Sedutor e dramático, fez as amizades que o levaram para os blogues, jornais e programas que interessavam. Foi próximo de Passos e de Sócrates ao mesmo tempo e hoje é amigo de meia Lisboa, enquanto a outra meia o despreza.
"Era suposto ser um almoço, mas ele preferiu um jantar." No dia 24 de agosto de 2008, o Diário de Notícias (DN) publicava mais uma edição da sua rubrica Dois Cafés e a Conta, que era escrita aos domingos pelo jornalista Jorge Fiel e se resumia a uma pequena entrevista à mesa com uma personalidade. Mas naquela edição quem escreveu a rubrica não foi Jorge Fiel, mas Fernanda Câncio.
O entrevistado era Pedro Marques Lopes e a conta do jantar a dois no Pap’Açorda chegou aos €127,50: couvert (€5), carpaccio de mero (€16), pimentinhos padron (€10), linguadinhos fritos (€18), caldeirada (€25), Quinta dos Quatro Ventos tinto (€28), flûte de champanhe Mumm (€15), mousse de chocolate (€7), água do Luso (€2) e café (€1,50).
Foi uma frase profética. Poucos meses depois, PML aparecia como novo cronista do DN depois de o seu nome ter sido sugerido no jornal por Fernanda Câncio, como confirmaram à SÁBADO dois elementos da direção da altura.
Ao mesmo tempo, Pedro Marques Lopes era também próximo de José Sócrates (primeiro ministro e namorado de Fernanda Câncio), ao ponto de o receber em casa em jantares, como revelam à nossa revista duas fontes que estiveram nesses repastos, onde também iam outros membros do Eixo do Mal. Sócrates podia até ir a pé, porque a casa de Marques Lopes, na Borges Carneiro, distava apenas 200 metros da residência oficial do primeiro-ministro.
A influência do governo de Sócrates no grupo do DN (a Global Media) é hoje conhecida face ao exposto nos processos Face Oculta e Operação Marquês, mas na altura era apenas uma teoria do meio. Do outro lado da barricada estava o Público, que andava a publicar peças sobre a licenciatura do primeiro-ministro, com o DN a responder num editorial (16 de abril de 2007) que Sócrates foi "convincente nas respostas" e que o caso estava a ser "péssimo para o jornalismo português".
Quando entrou no DN, PML começou os ataques a tudo o que na imprensa incomodava Sócrates. O diretor do Público passou de referência a escárnio: se a 18 de maio de 2007 escrevia no blogue Atlântico que José Manuel Fernandes era "um grande senhor", a 10 de setembro de 2011 (é só um exemplo) já garantia no blogue União de Facto que "José Manuel Fernandes tomou banho".
Depois, o grupo Cofina, nomeadamente o Correio da Manhã e a SÁBADO (após o exclusivo da revista de 31 julho de 2014 – de que Sócrates estava a ser investigado pelo Ministério Público –, PML falou no Eixo do Mal em "canalhice", apelidou a revista de "pasquim" e disse que "chamar àquilo uma notícia é um insulto a qualquer jornalista").
Até João Miguel Tavares se tornou um alvo quando em 2009 foi processado por Sócrates por causa de uma crónica – PML respondeu com outra, irónica, chamada "Mártires da opinião". Ainda hoje, sempre que pode, PML ataca o jornalista, tal como ataca o Observador, jornal digital onde Tavares e José Manuel Fernandes coincidem.
"O que mais me irritava era eu achar que ele [PML] argumentava que estava a defender o segredo de justiça e a presunção da inocência, mas eu tinha sempre a sensação de que estava era a defender os seus amigos", diz João Miguel Tavares à SÁBADO. "É uma coisa muito comum em Portugal. Só que depois esse padrão não é mantido quando estão a falar de pessoas de que não gostam, ou que não são de Portugal. Ou seja, enches a boca apenas para proteger pessoas do teu círculo de amizades."
O mistério dos ataques a António Oliveira
Na mesma altura em que Pedro Marques Lopes (PML) recebia Sócrates em casa, fazia também parte do núcleo duro de Pedro Passos Coelho, candidato a líder da oposição.
Ao mesmo tempo, Pedro Marques Lopes era também próximo de José Sócrates (primeiro ministro e namorado de Fernanda Câncio), ao ponto de o receber em casa em jantares, como revelam à nossa revista duas fontes que estiveram nesses repastos, onde também iam outros membros do Eixo do Mal. Sócrates podia até ir a pé, porque a casa de Marques Lopes, na Borges Carneiro, distava apenas 200 metros da residência oficial do primeiro-ministro.
A influência do governo de Sócrates no grupo do DN (a Global Media) é hoje conhecida face ao exposto nos processos Face Oculta e Operação Marquês, mas na altura era apenas uma teoria do meio. Do outro lado da barricada estava o Público, que andava a publicar peças sobre a licenciatura do primeiro-ministro, com o DN a responder num editorial (16 de abril de 2007) que Sócrates foi "convincente nas respostas" e que o caso estava a ser "péssimo para o jornalismo português".
O jantar dos €127,50 entre Fernanda Câncio e o "ilustre desconhecido" Pedro Marques Lopes. A conta que aparece no jornal (€122,50) está mal feitaDR
Quando entrou no DN, PML começou os ataques a tudo o que na imprensa incomodava Sócrates. O diretor do Público passou de referência a escárnio: se a 18 de maio de 2007 escrevia no blogue Atlântico que José Manuel Fernandes era "um grande senhor", a 10 de setembro de 2011 (é só um exemplo) já garantia no blogue União de Facto que "José Manuel Fernandes tomou banho".
Depois, o grupo Cofina, nomeadamente o Correio da Manhã e a SÁBADO (após o exclusivo da revista de 31 julho de 2014 – de que Sócrates estava a ser investigado pelo Ministério Público –, PML falou no Eixo do Mal em "canalhice", apelidou a revista de "pasquim" e disse que "chamar àquilo uma notícia é um insulto a qualquer jornalista").
Até João Miguel Tavares se tornou um alvo quando em 2009 foi processado por Sócrates por causa de uma crónica – PML respondeu com outra, irónica, chamada "Mártires da opinião". Ainda hoje, sempre que pode, PML ataca o jornalista, tal como ataca o Observador, jornal digital onde Tavares e José Manuel Fernandes coincidem.
"O que mais me irritava era eu achar que ele [PML] argumentava que estava a defender o segredo de justiça e a presunção da inocência, mas eu tinha sempre a sensação de que estava era a defender os seus amigos", diz João Miguel Tavares à SÁBADO. "É uma coisa muito comum em Portugal. Só que depois esse padrão não é mantido quando estão a falar de pessoas de que não gostam, ou que não são de Portugal. Ou seja, enches a boca apenas para proteger pessoas do teu círculo de amizades."
O mistério dos ataques a António Oliveira
Na mesma altura em que Pedro Marques Lopes (PML) recebia Sócrates em casa, fazia também parte do núcleo duro de Pedro Passos Coelho, candidato a líder da oposição.
Desde finais de 2007 que PML auxiliava Passos, e isso incluía desferir ataques a todos os líderes do PSD em todos os fóruns que tinha ao dispor.
Marques Mendes (2005-07) foi mimado com "falta de jeito", "terrível preguiça", "falta de preparação", "trapalhada", "inenarráveis declarações", "pior exemplo da política portuguesa" ou "capacidade quase ilimitada de fazer e dizer disparates". Luís Filipe Menezes (2007-08) "de cada vez que pensamos que já disse todos os disparates, consegue sempre surpreender com mais um". E em Manuela Ferreira Leite (2008-10), PML só via "incompetência", "oposição inexistente", ou "nível zero". Com Menezes ainda foi pior porque o PSD levantou suspeitas sobre a contratação que a RTP fez de Fernanda Câncio para uma série de reportagens.
Nessa altura, PML, que era oficialmente de direita, parecia estar em dois tabuleiros (Sócrates e Passos), movendo a mesma peça: atacar o líder do PSD vigente. Quando o País se afundou numa grave crise financeira, em 2009, Sócrates só via à frente um Bloco Central de salvação nacional com Passos do outro lado. E até foi nesse ano que a TSF (outro órgão da Global Media) lançou um programa de debate chamado Bloco Central (com PML e o socialista Pedro Adão e Silva) e que o próprio PML criou um blogue chamado União de Facto ao lado de Francisco Proença de Carvalho, que mais tarde seria advogado do banqueiro Ricardo Salgado e que era filho de Daniel Proença de Carvalho, o advogado de José Sócrates.
Mesmo Daniel Proença de Carvalho, viria a ser nomeado administrador da Global Media, empresa cujo dono, Joaquim Oliveira, era há muito amigo e colega de golfe de Pedro Marques Lopes, que ainda hoje, sempre que pode, ataca o irmão daquele (António Oliveira), como ainda agora o fez a propósito da candidatura à câmara de Gaia. O que não é surpreendente porque Joaquim e António estão de relações cortadas há muito, assim como não é surpreendente que as duas figuras da justiça que PML mais atacou tenham sido o juiz de instrução da Operação Marquês e a procuradora do Apito Dourado, Carlos Alexandre e Maria José Morgado, as duas maiores dores de cabeça de José Sócrates e Pinto da Costa, o mesmo presidente do FC Porto que em 2018 entregou o "Dragão de Ouro" a Pedro Marques Lopes.
O espaço público português é quase sempre composto por estes puzzles escondidos e saber como é que um "ilustre desconhecido" conseguiu ser uma peça em tantos é o que se tenta contar a seguir
Marques Mendes (2005-07) foi mimado com "falta de jeito", "terrível preguiça", "falta de preparação", "trapalhada", "inenarráveis declarações", "pior exemplo da política portuguesa" ou "capacidade quase ilimitada de fazer e dizer disparates". Luís Filipe Menezes (2007-08) "de cada vez que pensamos que já disse todos os disparates, consegue sempre surpreender com mais um". E em Manuela Ferreira Leite (2008-10), PML só via "incompetência", "oposição inexistente", ou "nível zero". Com Menezes ainda foi pior porque o PSD levantou suspeitas sobre a contratação que a RTP fez de Fernanda Câncio para uma série de reportagens.
561 exemplares. Foi o que vendeu o seu livro de crónicas (Suaves Portugueses, de 2014)
Nessa altura, PML, que era oficialmente de direita, parecia estar em dois tabuleiros (Sócrates e Passos), movendo a mesma peça: atacar o líder do PSD vigente. Quando o País se afundou numa grave crise financeira, em 2009, Sócrates só via à frente um Bloco Central de salvação nacional com Passos do outro lado. E até foi nesse ano que a TSF (outro órgão da Global Media) lançou um programa de debate chamado Bloco Central (com PML e o socialista Pedro Adão e Silva) e que o próprio PML criou um blogue chamado União de Facto ao lado de Francisco Proença de Carvalho, que mais tarde seria advogado do banqueiro Ricardo Salgado e que era filho de Daniel Proença de Carvalho, o advogado de José Sócrates.
Mesmo Daniel Proença de Carvalho, viria a ser nomeado administrador da Global Media, empresa cujo dono, Joaquim Oliveira, era há muito amigo e colega de golfe de Pedro Marques Lopes, que ainda hoje, sempre que pode, ataca o irmão daquele (António Oliveira), como ainda agora o fez a propósito da candidatura à câmara de Gaia. O que não é surpreendente porque Joaquim e António estão de relações cortadas há muito, assim como não é surpreendente que as duas figuras da justiça que PML mais atacou tenham sido o juiz de instrução da Operação Marquês e a procuradora do Apito Dourado, Carlos Alexandre e Maria José Morgado, as duas maiores dores de cabeça de José Sócrates e Pinto da Costa, o mesmo presidente do FC Porto que em 2018 entregou o "Dragão de Ouro" a Pedro Marques Lopes.
O espaço público português é quase sempre composto por estes puzzles escondidos e saber como é que um "ilustre desconhecido" conseguiu ser uma peça em tantos é o que se tenta contar a seguir
Neto de um guarda-rios e de um taxista, filho de um milionário
Pedro Marques Lopes (PML) nasceu na madrugada de 22 de maio de 1966 em Santo Ildefonso, Porto. Os pais moravam numa zona modesta, na rua de Monsanto.
O pai, Domingos Marques Lopes, era um pequeno empresário que viria mais tarde a fazer fortuna. Nasceu em 1940 em Eira Vedra, Vieira do Minho, e teve mais sete irmãos.
O seu pai (o avô paterno de PML) "era guarda-rios", diz à SÁBADO o padre da aldeia, Luís Jácome. A mãe (a avó paterna de PML) "creio que era doméstica". Em 1965 casou-se com Maria Olímpia, filha única de uma professora primária e de um taxista ("A gente conhecia-o como o ‘Alfredo do assento’", recorda uma vizinha). Um ano depois nasceu PML e em 1971 uma filha, Leonor – já em Lisboa, para onde os Marques Lopes se tinham mudado.
Domingos Marques Lopes viria a fazer fortuna nos anos 90. Um acórdão de 2012 do Tribunal Central Administrativo Sul (relativo a uma ação fiscal do Feira Nova contra a Fazenda) revela que em 1992 o pai de Pedro Marques Lopes era o principal acionista de uma holding de hipermercados (entre eles o Feira Nova) vendida à Jerónimo Martins (JM) por €142 milhões (preços de hoje). Esse valor foi por 74%. Os outros 26% foram comprados pela JM por €49 milhões a uma holding da Zona Franca da Madeira detida por duas empresas sediadas em paraísos fiscais (Gibraltar e Ilhas Virgens) – não está escrito quem eram os seus acionistas.
Além do império de supermercados que começou no Minho nos anos 70-80, Domingos Marques Lopes teve gasolineiras, foi administrador da Casa da Sorte e presidente de uma imobiliária do universo do BPN, banco de que foi secretário da Mesa da Assembleia-Geral (saiu em 2008, em vésperas da nacionalização). Hoje, gere património e é sócio na Ourogal (azeite).
O filho não teve tanto sucesso. Pedro Marques Lopes é vogal na Dónigo, empresa fundada pelo pai em 1980. Com capital social de €12 milhões, já se chamou Ino – Supermercados e é hoje uma imobiliária com seis alojamentos locais no Grande Porto. Teve em 2019 vendas de €310 mil e resultados de €22 mil (em 2018 tinham sido de €844 mil). É vogal noutra imobiliária, a Edipad, fundada em 2001 com capital social de €250 mil. Em 2019 teve vendas de €553 mil e resultados líquidos de €189 mil. Desde 1991, teve participações em várias empresas já extintas, incluindo de eventos (TeamPlay), exploração agrícola e pecuária (Monte da Borra), computadores (Desembrulhadas), construção (Século XVII, Mestre Pedreiro e Senama) e postos de combustível (Auto D. Dinis de Odivelas).
Em 1985, PML entrou em Direito na Católica. Falámos com três ex-colegas e todos disseram o mesmo. PML era "popular, gozão e sem filtro; era um tipo do Norte entre os betos de Lisboa". Mais: "Era endinheirado, era livre [financeiramente], mais do que os outros; foi a primeira pessoa que vi a usar um cartão de multibanco." PML atravessou o curso apenas com uma namorada (a "Bel"), que era o oposto, "uma ternura, muito calma; era difícil perceber como é que aquela relação batia certo, porque ele era um espalha-brasas".
A turma criou o primeiro jornal na Católica, A Palmada, onde PML terá escrito as primeiras opiniões. Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos professores, Jorge Brito Ferreira (ex-advogado de Isabel dos Santos) foi um dos colegas de curso. Outra colega foi Paula Lourenço, que viria a ser a advogada de Carlos Santos Silva, o amigo rico de Sócrates. Lisboa sempre foi assim: pequena.
PML não exerceu e foi trabalhar nos negócios do pai, mas a dada altura terá tido um susto de saúde e decidiu que queria ser feliz e cumprir o seu sonho: escrever, opinar, ser influente. Esta viragem faz parte da sua narrativa de vida e deve tê-la contado dezenas de vezes porque várias fontes (díspares entre elas) nos disseram que lha ouviram.
A visibilidade de PML começou nos blogues numa altura em que eram uma febre.
Domingos Marques Lopes viria a fazer fortuna nos anos 90. Um acórdão de 2012 do Tribunal Central Administrativo Sul (relativo a uma ação fiscal do Feira Nova contra a Fazenda) revela que em 1992 o pai de Pedro Marques Lopes era o principal acionista de uma holding de hipermercados (entre eles o Feira Nova) vendida à Jerónimo Martins (JM) por €142 milhões (preços de hoje). Esse valor foi por 74%. Os outros 26% foram comprados pela JM por €49 milhões a uma holding da Zona Franca da Madeira detida por duas empresas sediadas em paraísos fiscais (Gibraltar e Ilhas Virgens) – não está escrito quem eram os seus acionistas.
Além do império de supermercados que começou no Minho nos anos 70-80, Domingos Marques Lopes teve gasolineiras, foi administrador da Casa da Sorte e presidente de uma imobiliária do universo do BPN, banco de que foi secretário da Mesa da Assembleia-Geral (saiu em 2008, em vésperas da nacionalização). Hoje, gere património e é sócio na Ourogal (azeite).
O filho não teve tanto sucesso. Pedro Marques Lopes é vogal na Dónigo, empresa fundada pelo pai em 1980. Com capital social de €12 milhões, já se chamou Ino – Supermercados e é hoje uma imobiliária com seis alojamentos locais no Grande Porto. Teve em 2019 vendas de €310 mil e resultados de €22 mil (em 2018 tinham sido de €844 mil). É vogal noutra imobiliária, a Edipad, fundada em 2001 com capital social de €250 mil. Em 2019 teve vendas de €553 mil e resultados líquidos de €189 mil. Desde 1991, teve participações em várias empresas já extintas, incluindo de eventos (TeamPlay), exploração agrícola e pecuária (Monte da Borra), computadores (Desembrulhadas), construção (Século XVII, Mestre Pedreiro e Senama) e postos de combustível (Auto D. Dinis de Odivelas).
Em 1985, PML entrou em Direito na Católica. Falámos com três ex-colegas e todos disseram o mesmo. PML era "popular, gozão e sem filtro; era um tipo do Norte entre os betos de Lisboa". Mais: "Era endinheirado, era livre [financeiramente], mais do que os outros; foi a primeira pessoa que vi a usar um cartão de multibanco." PML atravessou o curso apenas com uma namorada (a "Bel"), que era o oposto, "uma ternura, muito calma; era difícil perceber como é que aquela relação batia certo, porque ele era um espalha-brasas".
A turma criou o primeiro jornal na Católica, A Palmada, onde PML terá escrito as primeiras opiniões. Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos professores, Jorge Brito Ferreira (ex-advogado de Isabel dos Santos) foi um dos colegas de curso. Outra colega foi Paula Lourenço, que viria a ser a advogada de Carlos Santos Silva, o amigo rico de Sócrates. Lisboa sempre foi assim: pequena.
Em 1986, com 20 anos (e com cabelo), num jantar de turma do curso de Direito da CatólicaDR
PML não exerceu e foi trabalhar nos negócios do pai, mas a dada altura terá tido um susto de saúde e decidiu que queria ser feliz e cumprir o seu sonho: escrever, opinar, ser influente. Esta viragem faz parte da sua narrativa de vida e deve tê-la contado dezenas de vezes porque várias fontes (díspares entre elas) nos disseram que lha ouviram.
A visibilidade de PML começou nos blogues numa altura em que eram uma febre.
Foi na blogosfera que nasceram grande parte das estrelas das colunas de jornais de hoje. Muitos chegaram a deputados e alguns estão no Governo (o secretário de estado João Galamba e a ministra Mariana Vieira da Silva). Quanto a PML, todos são unânimes em considerar João Marques de Almeida, consultor, ex-assessor de Durão Barroso na Comissão Europeia, como "o pai do monstro", para usar uma expressão emprestada de uma das fontes. "Tínhamos amigos em comum e apresentei-o ao Paulo Pinto Mascarenhas", diz à SÁBADO. Este último, ex-jornalista, ex-assessor de Paulo Portas no governo de Durão Barroso (2002-04), criou em 2004 um blogue coletivo de direita, O Acidental. PML estava entre os 23 autores.
O pedido a João Quadros para chegar a Nuno Artur Silva
Em 2006, PML entrou noutro blogue coletivo famoso na altura, o 31 da Armada. A cidade continha em si uma aldeia de bloggers. "No 31 da Armada fazíamos festas onde convidávamos toda a gente. De esquerda também. As pessoas davam-se, o ambiente era saudável", recorda à SÁBADO Rodrigo Moita de Deus, cofundador.
Muitas redes de contactos nasceram assim na noite de Lisboa – no Frágil, no Lux, no Incógnito, no Snob, no Old Vic – e não foi de estranhar que em 2007, quando foi lançado um blogue pelo referendo sobre o aborto, estivessem lá a escrever esquerdistas (Câncio, Daniel Oliveira, Isabel Moreira ou Pedro Adão e Silva) e passistas (PML, Vasco Rato ou Carlos Abreu Amorim). Uma fonte desse movimento diz à SÁBADO que Câncio e PML se tornaram mais próximos nessa causa comum.
Longe dos negócios do pai, PML estava agora no seu habitat. "É um tipo sedutor, muito bom vendedor, muito afável, põe-nos logo à vontade, acabou de nos conhecer e já nos trata por ‘meu querido’", disse-nos uma fonte. Outra quis desmistificar a ideia de que é só um tipo porreiro: "Ele não pode ser subestimado, de todo. Não é destituído de inteligência e quem o subestimar está tramado, porque quando der por ela, já soltou o seu charme." Os dois retratos fazem lembrar um post de PML em 2011 no blogue Sinusite Crónica, recordando o que aprendeu nas empresas do pai: "O merceeiro, que nunca deixarei de ser, é mais forte que os meus apetites. A atividade do merceeiro é vender. Se não se vender não se é merceeiro. Não é o produto que define o comerciante, é a venda."
A chegada ao Eixo do Mal – programa da SIC Notícias feito pelas Produções Fictícias, cujo dono era Nuno Artur Silva, o atual secretário de Estado da Cultura – é todo um programa de vendas. João Quadros, na altura guionista na produtora, recorda à SÁBADO um jantar com PML (de quem era vizinho e conhecido desde a infância). "Ele pediu-me para o apresentar ao Nuno Artur Silva porque queria fazer coisas para aparecer, segundo as suas palavras.
O pedido a João Quadros para chegar a Nuno Artur Silva
Em 2006, PML entrou noutro blogue coletivo famoso na altura, o 31 da Armada. A cidade continha em si uma aldeia de bloggers. "No 31 da Armada fazíamos festas onde convidávamos toda a gente. De esquerda também. As pessoas davam-se, o ambiente era saudável", recorda à SÁBADO Rodrigo Moita de Deus, cofundador.
Muitas redes de contactos nasceram assim na noite de Lisboa – no Frágil, no Lux, no Incógnito, no Snob, no Old Vic – e não foi de estranhar que em 2007, quando foi lançado um blogue pelo referendo sobre o aborto, estivessem lá a escrever esquerdistas (Câncio, Daniel Oliveira, Isabel Moreira ou Pedro Adão e Silva) e passistas (PML, Vasco Rato ou Carlos Abreu Amorim). Uma fonte desse movimento diz à SÁBADO que Câncio e PML se tornaram mais próximos nessa causa comum.
Como todos os comentadores, já se enganou muito. Previu a derrota do PSD nas Europeias de 2009 e um descalabro do CDS-PP nas Legislativas de 2011. E em vésperas da geringonça: “Até me dá vontade de rir quando se faz o discurso de que António Costa vai unir a esquerda”DR
Longe dos negócios do pai, PML estava agora no seu habitat. "É um tipo sedutor, muito bom vendedor, muito afável, põe-nos logo à vontade, acabou de nos conhecer e já nos trata por ‘meu querido’", disse-nos uma fonte. Outra quis desmistificar a ideia de que é só um tipo porreiro: "Ele não pode ser subestimado, de todo. Não é destituído de inteligência e quem o subestimar está tramado, porque quando der por ela, já soltou o seu charme." Os dois retratos fazem lembrar um post de PML em 2011 no blogue Sinusite Crónica, recordando o que aprendeu nas empresas do pai: "O merceeiro, que nunca deixarei de ser, é mais forte que os meus apetites. A atividade do merceeiro é vender. Se não se vender não se é merceeiro. Não é o produto que define o comerciante, é a venda."
A chegada ao Eixo do Mal – programa da SIC Notícias feito pelas Produções Fictícias, cujo dono era Nuno Artur Silva, o atual secretário de Estado da Cultura – é todo um programa de vendas. João Quadros, na altura guionista na produtora, recorda à SÁBADO um jantar com PML (de quem era vizinho e conhecido desde a infância). "Ele pediu-me para o apresentar ao Nuno Artur Silva porque queria fazer coisas para aparecer, segundo as suas palavras.
Eu perguntei-lhe o que é que ele ia para lá fazer se não escrevia." Não o fez. "Nunca meto cunhas."
Quem fez então a ponte? Foi outro blogger d’O Acidental. "Quem me falou do Pedro Marques Lopes foi o Nuno Costa Santos", recorda à SÁBADO Nuno Artur Silva. "Comecei a lê-lo, gostei do que ele escrevia, e depois conheci-o e gostei logo dele. Era um tipo curioso. Lembro-me de me dizer que chegou a um momento da vida em que só queria fazer o que lhe apetecia." Ficaram amigos. "O Pedro é muito sociável, gosta muito de rir, de conversar, é um hedonista, é viver a vida e tirar partido dela. Adora conversar, adora almoços e jantares, adora intriguices, adora humor – uma das coisas de que gosto imenso é da gargalhada dele e dos disparates que a gente diz quando vamos almoçar. Estamos o tempo todo a rir, é um tipo francamente bem-humorado."
Contámos a Nuno Artur Silva o sucedido com João Quadros. "Se me está a perguntar se eu me senti usado, de maneira nenhuma", diz. "Nunca senti que o Pedro estivesse atrás do que lhe pudesse proporcionar."
PML pegou de estaca nas Produções Fictícias no verão de 2008. Começou por fazer comentários de futebol para um canal de Internet que a produtora tinha no portal Sapo (o embrião do atual Canal Q) e logo depois, quando José Júdice saiu do Eixo do Mal, Nuno Artur Silva convidou-o para o substituir. Só no Canal Q encontrámo-lo em seis programas; num deles, Inferno, apareceu 13 vezes, entre as temporadas 1 e 7 (2011 a 2017).
O mesmo aconteceu na Global Media – uma vez dentro do DN, começou a espalhar-se pela empresa: teve programas na TSF e crónicas e rubricas na Life, no Jornal de Notícias e no Dinheiro Vivo. Em 2009, ganhava €1.000 para escrever no DN (mais tarde passou para €1.200) e €250 por cada programa semanal do Eixo do Mal, apurou a SÁBADO.
Passos Coelho foi ao Frágil?
Falta uma ligação: com Passos Coelho. Nasceu também através de outro blogger d’O Acidental, Vasco Rato, politólogo e professor universitário. A história remonta a finais de 2007, quando Pedro Passos Coelho começou a preparar a sua candidatura ao PSD e teve almoços e jantares com várias personalidades para falar sobre o estado do País. Vasco Rato ajudou nesses contactos e entre eles estava Pedro Marques Lopes (PML). Foi assim que Passos Coelho o conheceu, num almoço no resturante japonês de Tomo Kanazawa, em Pedrouços, recorda Vasco Rato à SÁBADO. Passos Coelho não resistiu à energia de Marques Lopes, e este começou aqui o seu Bloco Central privativo que iria durar até à primavera de 2010.
Do outro lado estava José Sócrates, outro sedutor, e este muito preocupado com a opinião publicada. "Houve ali um momento em que o Sócrates decidiu arregimentar uma série de bloggers em jantares e conferências. O Pedro Marques Lopes foi só mais um deles.
Quem fez então a ponte? Foi outro blogger d’O Acidental. "Quem me falou do Pedro Marques Lopes foi o Nuno Costa Santos", recorda à SÁBADO Nuno Artur Silva. "Comecei a lê-lo, gostei do que ele escrevia, e depois conheci-o e gostei logo dele. Era um tipo curioso. Lembro-me de me dizer que chegou a um momento da vida em que só queria fazer o que lhe apetecia." Ficaram amigos. "O Pedro é muito sociável, gosta muito de rir, de conversar, é um hedonista, é viver a vida e tirar partido dela. Adora conversar, adora almoços e jantares, adora intriguices, adora humor – uma das coisas de que gosto imenso é da gargalhada dele e dos disparates que a gente diz quando vamos almoçar. Estamos o tempo todo a rir, é um tipo francamente bem-humorado."
Contámos a Nuno Artur Silva o sucedido com João Quadros. "Se me está a perguntar se eu me senti usado, de maneira nenhuma", diz. "Nunca senti que o Pedro estivesse atrás do que lhe pudesse proporcionar."
Com os filhos, a enteada e Pinto da Costa na gala em que recebeu o Dragão de Ouro. Marques Lopes casou-se em 1993. A mulher era divorciada e tinha uma menina de 4 anos. Tiveram dois filhos e divorciaram-se em 2016Facebook Pedro Marques Lopes
PML pegou de estaca nas Produções Fictícias no verão de 2008. Começou por fazer comentários de futebol para um canal de Internet que a produtora tinha no portal Sapo (o embrião do atual Canal Q) e logo depois, quando José Júdice saiu do Eixo do Mal, Nuno Artur Silva convidou-o para o substituir. Só no Canal Q encontrámo-lo em seis programas; num deles, Inferno, apareceu 13 vezes, entre as temporadas 1 e 7 (2011 a 2017).
O mesmo aconteceu na Global Media – uma vez dentro do DN, começou a espalhar-se pela empresa: teve programas na TSF e crónicas e rubricas na Life, no Jornal de Notícias e no Dinheiro Vivo. Em 2009, ganhava €1.000 para escrever no DN (mais tarde passou para €1.200) e €250 por cada programa semanal do Eixo do Mal, apurou a SÁBADO.
Passos Coelho foi ao Frágil?
Falta uma ligação: com Passos Coelho. Nasceu também através de outro blogger d’O Acidental, Vasco Rato, politólogo e professor universitário. A história remonta a finais de 2007, quando Pedro Passos Coelho começou a preparar a sua candidatura ao PSD e teve almoços e jantares com várias personalidades para falar sobre o estado do País. Vasco Rato ajudou nesses contactos e entre eles estava Pedro Marques Lopes (PML). Foi assim que Passos Coelho o conheceu, num almoço no resturante japonês de Tomo Kanazawa, em Pedrouços, recorda Vasco Rato à SÁBADO. Passos Coelho não resistiu à energia de Marques Lopes, e este começou aqui o seu Bloco Central privativo que iria durar até à primavera de 2010.
Do outro lado estava José Sócrates, outro sedutor, e este muito preocupado com a opinião publicada. "Houve ali um momento em que o Sócrates decidiu arregimentar uma série de bloggers em jantares e conferências. O Pedro Marques Lopes foi só mais um deles.
Foi completamente seduzido por aquilo. Era giro, era o poder, o ficar a saber as coisas em primeira mão, o que para um comentador até faz algum sentido", diz Rodrigo Moita de Deus.
Passos fez a mesma coisa nas suas campanhas no PSD e PML ajudou nos contactos. "Houve uns sete ou oito almoços e jantares em Lisboa, quase sempre no Nobre, porque tinha uma sala à parte. Eram convidados bloggers de todas as tendências", recorda um elemento do staff de Passos. "Lembro-me perfeitamente do fim de um desses jantares, já cá fora, na rua, um desses bloggers perguntou ao Passos se não queria ir ao Frágil, porque estavam lá o Marques Lopes e a Câncio." Passos não foi.
Pouco tempo depois do almoço, os dois Pedros já se tratavam por tu e eram próximos.
A amizade com Sócrates foi ocultada do grande público. Em 2016, Sócrates usou um artigo de Pedro Marques Lopes num pedido de recusa do juiz Carlos Alexandre da Operação MarquêsDR
Passos fez a mesma coisa nas suas campanhas no PSD e PML ajudou nos contactos. "Houve uns sete ou oito almoços e jantares em Lisboa, quase sempre no Nobre, porque tinha uma sala à parte. Eram convidados bloggers de todas as tendências", recorda um elemento do staff de Passos. "Lembro-me perfeitamente do fim de um desses jantares, já cá fora, na rua, um desses bloggers perguntou ao Passos se não queria ir ao Frágil, porque estavam lá o Marques Lopes e a Câncio." Passos não foi.
Pouco tempo depois do almoço, os dois Pedros já se tratavam por tu e eram próximos.
A 15 de março de 2008, o DN escrevia que Passos jantara dois dias antes com Pedro Marques Lopes, "analista político e um dos bloggers de maior sucesso". A 19 de abril, Passos Coelho foi à sede do PSD formalizar a candidatura "num potente Mercedes conduzido por… Pedro Marques Lopes", escrevia de novo o DN, que não tinha dúvidas: "Cada vez mais, Marques Lopes se afigura como o principal conselheiro de Passos. Um braço-direito na verdadeira aceção da palavra." A 24 de agosto, Fernanda Câncio jantava com PML no Pap’Açorda (a refeição dos €127,50) e descrevia-o assim: "Há quem o diga ‘a cabeça’ de Pedro Passos Coelho." A seguir, indicou-o à direção do DN. Marques Lopes chegou ao jornal com o mesmo rótulo com que chegou ao Eixo do Mal: alguém que falava pelo novo PSD, o de Passos.
Em pouco tempo, PML já conhecia meia Lisboa e aparecia em todo o lado: debates, conferências, movimentos, entrevistas e manifestos. Começou a escrever sobre golfe porque o diretor da revista Golfe Magazine (Ramiro Jesus) o conhecia do campo da Penha Longa, e lhe pediu umas crónicas pro bono, como contou à SÁBADO. Apareceu como convidado em vários festivais literários (Braga, Oeiras, Matosinhos, Guimarães, Viseu, etc.) porque eram todos organizados pela mesma empresa, a Booktailors, cujo dono, Paulo Ferreira, conheceu PML em lançamentos de livros de amigos, diz à SÁBADO. Haverá razões iguais para textos seus de blogues terem sido publicados num jornal de Moçambique (A Verdade) ou para ter escrito numa revista erótica portuguesa (Penthouse), mas os respetivos diretores não quiserem falar para este artigo. E começou a escrever n’A Bola e a opinar n’A Bola TV, porque era um portista conhecido, diz à SÁBADO Vítor Serpa, o diretor.
O padrão estabeleceu-se num círculo: os amigos levaram-no para espaços de opinião, que trouxeram a notoriedade que originou novos espaços de opinião.
A sua lista de colaborações e opiniões desde 2004 é extraordinária. Encontrá-mo-lo em 11 blogues e sites (O Acidental, 31 da Armada, Atlântico, Sim ao Referendo, Sinusite Crónica, Pedro Marques Lopes, União de Facto, Fãs da Madeira, Sapo, TV Net e Bons Rapazes).
Em jornais e revistas, também 11: DN, JN, A Bola, Jornal I, Dinheiro Vivo, Life, Atlântico, Epicur, Penthouse, A Verdade e Golfe Magazine.
Finalmente, em três rádios (Europa, RCP e TSF) e cinco canais de televisão (SIC Notícias, Canal Q, RTP 3, A Bola TV e Porto Canal)
Este ano, saiu do DN depois de uma longa colaboração. O jornal renegociou as avenças com os cronistas e Marques Lopes, soube a SÁBADO, não aceitou e saiu.
O segredo com Sócrates e o choque com Relvas
Dando-se com Sócrates e Passos, PML não o escondia. Uma fonte lembra-se de "estarmos a discutir política e ele estar sempre ‘pois, eu já disse isso ao Pedro [Passos Coelho]’"
Em pouco tempo, PML já conhecia meia Lisboa e aparecia em todo o lado: debates, conferências, movimentos, entrevistas e manifestos. Começou a escrever sobre golfe porque o diretor da revista Golfe Magazine (Ramiro Jesus) o conhecia do campo da Penha Longa, e lhe pediu umas crónicas pro bono, como contou à SÁBADO. Apareceu como convidado em vários festivais literários (Braga, Oeiras, Matosinhos, Guimarães, Viseu, etc.) porque eram todos organizados pela mesma empresa, a Booktailors, cujo dono, Paulo Ferreira, conheceu PML em lançamentos de livros de amigos, diz à SÁBADO. Haverá razões iguais para textos seus de blogues terem sido publicados num jornal de Moçambique (A Verdade) ou para ter escrito numa revista erótica portuguesa (Penthouse), mas os respetivos diretores não quiserem falar para este artigo. E começou a escrever n’A Bola e a opinar n’A Bola TV, porque era um portista conhecido, diz à SÁBADO Vítor Serpa, o diretor.
O padrão estabeleceu-se num círculo: os amigos levaram-no para espaços de opinião, que trouxeram a notoriedade que originou novos espaços de opinião.
A sua lista de colaborações e opiniões desde 2004 é extraordinária. Encontrá-mo-lo em 11 blogues e sites (O Acidental, 31 da Armada, Atlântico, Sim ao Referendo, Sinusite Crónica, Pedro Marques Lopes, União de Facto, Fãs da Madeira, Sapo, TV Net e Bons Rapazes).
Em jornais e revistas, também 11: DN, JN, A Bola, Jornal I, Dinheiro Vivo, Life, Atlântico, Epicur, Penthouse, A Verdade e Golfe Magazine.
Finalmente, em três rádios (Europa, RCP e TSF) e cinco canais de televisão (SIC Notícias, Canal Q, RTP 3, A Bola TV e Porto Canal)
Este ano, saiu do DN depois de uma longa colaboração. O jornal renegociou as avenças com os cronistas e Marques Lopes, soube a SÁBADO, não aceitou e saiu.
O segredo com Sócrates e o choque com Relvas
Dando-se com Sócrates e Passos, PML não o escondia. Uma fonte lembra-se de "estarmos a discutir política e ele estar sempre ‘pois, eu já disse isso ao Pedro [Passos Coelho]’"
Era frequente falar de Sócrates em jantares. Num deles, do blogue Atlântico, no restaurante Alfândega, com dezenas de pessoas à mesa, "fez questão de dizer que era íntimo do Sócrates", recorda quem lá estava. "Ele gostava de aparecer como o conselheiro do príncipe, fosse qual fosse, o Sócrates, ou o Passos Coelho, um tipo que estava por dentro das coisas, um conselheiro, que era escutado e ouvido quando era preciso tomar decisões." Se a proximidade com Passos foi pública, a com Sócrates foi privada – a SÁBADO não encontrou qualquer disclaimer de PML aos seus leitores, ouvintes ou telespetadores, como fez por exemplo há pouco tempo com Nuno Artur Silva, quando comentou no Eixo do Mal uma polémica do secretário de Estado da Cultura.
Subitamente, PML passou a crítico de Passos Coelho.
Subitamente, PML passou a crítico de Passos Coelho.
Corre a teoria de que almejava um cargo que lhe foi sonegado.
A ideia de que PML queria ser político é controversa.
Até para ele. Em 2014 dizia no Canal Q: "Nunca pensei na minha vida exercer um cargo político." E no mesmo ano ao Expresso: "Acho perfeitamente possível. Se o cargo político for interessante, não vejo porque não."
No mínimo, a relação foi ficando fria. Há relatos de que PML se gabava de ser o cérebro de Passos, há suspeitas de fugas de informação para o DN e para Sócrates, ou que PML antecipava nos seus espaços de opinião as estratégias de Passos (a gota de água terá sido o discurso no congresso de 12 de março de 2010). Várias fontes garantiram-nos que Miguel Relvas, braço-direito de Passos, chocou de frente com PML. Quando Passos foi eleito no PSD, a 26 de março de 2010, PML estava já distante. No verão, já não era visto no PSD.
O DN bem promoveu Pedro Marques Lopes em 2008, mas o braço-direito de Passos era Miguel Relvas
No mínimo, a relação foi ficando fria. Há relatos de que PML se gabava de ser o cérebro de Passos, há suspeitas de fugas de informação para o DN e para Sócrates, ou que PML antecipava nos seus espaços de opinião as estratégias de Passos (a gota de água terá sido o discurso no congresso de 12 de março de 2010). Várias fontes garantiram-nos que Miguel Relvas, braço-direito de Passos, chocou de frente com PML. Quando Passos foi eleito no PSD, a 26 de março de 2010, PML estava já distante. No verão, já não era visto no PSD.
O conselheiro acabava de perder um dos seus príncipes.
Depois, foi um crescendo de críticas até ao fim da legislatura de Passos, em 2015. A amizade com Sócrates e os ataques a todos os líderes do PSD deixaram-no com anticorpos em toda a Lisboa de direita. João Marques de Almeida, o que "criou o monstro", não esconde a surpresa: "Fiquei muito surpreendido. Eu não seria capaz de atacar pessoas com quem trabalhei e que me fizeram convites. Chama-se a isso lealdade. E credibilidade das nossas opiniões. Só uma grande ambição pode explicar a falta de lealdade."
Fernanda Câncio não respondeu aos nossos emails, sms, chamadas e mensagens via WhatsApp. Sócrates não quis saber qual era o assunto e desligou o telefone. Miguel Relvas e Nuno Costa Santos não quiseram falar. Pedro Marques Lopes disse que só respondia por escrito, por email. Fizemos-lhe perguntas sobre Sócrates, Câncio, António Oliveira, Nuno Artur Silva e Passos Coelho. Respondeu por email: "As perguntas que me envia são insidiosas e insultuosas. Não pretendem traçar um perfil, são um processo de intenções, prática aliás comum do grupo empresarial de que faz parte. Não as posso, evidentemente, considerar."
Depois, foi um crescendo de críticas até ao fim da legislatura de Passos, em 2015. A amizade com Sócrates e os ataques a todos os líderes do PSD deixaram-no com anticorpos em toda a Lisboa de direita. João Marques de Almeida, o que "criou o monstro", não esconde a surpresa: "Fiquei muito surpreendido. Eu não seria capaz de atacar pessoas com quem trabalhei e que me fizeram convites. Chama-se a isso lealdade. E credibilidade das nossas opiniões. Só uma grande ambição pode explicar a falta de lealdade."
Fernanda Câncio não respondeu aos nossos emails, sms, chamadas e mensagens via WhatsApp. Sócrates não quis saber qual era o assunto e desligou o telefone. Miguel Relvas e Nuno Costa Santos não quiseram falar. Pedro Marques Lopes disse que só respondia por escrito, por email. Fizemos-lhe perguntas sobre Sócrates, Câncio, António Oliveira, Nuno Artur Silva e Passos Coelho. Respondeu por email: "As perguntas que me envia são insidiosas e insultuosas. Não pretendem traçar um perfil, são um processo de intenções, prática aliás comum do grupo empresarial de que faz parte. Não as posso, evidentemente, considerar."
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