Quando aconteceu o 25 de Abril já eu caminhava para os dois anos de comissão militar na Guiné.
Agora recordo as alegrias desse dia de libertação e de esperança, e ao mesmo tempo com muita mágoa também me assalta o pensamento que cumpridos 47 anos do derrube do fascismo que Salazar e Caetano impuseram ao povo durante 48 anos, o horizonte de justiça e liberdade que o povo queria e merecia está longe de atingir e poderá perigosamente regredir se o povo não se decidir a mudar definitivamente o rumo podre e alienante em que Portugal está atolado.
São estes números que bailam na minha cabeça, 47 e 48.
O número quarenta e sete é a soma de anos que já passaram depois de Abril de 1974 e que amanhã se poderiam assinalar sem nuvens negras a pairar sobre o povo e as conquistas nascidas desse dia glorioso que vergonhosamente foram sendo retiradas pelos traidores do PS/PSD/CDS, com políticas de saque e favorecimento constante ao capitalismo, através de atropelos à Constituição Portuguesa, roubo de direitos, corrupção e completo desprezo pelos que trabalham e constroem este país..
Amanhã deveria ser um dia de repleta alegria mas infelizmente é o número 48 que está de novo no calendário dos portugueses.
O fascismo antigo agora reforçado com novas caras está de novo a turvar os dias do nosso povo e anda por aí de maneira feroz, odiosa e agressivamente a querer impor de novo a escravidão e a escuridão.
António Garrochinho
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