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Depois da jornalista Sandra Felgueiras ter dito no Parlamento que “era possível emitir” o Sexta às 9 na data programada (durante a campanha para as legislativas), a diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, disse aos deputados que “não chegou a informação de que havia notícia”.
“Esta direção de informação não guarda notícias na gaveta. À direção de informação, à coordenação da RTP, não chegou a informação de que havia a notícia X e que estava pronta para ir para o ar”, disse Maria Flor Pedroso.
No entanto, anteriormente, a diretora da RTP disse que a direção “sabia que isto [o lítio] estava a ser investigado”, mas que ninguém abordou a estrutura com a abordagem “há isto, vou fazer, vamos programar”.
Maria Flor Pedroso reiterou que o adiamento da emissão do programa “não tem nada a ver com o tema do lítio”.
“Se houvesse notícia sobre o lítio, ela iria para o ar assim que ela estivesse pronta para ir para o ar, em tempo de campanha eleitoral ou não”, acrescentou, referindo ainda que para si é ” absolutamente irrelevante” se é tempo de campanha ou não para a emissão de notícias.
A jornalista disse ainda que na reunião de 23 de agosto, que ditou o adiamento do programa, nem a própria nem a diretora-adjunta Cândida Pinto foram para o encontro “a pensar que não iria haver ‘Sexta às 9’ durante a campanha eleitoral”.
A RTP não suspendeu programa nenhum durante a campanha eleitoral. Suspender, do meu ponto de vista, era uma de duas coisas: para já, tem uma carga negativa, a suspensão. Eu não tenciono acabar com nenhum dos programas, e portanto não suspendi nenhum. Por outro lado, a possibilidade de avaliar se o programa continuaria ou não. Nada disso passou pela nossa cabeça”, garantiu a diretora de informação.Maria Flor Pedroso disse ainda que antes das férias de verão, alguns elementos da equipa do Sexta às 9 quiseram sair, e que a RTP, dentro dos seus “parcos recursos”, arranjou outros jornalistas para compor a equipa.
A investigação em causa, emitida no âmbito do programa Sexta às 9 na RTP, contou com o depoimento do antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que disse ter avisado, em reunião, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado João Galamba das alegadas ilegalidades decorrentes da concessão da exploração de lítio a uma empresa que tinha sido recentemente criada.
Dois dias após o encontro, João Galamba assinou o contrato para a construção da refinaria de lítio, um negócio, segundo a investigação de Sandra Felgueiras, avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros.
Paralelamente, o episódio do Sexta às 9 avançou ainda que o antigo secretário de Estado Jorge Costa Oliveira estava também ligado ao negócio, como consultor financeiro.
Sobre o contraditório efetuado ao longo do trabalho de investigação do Sexta às 9, a jornalista Sandra Felgueiras assegurou também hoje no parlamento que foi “sempre” feito com João Galamba, mas que “as respostas foram sempre negativas, ou então ele dizia que nós a ignorávamos”.
“O que aconteceu no programa seguinte é que o senhor secretário de Estado, depois de me ter respondido e ao Luís Miguel Loureiro [jornalista do Sexta às 9], autores desta reportagem, que não tinha nada para responder, fez um contacto via assessores com a direção de informação. E desse contacto resulta que eu sou chamada à direção de informação para que o senhor João Galamba venha ao programa. E naturalmente que eu não vou negar o contraditório”, esclareceu Sandra Felgueiras.
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