Estava dado o mote: vídeos com saudações nazis, um clima de profunda angústia por causa da turbulência económica e o eclodir da crise dos refugiados. A Grécia via assim chegar a Aurora Dourada ao parlamento em 2012. O movimento de extrema-direita tornado partido político dava eco a um discurso há muito não ouvido no país.
Fica o exemplo das palavras do líder, Nikos Michaloliakos, a 3 de março de 2012: "Somos a semente dos derrotados de 1945. É o que somos: nacionalistas, nacional-socialistas, fascistas".
Oito anos mais tarde, a justiça grega considerava a Aurora Dourada como uma organização criminosa. Foi o mais longo julgamento da história do país, depois da cúpula se começar a estilhaçar e o partido perder todos os assentos parlamentares nas eleições de 2019.
O movimento antifascista inflamou-se, muito mais do que em casos anteriores. As autoridades foram mais rápidas a atuar. A pressão sobre o governo aumentou. Todos estes fatores juntos fizeram com que o sistema funcionasse.
"A sociedade grega mudou muito durante este processo. Foi uma aprendizagem sobre o papel que o racismo e a xenofobia desempenham no surgimento de movimentos fascistas e do fenómeno nazi. Aqui dizemos que as abelhas derrotaram os lobos", afirma Thanasis Kampagiannis, advogado de acusação.
A Aurora Dourada contrapunha as acusações de que funcionava como uma organização criminosa com o homicídio de dois dos seus membros, a tiro, junto à sede política em Atenas, em novembro de 2013. Dois meses antes, o rapper antifascista Pavlos Fyssas foi apunhalado mortalmente por um militante do partido.
"Chegámos a um ponto onde o assassinato de um músico antifascista desencadeou toda a acusação. O movimento antifascista inflamou-se, muito mais do que em casos anteriores. As autoridades foram mais rápidas a atuar. A pressão sobre o governo aumentou. Todos estes fatores juntos fizeram com que o sistema funcionasse", explica a jornalista Eleftheria Koumandou.
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