Também para memória futura, deixo aqui o gráfico abaixo: enquanto a dívida pública nas economias avançadas atingiu níveis historicamente sem precedentes, as taxas de juro associadas evoluíram em sentido inverso e, situando-se muito próximo do zero, estão hoje, igualmente, historicamente baixas.
Dívida Pública e Taxas de Juros Obrigacionistas nas Economias Avançadas, 1880-2020
(Dívida Pública em % do PIB, escala da esquerda; juros em %, escala da direita)
É um gráfico muito útil num contexto político em que a direita lusa tenta recuperar a tese estafada, falida e contra o interesse nacional, segundo a qual a intervenção externa que o país sofreu, em 2011, foi o resultado da incapacidade de o Estado se financiar - a mentira da bancarrota - em consequência de taxas de juro incomportáveis então exigidas pelos mercados, taxas de juros essas que pretensamente seriam função do alto nível de endividamento público do país.
A dívida pública, no fim de 2011, rondava os 114% do PIB; em janeiro de 2012, os juros das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos atingiram os 16,4%. Foi no que deu a inação do BCE.
A dívida pública, no fim de 2020, cifrou-se em 135,1% do PIB; em janeiro do ano que corre o Jornal de Negócios noticiava que “Portugal coloca dívida a 10 anos com juros negativos pela primeira vez”. O banco central controla sempre as taxas de juro da dívida denominada na moeda por si emitida.
Desculpem se me repito, se nos repetimos, mas o mantra da bancarrota não pode ser reabilitado, o país não o comporta. É nosso futuro coletivo que está em causa.
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