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A social-democrata e ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite defendeu esta quinta-feira que os apoios sociais “perpetuam” a pobreza. No seu espaço habitual de comentário na TVI24, Manuela Ferreira Leite considerou “muito fácil e popular” tentar resolver a pobreza através de mais apoios sociais, mas que isso só serve para “distrair” e “arrastar” o problema às gerações seguintes.
“É muito fácil e muito popular tentarmos resolver os problemas através do pedido de apoios sociais, porque ninguém é indiferente à ideia de que há pobreza e de que deve haver apoios sociais. Isto é fácil de dizer, é fácil de pedir, é fácil de fazer política na base dos apoios sociais, só que é algo que não resolve o problema, pelo contrário, perpetua-o, porque arrasta as gerações seguintes na mesma base”, afirmou.
Para a social-democrata, é preciso fazer uma distinção “entre o que é pobreza conjuntural e pobreza estrutural”. No caso da pobreza conjuntural, que “sucede por ter havido uma pandemia, um incêndio, situações em que, extemporaneamente, acontece algo nas famílias”, Manuel Ferreira Leite considera que “é evidente que se recorre e deve recorrer, tanto quanto possível, a apoios sociais a essas pessoas”.
Mas “não deve esta preocupação da pobreza conjuntural fazer esquecer uma realidade diversa, que é a pobreza estrutural, que conduz a que a pobreza se transfira por gerações”, defendeu. “É uma realidade que retira perspetivas de vida, elimina o chamado elevador social e leva a que as pessoas emigrem e vão procurar outros locais onde seja possível alterar esse seu estatuto de origem”, sustentou a ex-líder do PSD.
E acrescentou: “Não nos podemos distrair à conta dos apoios sociais de que estamos a ajudar a resolver o problema da pobreza, porque a pobreza estrutural pode ser agravada pelo facto de ser, de alguma forma, paralisada com apoios sociais e depois esquece-se que isso não tem futuro”.
Manuela Ferreira Leite considera que “a educação é o grande impulsionador do elevador social” e do combate à pobreza. “Temos de ter um sistema educativo forte que consiga ultrapassar as debilidades de algumas classes sociais”, disse, acrescentando que é preciso também “uma estrutura económica e empresarial que seja capaz de suportar salários mínimos, que sejam compatíveis com uma situação que não seja a de pobreza”.
Poucas horas antes das declarações da ex-ministra das Finanças, o pedido de fiscalização do Governo aos apoios sociais deu entrada no Tribunal Constitucional. Em causa está a contestação do Executivo socialista a três diplomas aprovados no Parlamento e promulgados pelo Presidente da República que, segundo o Governo, violam a lei-travão, que impede que os deputados aumentem a despesa ou diminuam a receita fora do Orçamento do Estado.
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