Centeno não cabe em si de vaidade, e na ânsia de uma ainda maior dose de alimento para o ego, já não olha a meios para agradar a «soberanos». É também isto explica que, sem qualquer tipo de necessidade acrescida, o Orçamento do Estado para o próximo ano consagre mais impostos, menos poder de compra, mais injustiça social, menos equilíbrio salarial, escasso investimento público e um continuado fechar de olhos à especulação ou à sobreacumulação de capitais. É vaidade e é também pura e dura ideologia. O PS fez hoje, como sempre, uma opção política. O PS não escolheu o país. O PS escolheu a UE. Sem nenhuma surpresa, o PS escolheu o capital.
Centeno quer «bons resultados» nas tabelinhas que seguem para Bruxelas, independentemente de o que tal possa representar na prática para a vida dos portugueses. O insuportável jargão do PS do país com «contas certas» - mas despesista no que toca a injectar liquidez na banca - oculta ou secundariza tudo aquilo que de grave e penoso o povo português precisou e precisa de suportar para que sejam atingidos determinados objectivos «contabilísticos», ou determinadas «metas percentuais» nascidas do cego burocratismo capitalista. Só que Centeno não tem qualquer problema em «vergar» o povo português à «exigência» da numerologia de Bruxelas, se é isso que o seu ego «pede». Ele próprio faz parte de uma «casta» de gente privilegiada que não tem a mínima noção do que é viver com a carga de impostos que a sua bitola determina, com o salário que a sua entourage exige, com as dotações orçamentais (ou falta delas) para os serviços públicos essenciais que deficientemente ele estipula. Centeno não faz a mais pequena ideia do que é viver em Portugal com um salário mínimo ou «médio» em Portugal, mas mesmo que faça, o que a sua atitude prova – a conferência de imprensa de apresentação do orçamento roça a arrogância mais extrema – é que mais do que inconsciência, o actual ministro das finanças entrou já numa espiral de vaidade incontrolável e com propósitos pessoais e políticos que talvez só o futuro venha a desvendar.
Na situação actual, apresentar «superavit» nas contas do país não é «disciplina» nem «rigor». É uma opção política absolutamente criminosa. É trair o povo e o país para agradar ao grande capital financeiro. É insultar quem vive do seu trabalho e sobrevive com a sua pensão. É desrespeitar quem usa o SNS, os transportes públicos, quem só pode recorrer ao que (ainda) é de todos nós. A luta impõe-se hoje como sempre! Este Orçamento não passa de um instrumento do capital contra quem trabalha! Este Orçamento traduz subserviência e vaidade! A todos os títulos inaceitável! A todos os títulos inconcebível!
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