Apesar de bilionários como Bezos e Bill Gates, nenhum deles chegou perto do Mansa Musa
O que você faria se ganhasse US$ 13 bilhões em apenas 1 dia? Foi exatamente isso o que aconteceu com Jeff Bezos, fundador da Amazon, em 20 de julho de 2020. Enquanto as ações de sua empresa subiam 7,9% na Bolsa de Valores, ele se consolidava como o homem mais rico do mundo na atualidade — mas nem de perto tem a maior fortuna já registrada na história.
Apesar de bilionários contemporâneos como Bezos e Bill Gates, criador da Microsoft, terem acumulado imensas riquezas com o passar das décadas, nenhum deles chegou perto do poderio econômico de uma figura pouco lembrada fora da África: Mansa Musa, líder do Império do Mali.
Enquanto a Forbes estima a fortuna de Bezos em US$ 131 biliões, historiadores acreditam que, na moeda atual, Musa teria um património estimado em US$ 400 bilhões, lançando-o ao topo de qualquer estatística monetária.
Afinal, quem foi esse poderoso líder da África Ocidental e de onde veio tanto dinheiro? Entenda.
O nascimento de Mansa Musa
Em 1280, o jovem Musa Keita I nasceu nos braços do poderoso Império do Mali, que até então era comandado por Mansa Abu-Bakr. O nome Mansa, a propósito, era vinculado ao homem mais poderoso da governança africana, o imperador. Trinta e dois anos depois, Abu-Bakr decidiu embarcar em uma expedição pelo Atlântico em busca de novos territórios, missão da qual jamais retornou. Foi assim que, em 1312, Musa herdou o trono do Mali e todo o seu potencial financeiro.
O sucesso do Império do Mali era derivado de um livre mercado financeiro e de ideias que percorriam a África Ocidental, o Oriente Médio e a Ásia Oriental. Com mais de 3,2 mil quilômetros de extensão territorial, Senegal, Gâmbia, Costa do Marfim e Burkina Faso eram alguns dos países que pertenciam ao antigo império africano.
Durante o reinado de Musa, outras 24 cidades foram anexadas ao reino. A principal delas? Tombucto, um antigo centro de aprendizado e escambo, onde Mansa construiu seu palácio, uma mesquita e uma universidade — as duas últimas permanecendo em pé até hoje.
Quão rico foi Mansa Musa?
Dono de um território imenso dentro da África, Musa foi "abençoado" com a principal riqueza da época: os recursos naturais encontrados no solo africano. O mais abundante e mais valioso entre eles era o ouro, a moeda mais cobiçada por mercadores do mundo todo.
De acordo com historiadores, os documentos escritos em linguagem árabe encontrados próximos à região do Mali indicam que para cada pepita de ouro minerada ou encontrada por um cidadão era necessário retribuir a mesma quantia financeira para o líder do governo.
A porção absurda de ouro acumulada por Musa com o passar dos anos foi justamente o que lhe rendeu uma das histórias mais bizarras de sua governança, quando em 1324 teve que atravessar a cidade do Cairo, no Egito, durante uma famosa peregrinação para Meca, conhecida por ser um local sagrado ao islamismo.
Colapsando a economia do Egito
A história da passagem de Musa pelo Cairo foi contada 10 anos depois pelo escritor Ibn Fabl Allah Al-Umari, que detalhou como a generosidade do líder quase fez com que a economia medieval do país ruísse por completo. Segundo ele, o imperador teria levado para a expedição cerca de 60 mil pessoas — entre elas 12 mil escravos — e uma enorme quantidade de ouro.
Durante sua rota pelo Egito, Musa fez questão de retribuir generosamente todos os mercadores que cruzavam seu caminho com objetos de seu interesse. Entretanto, ao gastar tamanha quantidade de ouro em um só lugar, fez com que o produto tivesse uma desvalorização considerável. De acordo com o escritor, os efeitos da passagem do líder africano pelo Egito ainda eram sentidos após 1 década.
Legado de Musa
Em entrevista para o portal IFLScience, a curadora da exposição Caravanas de Ouro, Kathleen Berzock, ressaltou a contribuição de Musa para a cultura da África Ocidental. "Os africanos estavam participando dos diálogos intelectuais da sociedade enquanto realizavam suas peregrinações", explicou.
O trabalho de Berzock, exibido no Museu Nacional de Arte Africana, explora os impactos da África Ocidental medieval na cultura atual, na qual Musa teria tido grande participação. O imperador é o único líder africano a figurar no Atlas Catalão, o primeiro mapa que retrata o território medieval e as lideranças de cada canto do mundo.
Ao morrer com 57 anos em 1337, Musa não deixou apenas um legado financeiro, mas também sobre a importância do intercâmbio cultural e de conhecimento através de suas jornadas.
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