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O forte da Ínsua em Caminha vai ser transformado num hotel de luxo num investimento de 6,5 milhões de euros, a concretizar até 2024 pelo promotor DiverLanhoso.
O monumento que se avista no meio do mar, à saída da foz do rio Minho, está abandonado, mas foi habitado por duas famílias, enquanto teve faroleiro. Um dos últimos habitantes é o pescador João Paulo Porto de 59 anos, que atualmente trabalha num táxi-mar a transportar peregrinos de Caminha para a Galiza e visitantes para aquele ilhéu que considera ser a sua "casa".
"Já vou à Ínsua há 52 anos. Praticamente nasci lá. Os meus irmãos trabalhavam na pesca com o falecido Viriato, que era o faroleiro, e íamos todos para lá no verão. Quando comecei a ir era miúdo, tinha sete ou oito anos. Era uma vida formidável. Muito bonita", recorda o pescador conhecido em Caminha pela alcunha de "Cartucho".
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"Antigamente quando a minha mãe me mandava às compras, havia uns cartuchos onde eles metiam o arroz, a massa e isso. Eu tinha o vício de, quando chegava a casa e depois de a minha mãe meter a mercearia em frasquinhos, bufar e estourar aquilo. E pronto, ficou", conta enquanto guia o táxi-mar. Da infância o pescador guarda também uma caveira tatuada no braço, que faz dele "o pirata da Ínsua".
De bigode espesso e escuro, inspirado na "bigodaça" do falecido pai "Tomás da Nica", "Cartucho" tem a pele queimada das andanças no rio e no mar, e histórias sem fim para contar a quem com ele navega nas águas que tão bem conhece. O que mais gosta é de transportar gente para o antigo forte, a que chama "casa". E a TSF embarcou com ele e desembarcou no banco de areia branca, atapetado por milhares de cascas de mexilhão secas. No local onde "Cartucho" trepava as muralhas do forte, para aborrecimento do faroleiro Viriato, e mergulhava nu no mar na zona das "camboas" (pequenos lagos à beira-mar onde o peixe pequeno fica retido).
"Não sei se a palavra felicidade chega para descrever o que era a nossa vida aqui. Isto era maravilhoso e hoje ainda é. A Ínsua dá vida às pessoas. É um encanto. Não vejo coisa mais bonita e olhe que já corri mundo", diz, descrevendo os encantos do "seu" ilhéu. "Já viu este silêncio e esta paz? Só se ouvem os passarinhos. E este ar puro? Passar aqui um dia é uma maravilha e então se for a comer e a beber. E se depois dormir duas ou três horas, parece que dormiu uma noite inteira", comenta, convencendo quem o escuta das virtudes de uma estadia na Ínsua. Quem sabe no futuro hotel da DiverLanhoso, que "o pirata" aguarda com expectativa.
"É uma mais-valia. Mais vale do que estar como está, ao abandono. Um hotel quatro estrelas no meio do mar, numa ilha, vai ser bom para Caminha. Espero é que não modifiquem nada. Acho que não vão fazer, senão eu fazia uma manifestação e não havia hotel nenhum", afirma.
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