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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

MEIA VERDADE É SEMPRE UMA MENTIRA INTEIRA (provérbio chinês)





José Gabriel (in facebook)

MEIA VERDADE É SEMPRE UMA MENTIRA INTEIRA (provérbio chinês)
Hoje, zapeando canais fora, dei com o tal Polígrafo, programa que parece entusiasmar tanta gente. Porém, este tipo de programas que promete "a verdade doa a quem doer" são, não raramente, os mais manipulativos e falsos de todos os programas. O segredo é velho, e já o poeta Aleixo nos advertia:
"P'ra mentira ser segura/e atingir profundidade,/tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade". 
E é segundo esta receita que funcionam muitos programas ditos de "informação".
Hoje, o rapaz Bernardo começou - era o prato forte, que isto, como nas saladas, tem de ter uma base - com a tóxica pergunta: "é verdade que metade da população paga o IRS da outra metade?".
Note-se que não há ali qualquer vestígio de compreensão pelo facto, nenhuma abordagem que tenha que ver com justiça social e redistribuição de riqueza produzida, de justa consideração dos salários de miséria e precaridade de emprego que sofre grande parte da população alegadamente "beneficiada" com o facto. Não. Fica só a insinuação - depois desenvolvida até à náusea - de que metade de nós sustenta a outra metade. Nada mais falacioso e estúpido, sim, mas tudo premeditado e obedecendo às técnicas mais subliminares de construção de falsas percepções da realidade. É a especialidade desta gentalha.

Mas, ó Bernardo, eu respondo à pergunta. Sim, eu sabia e acho muito bem. Mais: não sinto que a dita metade da população me deva seja o que for. Só gostava, como a maioria de nós, que tal não fosse necessário, mas pelas boas razões: salários justos, boa qualidade de vida para todos, igualdade de oportunidades.
E mais acrescento: o que eu não quero, o que me repugna profundamente, é que os meus impostos, em vez de financiarem políticas de justiça social e prestação pública de serviços, sirvam para pagar os golpes de banqueiros bandidos, os desmandos de governantes corruptos, despesas estúpidas e sumptuárias, um sistema de defesa caro e e organizacionalmente delirante, isenções fiscais absurdas a organizações com lucros fabulosos e fraca serventia. 
Mas de nada disto o pequeno Bernardo falou, não fossem os patrões ficar zangados. 
Eu, que já ando por cá há uns bons anos, já vi, como muitos de vós, de tudo. Até me lembro de um dos homens mais ricos do país declarar, para efeitos de IRS, o salário mínimo. Pois; são estes que nós não queremos financiar. Mas é este tipo de gente que vos paga, a si e à sua quadrilha, não é?

Compreendi-vos. E deixo-vos com as palavras do velho Aristóteles que, há milénios, já vos topava o jogo: "O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança". É esta a ideia, não é?

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