A Direção da Organização Regional do Algarve do PCP considera que a “troca de argumentos” entre PS e PSD sobre a redução de 50% nas portagens da Via do Infante a partir de julho corresponde a “ilusionismo político”.
“A troca de argumentos a que se assistiu entre o PS e o PSD na região do Algarve em torno desta matéria, reivindicando cada um para si a paternidade deste avanço, constitui uma tentativa de branqueamento das suas responsabilidades e de claro ilusionismo político”, referem os comunistas, em comunicado.
Recorde-se, o governo aprovou, na semana passada, em conselho de ministros, o novo modelo de redução de 50% do valor das taxas de portagens em cada passagem nos lanços e sublanços da Via do Infante e também das autoestradas do interior, em vigor a partir de 1 de julho.
Depois de o PS se ter congratulado com a medida, considerando que se trata do caminho para uma Via do Infante “tendencialmente gratuita”, o PSD sublinhou que os socialistas deviam “cobrir a cara de vergonha”.
Decisão "inseparável" da luta das populações algarvias
Já o PCP, em comunicado divulgado ontem, sublinha que a decisão “é inseparável da prolongada e persistente luta das populações algarvias e de outras regiões do país, pela abolição das portagens e pela devolução da Via do Infante (e das outras ex-SCUT) às populações”, a qual, “desde 2011, enfrentou a opção de sucessivos governos – quer do PSD/CDS, quer do PS”.
Os comunistas recordam ainda que a medida que avançará a partir de julho, decorrente da aprovação do Orçamento do Estado para 2021, só é possível “pela abstenção do PCP”, mesmo sem corresponder “às justas exigências e à luta que as populações e o PCP têm travado nesta matéria”.
“Luta que só estará concluída quando for alcançada a eliminação total das portagens – como aliás o PCP propôs na discussão do OE para 2021 - e o consequente resgate da concessão da Via do Infante”, frisa a DORAL.
Assim, acrescenta-se, a troca de argumentos entre PS e PSD “constitui uma tentativa de branqueamento das suas responsabilidades e de claro ilusionismo político”, porque, se as portagens se mantiveram em vigor nestes quase 10 anos, “foi por decisão e votação destas forças políticas, que recusaram sucessivamente as propostas do PCP para a sua eliminação”.
Em relação ao OE para 2021, prossegue o partido, “se por um lado o PS votou contra e tentou impedir a redução do valor das portagens em 50% (ameaçando com o recurso ao Tribunal Constitucional), por outro lado, o PSD votou contra o próprio Orçamento do Estado que, por estar em vigor, agora permite esta mesma redução”.
O PCP valoriza este avanço a partir de 1 de julho, mas ressalva que “não apaga todos os danos e custos causados à região do Algarve e às populações ao longo destes anos”, reafirmando que prosseguirá a sua intervenção e luta, quer pela abolição total das portagens na Via do Infante, quer pela requalificação total da EN 125, “também ela vítima de uma sinistra concessão”.
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