AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "COMO UM CLARIM DO CÉU"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

sábado, 14 de março de 2020

Solidariedade em tempo de pandemia


Leio e vejo com imensa preocupação e tristeza as notícias que chegam do meu país. Descrevi anteriormente, noutros dois artigos, a minha experiência enquanto médico e cidadão a trabalhar e a viver em Macau. Dei o meu testemunho sobre os dias que vivemos e as medidas que foram tomadas para conter e parar a propagação do vírus. A minha intenção nunca foi a de dizer que somos melhores do que outros. 
Jorge Sales Marques
Pediatra. Director do Serviço de Pediatria do Hospital Conde de São Januário, em Macau
Mas contra factos não há argumentos: os resultados provam o quanto foi importante a comunhão entre quem sabe mandar e recomendar – governantes e serviços de saúde – e aqueles que não sabendo, respeitam e cumprem, os cidadãos. Quando vejo que a irresponsabilidade tamanha de uns já está a influenciar o destino dos outros, sinto uma tristeza profunda. Vejam o que aconteceu na China e agora num país europeu próximo de Portugal, a Itália. Neste momento, os médicos italianos têm de escolher entre quem vive e quem morre por falta de ventiladores. Nenhum médico ou profissional de saúde deveria passar por uma situação assim tão angustiante. Os médicos tiraram o curso de medicina e fizeram o Juramento de Hipócrates para salvarem vidas.
Portugal, um país lindo e com pessoas fantásticas, não pode nem deve cometer os mesmos erros que os italianos, que menosprezarem este inimigo invisível chamado Covid 19. As medidas que foram tomadas em Portugal, NÃO CHEGAM! SÃO INSUFICIENTES! Não podemos continuar a deixar as pessoas nas ruas como se estivessem a comemorar a vitória do seu clube ou de Portugal  num jogo de futebol, muito menos permitir aglomeradas  como se tratasse de um arraial de São João, no Porto. Não devemos ainda entrar em pânico, mas se continuarmos a facilitar e a olhar para o lado, como se nada se tratasse, a tragédia far-se-á real. Se as pessoas não cumprirem o dever cívico de ficarem em quarentena voluntária, o que significa NA SUA PRÓPRIA CASA, mesmo depois de todas as recomendações, a única medida, é fazer cumprir este desígnio e proteger os cidadãos que querem seguir o apelo do Governo . As infracções devem ser punidas por lei, sem qualquer tipo de contemplação. Ninguém deve morrer por causa de uma atitude egoísta e irresponsável seja de quem for. Estamos em plena guerra contra o novo coronavírus.
Nenhum médico ou profissional de saúde deveria passar por uma situação assim tão angustiante. Os médicos tiraram o curso de medicina e fizeram o Juramento de Hipócrates para salvarem vidas.
Independentemente de muitos dos intervenientes nesta luta terem feito comentários menos apropriados sobre, por exemplo, o não uso de máscaras, se fizerem uma campanha apropriada e persistente sobre como utilizar correctamente a máscara, muitas pessoas – estou certo –  não ficarão infectadas. Os estabelecimentos que querem aproveitar a desgraça dos outros, vendendo máscaras a preços inflacionados, devem ser multados. Dizer-se, na praça pública que os doentes com sintomas leves não necessitam de usar máscaras  é uma inverdade que, como médico, não posso aceitar. Estes doentes com sintomas leves vão infectar os outros. E se o infectado for alguém com um sistema imunológico diminuído ou com alguma doença crónica, o novo coronavírus poderá manifestar-se de forma grave ou mesmo fatal.
Mas existem outras alternativas viáveis: permanecerem em casa. Aproveitem o tempo para conviver com a família, ler um ou mais livros, disputar jogos interactivos com outro amigo que também está em casa; são apenas alguns exemplos, são apenas alguns conselhos. Se tiverem de repor o stock de comidas e bebidas, não necessitam de ir todos ao supermercado,como se tratasse de uma ida ao cinema ou a um qualquer espectáculo. Que vá apenas uma pessoa. Façam como nós fizemos em Macau. Os restaurantes estavam fechados, só serviam por take away. Só assim se evitar a concentração de pessoas sem máscaras num espaço pequeno. Todos os estabelecimentos comerciais deveriam  ser encerrados por pelo menos quinze dias e os seus trabalhadores permanecer em casa, sem cortes no seu salário. Estamos em plena guerra contra o Covid 19. Não devemos deixar nem um janela aberta para que o vírus possa entrar. As medidas devem ser aplicadas e cumpridas por todo o país e não apenas por uma parte. A guerra contra este inimigo não poderá ser parcial, deve sim contar com a colaboração e solidariedade de todos. Quem não cumprir com as suas obrigações de se defender e defender os outros, para o seu próprio bem, e para o bem do seu familiar ou do amigo ou de outra pessoa qualquer, terá de ser punido, porque não podemos continuar a brincar como se o Covid 19 fosse o prolongamento dos desfiles de Carnaval. Para aqueles que continuam a acreditar que a sorte os irá acompanhar para sempre, desrespeitando a sua própria vida e a vida dos outros, só vos peço que reflictam que o vosso acto não é o mais adequado para este momento de pandemia. Mais tarde terão tempo de poder festejar quando este vírus deixar  de fazer parte do nosso quotidiano. Mas para poderem e podermos festejar temos de estar vivos ! E é por isso que vos escrevo ! Para que cumpram as regras e para que sejam solidários. Porque ser solidário é e será sempre o grande valor do povo português. 


expedientesinico.com

Sem comentários:

Enviar um comentário