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sábado, 16 de maio de 2020

Covid-19: Quantos profissionais de saúde estão infectados?

Todos os profissionais de saúde deveriam ser testados. Do auxiliar de limpeza à equipa médica, da equipa de enfermagem aos assistentes operacionais, todosdeviam ser submetidos ao teste à covid-19.Facebook
Na conferência de imprensa diária de actualização dos dados referentes à pandemia pela covid-19 em Portugal, o Secretário de Estado da Saúde revelou esta semana haver 3.183 profissionais de saúde infectados com este coronavírus. A categoria profissional mais afectada são os enfermeiros (838), seguida dos assistentes operacionais (774) e médicos (477). Já que a submissão dos profissionais de saúde ao teste continua parca, parece-nos que estes números estarão aquém da realidade efectiva das diversas instituições onde estão vinculados.
Em todo o mundo são mais de 100 mil os trabalhadores da saúde infectados. Segundo o Conselho Internacional de Enfermeiros, os profissionais de saúde representam mais de 10% dos afectados pela covid-19
No final do mês de março, António Lacerda Sales admitiu o alargamento do teste à covid-19 aos profissionais de saúde assintomáticos, desde que admitida a possibilidade de contactos em cadeia com doentes confirmados. Contudo, que se saiba, pouco se alterou desde então.
A par das restrições de visitas, nalgumas unidades de cuidados intensivos e/ou intermédios neonatais, os pais dos recém-nascidos internados são, semanalmente, submetidos ao teste diagnóstico para covid. Esta medida obedece ao princípio da precaução e garante da segurança dos bebés, pese embora outras matérias careçam de actuação, de que a distância entre cada berço e/ou incubadora são exemplificativos, já que não cumprem o determinado para minimizar o risco de infecção cruzada.
Ora, nenhum dos profissionais destes serviços é testado, permanecendo desconhecido o real impacto deste coronavírus na comunidade de profissionais de saúde e, consequentemente, o risco presente em cada serviço. Sabe-se que esta circunstância se estende a outros serviços, departamentos e estabelecimentos.
Os hospitais são importantes focos de transmissão e a evidência tem demonstrado que uma fracção significativa das pessoas infectadas com o novo coronavírus revelam poucos, senão mesmo, nenhuns sintomas. A infecção silenciosa tem sido identificada em diversos estudos, pelo que importa proceder a uma efectiva determinação da situação no sector, minimizando o risco associado à prestação de cuidados. 
Em todo o mundo são mais de 100 mil os trabalhadores da saúde infectados. Segundo o Conselho Internacional de Enfermeiros, os profissionais de saúde representam mais de 10% dos afectados pela covid-19, em que Espanha apresenta a taxa mais alta a este nível (19%). Recorde-se, ainda, que, de acordo com os resultados dos rastreio serológico realizado pela Fundação Champalimaud a 657 enfermeiros e assistentes operacionais dos Hospitais de Santa Maria (Lisboa) e de Santo António (Porto), há, respectivamente, 11 e 10 vezes mais profissionais que o número identificado primeiramente.
Todos os profissionais deveriam ser testados, todos sem excepção. Do auxiliar de limpeza à equipa médica, da equipa de enfermagem aos assistentes operacionais, todos os profissionais deviam ser submetidos ao teste à covid-19.
A Organização Mundial de Saúde recomenda a massificação dos testes, salientando a urgência de o fazer aos profissionais expostos. Note-se que quanto mais cedo for iniciada a realização de testes, maior é o tempo útil de actuação e a segurança dos que prestam cuidados e de todos os que recebem.
A periodicidade da testagem à covid-19 é tanto mais premente quanto mais crítica a área de intervenção, tais como instituições de acolhimento de idosos, serviços de urgência, unidades de cuidados intensivos e áreas dedicadas à covid-19.
Testar e isolar o coronavírus parece ser a forma mais eficaz de conter a sua propagação e melhor proteger as populações. Rastrear todos os que asseguram cuidados é, assim, uma medida elementar e a única que pode conferir segurança a todos os envolvidos: profissionais e utentes.

Sobre o/a autor(a)

Enfermeira na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital de Santa Maria

www.esquerda.net

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