Quero pedir-te desculpa por te ter chamado tantas vezes de estúpido.
Agora, está decidido, vou ser como tu.
A sério.
Vou deixar-me de politicas e de pensamentos críticos que não levam a lado nenhum só incomodam quem lê.
Vou deixar-me desta mania entranhada de ser sempre do contra. Vou passar a odiar os holandeses tanto como tu. Vou odiar os holandeses, e os espanhóis, e os alemães e os russos e a puta que os pariu a todos eles que não são portugueses de corpo e alma como tu e como eu.
Vou passar a odiar todos os estrangeiros que não respeitarem a lusitana alma de brumas e memórias. E se o primeiro ministro de Portugal (Portugal com maiúsculas, vês como aprendo depressa!), digo, se o primeiro ministro de Portugal se mostra zangado com um camone, seja ele de que país for, eu fico logo ainda mais zangado que o primeiro ministro, serei daqueles que pela pátria ergue a voz. Porque apesar da pele morena e cheiro a caril, o homem continua a ser o Nosso Primeiro Ministro. O Primeiro Ministro de Portugal, desta Nação Valente e Imortal. Afinal e contas também nasci e vivo debaixo da bandeira verde e rubra, com o escudo amarelo no meio.
Mais, e digo para te tranquilizar, a partir de hoje, só digo mal das coisas em grande consenso todos dissermos mal.
Melhor ainda, só vou estar contra as coisas a que o meu patrão estiver contra.
Se um gajo quer estar bem, tem de começar ser como os que estão bem. Agir como eles agem até se transformar num deles.
Vou deixar-me de criticar à toa, se o meu patrão, chefe, gerente ou administrador disser que é azul, para mim passa a ser azul, quero la saber da cor que vejo. Afinal e contas são eles é que me pagam.
E um dia compro um carro como o dele, se o banco me emprestar o dinheiro.
Também decidi que vou passar a ser um gajo mais sereno nas escolhas.
Vou passar a odiar os ciganos. E os pretos, todos todos não, mas a maior parte dos pretos. Pelo menos todos aqueles que não se comportarem como brancos. E os brasileiros que invadiram isto tudo.
E vou ficar solidário com os gajos do sef, que enraivecidos do governo vir dizer que agora com esta merda do vírus os emigrantes estão todos legais, na semana passada mataram à porrada um ucraniano. Esses, os ucranianos, também estavam bem era na terra deles, la na Rússia, vejam la se na Rússia há algum problema, com o cabrão do Putin andam todos direitinhos que nem um fuso. Ouvi dizer que o Putim...., esqueçam ia outra vez falar de politica e a politica deixou de me interessar no momento em que decidi ser como tu....
Não vou defender a pide nem o caraças, mas o que é certo é que o Salazar fez coisas bem feitas! Aprendi contigo a frase e vou repeti-la até à exaustão. Vou dizer como tu dizes que esta malta aprende é à porrada. Vou pedir cargas policiais para quem sair de casa. E vou assinar a petição a defender o gnr que matou o miudo.
Na volta, se calhar até deixo de votar. Tu sempre me disseste que eles são todos iguais. Por isso quando são as eleições não pôes lá o cu.
Vou começar a aprender de futebol. Aprender o que é um fora de jogo,o que é um livre, um pontapé de meio campo e essas coisas todas interessantes. Vou passara ser de uma equipa daquelas que ganha. Ou do Benfica ou do Sporting, porque vivo cá em baixo, se morasse la em cima era do Porto ou do Boavista.
Vou ficar a ver o telejornal e comover-me com os funerais a que os jornalistas não podem ir.
Como tu, vou ser contra as cunhas, contra todas as cunhas que não me favoreçam. E vou ser contra a corrupção e contra todos aqueles que não conseguir corromper com o meu baixo poder de compra.
Vou deixar-me de livros que têm escritas coisas que custam a entender e que é preciso ler várias vezes para perceber.
Vou ter pena dos velhinhos metidos em lares a morrerem de pneumonia contagiosa por essa província fora. Esses velhinhos tratados por trabalhadoras que ganham o salário mínimo e de fidelidade canina ao padre e ao presidente da junta que é quem manda lá no sitio e lhes arranjaram emprego. Esquece a parte do salário mínimo, tive um recaída!
Bem já chega de conversa.
Agora vou vestir-me de ladavainho e vou ao banco. Falar com o gerente, a ver se me arranja um ventilador que me aguente seis meses sem pagar a prestação da casa onde moro e que é do banco. Não levo gravata mas levo camisa, um homem tem de estar ao nível das coisas que faz.
Até vou convidar o gerente para beber um cafezinho. Mesmo que ele quisesse o café está fechado e por isso fico bem no retrato.
Já te disse, que vou ser diferente.
Vou ser como tu. Vou ser tu.
Só que não.
…
Não dá.
Mesmo que eu consiga engolir o teu almoço de macpizza sem vomitar. Mesmo que eu cerre os dentes e tranque a garganta para não te cuspir. Mesmo que eu te aguente no estômago, e te faça descer pelo digestivo canal de contemporânea submissão... Não consigo entranhar em mim essa tua essência de borrego manso que alimenta o fascismo dos dias. Lamento, mas vou ter de te parir. Vou parir-te naquelas dolorosas e involuntárias contracções do intestino, e sairás de mim num jorro sujo.
Logo agora que estamos numa fase de poupar o papel higiénico.
Agora, está decidido, vou ser como tu.
A sério.
Vou deixar-me de politicas e de pensamentos críticos que não levam a lado nenhum só incomodam quem lê.
Vou deixar-me desta mania entranhada de ser sempre do contra. Vou passar a odiar os holandeses tanto como tu. Vou odiar os holandeses, e os espanhóis, e os alemães e os russos e a puta que os pariu a todos eles que não são portugueses de corpo e alma como tu e como eu.
Vou passar a odiar todos os estrangeiros que não respeitarem a lusitana alma de brumas e memórias. E se o primeiro ministro de Portugal (Portugal com maiúsculas, vês como aprendo depressa!), digo, se o primeiro ministro de Portugal se mostra zangado com um camone, seja ele de que país for, eu fico logo ainda mais zangado que o primeiro ministro, serei daqueles que pela pátria ergue a voz. Porque apesar da pele morena e cheiro a caril, o homem continua a ser o Nosso Primeiro Ministro. O Primeiro Ministro de Portugal, desta Nação Valente e Imortal. Afinal e contas também nasci e vivo debaixo da bandeira verde e rubra, com o escudo amarelo no meio.
Mais, e digo para te tranquilizar, a partir de hoje, só digo mal das coisas em grande consenso todos dissermos mal.
Melhor ainda, só vou estar contra as coisas a que o meu patrão estiver contra.
Se um gajo quer estar bem, tem de começar ser como os que estão bem. Agir como eles agem até se transformar num deles.
Vou deixar-me de criticar à toa, se o meu patrão, chefe, gerente ou administrador disser que é azul, para mim passa a ser azul, quero la saber da cor que vejo. Afinal e contas são eles é que me pagam.
E um dia compro um carro como o dele, se o banco me emprestar o dinheiro.
Também decidi que vou passar a ser um gajo mais sereno nas escolhas.
Vou passar a odiar os ciganos. E os pretos, todos todos não, mas a maior parte dos pretos. Pelo menos todos aqueles que não se comportarem como brancos. E os brasileiros que invadiram isto tudo.
E vou ficar solidário com os gajos do sef, que enraivecidos do governo vir dizer que agora com esta merda do vírus os emigrantes estão todos legais, na semana passada mataram à porrada um ucraniano. Esses, os ucranianos, também estavam bem era na terra deles, la na Rússia, vejam la se na Rússia há algum problema, com o cabrão do Putin andam todos direitinhos que nem um fuso. Ouvi dizer que o Putim...., esqueçam ia outra vez falar de politica e a politica deixou de me interessar no momento em que decidi ser como tu....
Não vou defender a pide nem o caraças, mas o que é certo é que o Salazar fez coisas bem feitas! Aprendi contigo a frase e vou repeti-la até à exaustão. Vou dizer como tu dizes que esta malta aprende é à porrada. Vou pedir cargas policiais para quem sair de casa. E vou assinar a petição a defender o gnr que matou o miudo.
Na volta, se calhar até deixo de votar. Tu sempre me disseste que eles são todos iguais. Por isso quando são as eleições não pôes lá o cu.
Vou começar a aprender de futebol. Aprender o que é um fora de jogo,o que é um livre, um pontapé de meio campo e essas coisas todas interessantes. Vou passara ser de uma equipa daquelas que ganha. Ou do Benfica ou do Sporting, porque vivo cá em baixo, se morasse la em cima era do Porto ou do Boavista.
Vou ficar a ver o telejornal e comover-me com os funerais a que os jornalistas não podem ir.
Como tu, vou ser contra as cunhas, contra todas as cunhas que não me favoreçam. E vou ser contra a corrupção e contra todos aqueles que não conseguir corromper com o meu baixo poder de compra.
Vou deixar-me de livros que têm escritas coisas que custam a entender e que é preciso ler várias vezes para perceber.
Vou ter pena dos velhinhos metidos em lares a morrerem de pneumonia contagiosa por essa província fora. Esses velhinhos tratados por trabalhadoras que ganham o salário mínimo e de fidelidade canina ao padre e ao presidente da junta que é quem manda lá no sitio e lhes arranjaram emprego. Esquece a parte do salário mínimo, tive um recaída!
Bem já chega de conversa.
Agora vou vestir-me de ladavainho e vou ao banco. Falar com o gerente, a ver se me arranja um ventilador que me aguente seis meses sem pagar a prestação da casa onde moro e que é do banco. Não levo gravata mas levo camisa, um homem tem de estar ao nível das coisas que faz.
Até vou convidar o gerente para beber um cafezinho. Mesmo que ele quisesse o café está fechado e por isso fico bem no retrato.
Já te disse, que vou ser diferente.
Vou ser como tu. Vou ser tu.
Só que não.
…
Não dá.
Mesmo que eu consiga engolir o teu almoço de macpizza sem vomitar. Mesmo que eu cerre os dentes e tranque a garganta para não te cuspir. Mesmo que eu te aguente no estômago, e te faça descer pelo digestivo canal de contemporânea submissão... Não consigo entranhar em mim essa tua essência de borrego manso que alimenta o fascismo dos dias. Lamento, mas vou ter de te parir. Vou parir-te naquelas dolorosas e involuntárias contracções do intestino, e sairás de mim num jorro sujo.
Logo agora que estamos numa fase de poupar o papel higiénico.
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