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É muito pouco comum que o advogado seja detido em conjunto com o seu cliente numa investigação. Foi o que aconteceu hoje, quando Joe Berardo e André Luiz Gomes, o seu braço-direito jurídico há quase 30 anos, foram detidos pela Polícia Judiciária para serem ouvidos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, no âmbito de um processo acerca dos prejuízos de cerca de mil milhões de euros provocados à Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco e BCP.
Quem é, afinal, André Luiz Gomes?
Polémico, agressivo, ambicioso, visto pelos colegas como “um tubarão”, é pouco consensual entre os advogados portugueses de corporate finance. O homem que foi advogado também de Horácio Roque e Paula Amorim, dirige o escritório Luiz Gomes e Associados desde 2017, onde se apresenta como “advogado recomendado por diversos diretórios da especialidade”, incluindo a Chambers Global, Chambers Europe e Plc Which Lawyer, pelo seu trabalho em Societário e Fusões e Aquisições, Mercado de Capitais e Capital de Risco. Como é hábito entre os advogados, é e foi administrador não executivo de diversas sociedades dos setores financeiro e de capital de risco, como aconteceu no BCP (entre 2012 e 2017) e na Fundação Coleção Berardo, onde desde o princípio é administrador não executivo.
André começou como jurista no escritório de advogados da família e chegou a dar aulas de Finanças Públicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Durante cinco anos, entre 1995 e 2000, foi membro do Conselho Consultivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Entre 2005 e 2015 foi sócio da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, de onde saiu em rutura com Manuel Castelo Branco e fundou o seu próprio escritório.
Presta assessoria a empresas de diferentes setores, com destaque para as instituições bancárias e outros intermediários financeiros, sociedades de capital de risco, empresas de media e telecomunicações, arte e cultura, sector automóvel, hotelaria e F&B. Tem também estado envolvido em operações de recapitalização bancária e na alienação de instituições do setor bancário e segurador. Em 2012 foi convidado para representar a CGD no caso da Cimpor.
Foi em 1992 que conheceu Berardo e Francisco Capelo, que construíram em conjunto a coleção Berardo. Desde então que tem sido o principal conselheiro jurídico do ainda Comendador. Ficou conhecido em 2007, durante a Assembleia geral do BCP onde começou a guerra de poder dos acionistas pelo banco, onde compareceu ao lado de Berardo. Terá sido ele que o apoiou durante os processos de reestruturação de créditos junto dos três bancos onde a sua dívida ascende a quase 1000 milhões de euros. Quando Berardo foi ao Parlamento em 2019, esteve também ao seu lado durante a audiência, ajudando-o ao longo de toda a inquirição.
Agora, poderá também ter de responder ao seu lado num processo que envolve burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. E acabou de ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre no DCIAP.
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