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terça-feira, 13 de abril de 2021

Sérgio Monteiro recebeu €450 mil para apoiar venda do Novo Banco


 expresso.pt 


Sérgio Monteiro, que foi secretário de Estado do Governo de Pedro Passos Coelho, auferiu uma remuneração global de 450 mil euros pelos 26 meses (entre 2015 e 2017) em que esteve a trabalhar com o Banco de Portugal na assessoria à venda do Novo Banco.

“O valor global é de 450 mil euros, o que dá, para os 26 meses, uma média de 17,5 mil euros brutos, multiplicado por 12 meses. 

Não era contrato de trabalho”, respondeu Sérgio Monteiro na audição desta terça-feira, 13 de abril, na comissão parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

O montante agora revelado pelo antigo consultor do Banco de Portugal é inferior aos mais de 500 mil euros que constam dos contratos publicados no portal Base. “Houve alguns contratos que não foram executados, foram revistos em baixa”, justificou. 

O valor mensal que lhe foi pago era o equivalente à média que auferia enquanto diretor (e administrador) do banco de investimento da Caixa Geral de Depósitos, onde estava antes de, em 2011, ir para o Governo de Passos Coelho.

Sérgio Monteiro revelou ter sido procurado pela autoridade da banca para ter uma conversa com o então governador Carlos Costa e pelo administrador Hélder Rosalino, que tinha sido secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no mesmo Governo que Monteiro integrou como secretário de Estado dos Transportes. A conversa aconteceu nos últimos meses de 2015, depois de o Banco de Portugal ter desistido da venda da participação de 100% do Fundo de Resolução no Novo Banco no processo que acabou com três ofertas (Anbang, Apollo e Fosun) que não satisfizeram o supervisor.

No fim de 2015 foi iniciado um novo processo de venda. “Pediram-me que pudesse fazer a coordenação operacional de uma equipa que já existia e levar a cabo o objetivo de vender, na modalidade que fosse decidida posteriormente”, disse Sérgio Monteiro aos deputados – numa audição em que, antes de responder aos deputados, quis evocar a memória dos políticos recentemente falecidos Almeida Henriques, seu colega no Governo de Passos Coelho, e Jorge Coelho.

O processo de alienação do Novo Banco que Sérgio Monteiro apoiou concluiu-se com a venda de 75% do capital à Lone Star em outubro de 2017, por zero euros, mas com o compromisso de injeção de mil milhões de euros no banco pelo grupo americano. 

Nessa altura, disse o antigo governante, “as necessidades de capital ficaram substancialmente cobertas aquando da venda”. Necessidades que, revelou, começaram logo a existir quando se inteirou do dossiê Novo Banco, em 2015.

Apesar dessa cobertura, a venda foi concretizada com a constituição do mecanismo de capital contingente, que abria a porta a que o Fundo de Resolução pudesse colocar até 3,89 mil milhões de euros para cobrir perdas de um determinado conjunto de ativos pelos quais a Lone Star não se quis responsabilizar na totalidade, e o efeito dessas perdas nos rácios de capital.

Neste processo, o Deutsche Bank foi contratado pelo Banco de Portugal como assessor financeiro, em que o contrato em causa tinha um valor de 3,5 milhões de euros - ainda assim, inferior aos 5 milhões pagos ao BNP Paribas pelo processo falhado.

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