Do fim da URSS à atual russofobia
Notas de Dmitri Rogozin, um embaixador russo junto à NATO (1)
por Daniel Vaz de Carvalho
"Sem aprendermos a verdade sobre este período não temos futuro"
1 - Acerca da URSS e do seu fim
2 - Gorbachov, a Perestroika e Yeltsin
Há 30 anos, desenrolavam-se os acontecimentos que moldam os tempos atuais. A social-democracia exultava, pouco se importando em deixar cair a sua máscara e assumir abertamente em nome do "novo pensamento" ou do "socialismo do século XXI", o neoliberalismo, desdobrando-se em argumentos contra o "totalitarismo". Estendia a passadeira ao neofascismo e às agressões imperialistas
O livro de Dmitri Rogozin (DR) [1] permite-nos dois níveis de análise: por um lado o cinismo de potências que se qualificam como o poder democrático e pretendem determinar como os povos têm de viver; por outro como e porquê um partido como o PCUS caiu no atoleiro moral e ideológico que DR descreve. Que experiência, que lições há a retirar dos testemunhos de DR em ambos os aspetos? São temas sobre os quais há ainda muito para refletir.
Apenas desde o 11 de setembro de 2001, estimam-se 5 a 7 milhões de mortes [2] em guerras pela "democracia" e os "direitos humanos". A social-democracia pactuou ou colaborou ativamente com todas elas. É deste "abominável mundo novo" de crises, insegurança e guerra que nos fala DR. Vale a pena recordar.
Dmitri Rogozin, frequenta a Faculdade de Jornalismo de Moscovo, Departamento Internacional, é membro do Konsomol onde desempenha funções de alguma relevância em contactos internacionais de juventude. No quarto ano da faculdade é convidado a ingressar no KGB. Confessa o seu entusiasmo pelo convite, sonhando com feitos heroicos pela Mãe-Pátria.(35) Com isto verificamos que o KGB era uma instituição prestigiada na URSS e não a versão de entidade odiosa que envergonharia qualquer jovem honesto de a ela aderir.
No final do curso, é enviado para Cuba, sem contudo lhe atribuírem qualquer tarefa específica. Aproveitou para ler e estudar elaborando duas teses de doutoramento: "A guerra psicológica dos EUA contra Cuba" e "Os paradoxos do Presidente Mitterrand".(36)
Regressa quatro anos depois em 1986 "desejoso de começar a trabalhar para os órgãos de Segurança do Estado". Tal não vai acontecer: é impedido de entrar oficialmente para o KGB devido a um decreto "contra o nepotismo" dado que o seu padrasto era coronel do KGB. "Foi aqui que os meu sonho foi feito em pedaços".(36)
Embora convidado a ingressar no PCUS, a chamada Perestroika desiludia-o: "a atmosfera geral de mentiras à minha volta desencorajaram-me de prosseguir e decidi deixar o Konsomol,(48)
A partir daqui torna-se membro de várias organizações e partidos de cariz nacionalista, "não-comunistas", até ser chamado pelo Presidente Putin para desempenhar várias funções diplomáticas como seu enviado especial e também embaixador junto da NATO.
1 - Acerca da URSS e do seu fim
A URSS tinha especialistas, cientistas, académicos de primeira classe. Tudo o que havia a fazer era ser recetivo a essas pessoas no sentido de modernizar a economia e a ciência militar. Quando Gorbachov foi levado ao poder em 1985 nós tínhamos todas as ferramentas necessárias para transformar e consolidar essas forças se tivesse querido livrar-se dos ladrões e traidores que constituíam o governo.(22)
Muitas vezes me perguntei porquê a URSS se tinha tornado uma super potência sob Estaline e por que tinha começado a perder posição após a sua morte. (...) Muito simples, sob Estaline a ninguém da nomenclatura era permitido roubar o Estado. Este é talvez o maior mérito da sua era e a principal razão da sua imorredoura popularidade atualmente.(55)
A ideologia marxista conduziu milhares de pessoas na fé do "brilhante futuro do Comunismo", levou a nação a grandes projetos como o Plano Goelro, industrialização, rápida reconstrução após as destruições da agressão nazi, ganhou o estatuto de potência nuclear. pesquisa espacial, campanha das terras virgens, o caminho de ferro Baikal-Amur. A minha geração está infinitamente grata aos nossos pais e avós por defenderem a liberdade e a soberania do país e levá-lo ao estatuto de potência mundial.(117)
Na URSS as pessoas tinham confiança no futuro, podiam encarar expectativas para si e para o seu país. Tudo isto foi ridicularizado em grande escala por jornalistas e cómicos na TV durante a Perestroika. (196)
De qualquer forma, durante os anos 70 o mito do comunismo vindouro foi desperdiçado e o povo soviético verificou que a liderança do PCUS regredia, afundando-se numa teia de mentiras e privilégios. (117)
A URSS evoluiu para um poder global devido à industrialização em larga escala, não devido ao elevado volume de petróleo e gás que exportava. Nos anos 70 crescemos viciados em exportações e como todos os vícios deixamos de trabalhar duro e olhar para nós próprios adequadamente.(141)
O meu país podia ter sido poupado ao trágico destino que sofreu. Não foram causas materiais nem fatores económicos a principal causa do declínio e morte da superpotência. A URSS não morreu por lojas vazias ou patetices como agentes 007, nem pelas questões sem sentido de dissidentes desejosos de se tornarem emigrantes famosos no Ocidente, nem mesmo pelos tons dececionantes da propaganda soviética. Mesmo a despeito de todos os problemas nas estruturas defensivas, as Forças Armadas eram perfeitamente capazes de responder a qualquer agressor externo que quisesse atingir a soberania do Estado soviético.(20)
Medidas decisivas introduzidas por um forte líder nacional teriam sido apoiadas pelos povos da URSS, que desejavam preservar as boas realizações da estrutura soviética. No referendo realizado em março de 1991, apesar da fórmula rebuscada arranjada por Gorbachov, a grande maioria da população votou a favor da manutenção da URSS.(25)
A URSS foi perdida por vigaristas políticos e demagogos. A nação foi traída pelos líderes que erigiram o comunismo como partido privado, desprezando o povo. Muitos destes governantes conduziram movimentos separatistas e participaram nas calamidades do final dos anos a 80 e início dos anos 90, levando à desintegração do Estado.(20)
2 - Gorbachov, a Perestroika e Yeltsin
Gorbachov é popular no Ocidente pelas mesmas razões que é criticado ou mesmo odiado por muitos no seu país.(21) Tivéssemos outro líder que não Gorbachov e teria detetado os sintomas de gangrena que afetavam os círculos internos do Partido. Mas a liderança do Partido era constituída quer por fracos do tipo Gorbachov quer de traidores de direita e camaleões ou separatistas nacionalistas que resolveram destruir as estruturas locais do Estado e arrebanhar o poder. (23) Fraco e ambivalente o carácter de Gorbachov apenas acelerou as forças centrífugas.(24)
Yeltsin pelo contrário era de um tipo completamente diferente. Este obstinado e carismático déspota sabia o que estava a fazer. Ele traiu e vendeu a Rússia.(26)
Note-se porém que Gorbachov colaborou em tudo isto, fosse de forma ativa fosse silenciando o que equivaleu a consentimento ou concordância quando podia e devia falar. DR atribui à sua fraqueza, digamos à sua falta de carácter. Não é por acaso que assumiu funções com profissões de fé leninistas para depois confessar no ocidente que tinha sido a forma de impor a "mudança", isto é, destruir o socialismo e a URSS.
Os hipócritas pais da Perestroika implantaram um tom de "conversa fiada" e sentimental nas relações internacionais, seduzidos pelos habilidosos psicologistas do Ocidente que inventaram histórias como "o novo pensamento" e "valores humanos universais" para quebrar as fracas e demagógicas defesas dos políticos soviéticos.(40)
No início dos anos 90, Yeltsin despediu cerca de 900 quadros diplomáticos altamente qualificados enfraquecendo a posição da Rússia na arena da política global. O mesmo aconteceu no Ministério da Defesa e no KGB em que os derradeiros profissionais foram postos na rua. O Soviete Supremo da Federação Russa era o último obstáculo no caminho deste gang que dividiu a URSS, mas o Soviete Supremo tinha apenas mais dois anos de vida.(67)
Tanques do nosso país dispararam sobre o Parlamento Russo que não tinha nem armas nem defensores. Centenas foram mortos ou esmagados pelos tanques.(133) Nesse mesmo dia foram realizados disparos do telhado da embaixada dos EUA sobre manifestantes. O exército estava proibido de intervir.(135)
Recordemos que tudo isto foi considerado no Ocidente (leia-se NATO e aliados) como uma vitória da justiça e da democracia, erigindo Yeltsin como um grande democrata.
Yeltsin e o seu governo liberal de poder absoluto quis eliminar o Soviete Supremo porque detinha poderes executivos. Podia opor-se aos planos de usurpação dos ativos do Estado e à sua livre distribuição por oligarcas. Tinha o Poder de demitir qualquer ministro e instaurar um processo contra ele.(135)
Yeltsin tudo fez para que sob o seu poder não pudesse haver nem Constituição, nem lei, nem honra, nem moral na Rússia. (134) Encorajou as Republicas nacionais a "tomarem tanta soberania quanto pudessem absorver". (145) Entregou os interesses russos, terra, propriedades, capital, populações, aos apetites dos novos Estados independentes através da escalada de agressões fascistas.(83)
"Esqueceu-se" de negociar um corredor de trânsito para 1 milhão de cidadãos de Kalininegrado, deixando-os sujeitos à arbitrariedade das autoridades dos Estados Bálticos, que elaboraram "listas negras" de cidadãos russos que não podiam entrar na "Europa", incluindo desde "mulheres com bom aspeto" a pessoas com insignificantes acidentes de viação. (265)
Yeltsin criou um Estado gangster imerso no roubo e na caça ao poder. A gente de Yeltsin não se importava com o destino das diferentes nações dentro da Federação Russa, desprezavam a memória histórica. Além disto tinham interesse em criar na Chechénia um enclave criminoso, uma espécie de buraco negro através do qual pudessem transferir os lucros do petróleo roubado, tráfico de armas, imprimir e distribuir dinheiro falso. A ganância criminosa do governo de Yeltsin e o geral declínio da moralidade foram os ingredientes da tragédia da Chechénia.(144)
Yeltsin traiu os interesses russos de novo, quando assinou uma concessão de 20 anos pela base naval de Sebastopol, que nunca fora entregue à Ucrânia, nem em 1948, nem em 1954, nem em 1991. Sebastopol sempre foi parte integrante da esquadra do Mar Negro.(97)
Não se consegue entender como foi possível os líderes soviéticos sancionarem a reunificação da Alemanha sem receberem significativos dividendos políticos e materiais (excluindo os pessoais) mas pelo contrário tornando o país endividado ao Ocidente. Como foi possível acreditar nas palavras dos americanos que fizeram promessas a Gorbachov de que a Alemanha reunificada nunca se juntaria à NATO e esta não se expandiria para Leste. Em qualquer outro país falsos negociadores como estes teriam sido linchados, mas na Rússia de então ladrões e traidores esperavam não apenas perdão mas glória e respeito.(44)
Nos Estados Bálticos neonazis e veteranos das Waffen SS marchavam pelas ruas, Gorbachov desviava o olhar perdendo o controlo do governo e do país. Na Geórgia e na Arménia armamento era retirado dos depósitos e distribuído aos esquadrões de rebeldes separatistas com a conivência das entidades partidárias e do governo.(53)
Estes acontecimentos, particularmente os de agosto de 1991 (ataque ao Soviete Supremo), provam plenamente a cobardia de Gorbachov e a natureza manhosa de Yeltsin, a sua prontidão para sacrificar o futuro do país e as vidas do seu povo pela disputa do seu próprio poder.(63)
A Perestroika foi fruto dos burocratas do PCUS para manterem o poder sobre os ativos do Estado num ambiente de caos e desintegração. Para desestabilizar o país, experientes manipuladores dirigiram a onda de chauvinismo étnico contra a URSS, promovendo-se como líderes nacionais. Quisessem os dirigentes do PCUS preservar o grande império e não teria havido lugar para Yeltsin. Simplesmente não teria existido. O seu poder pessoal só existiu devido à criminosa solidariedade para com as suas ações por parte da nomenclatura entrincheirada nos governos locais e no Partido.(64)
Em 1998 a Duma formou um Comité para a destituição de Yeltsin alegando negligência, traição e corrupção que tinham levado à guerra na Chechénia. Tal não se verificou por escassa margem de votos. A Rússia enfrentava então o colapso financeiro sendo formado um novo governo. Em agosto de 1999 o então chefe do FSB (sucessor do KGB) Vladimir Putin torna-se primeiro-ministro. Em dezembro Yeltsin demite-se e Putin torna-se Presidente escassos três meses depois.(10).
Continua
[1] The hawks of peace , Glagoslav Publications, Londres, 2013. Entre parêntesis os números da páginas a que se referem os textos. Em itálico algumas notas ou comentários aos textos de DR.
[2} Combien de millions de personnes ont-elles été tuées dans les guerres menées par les États-Unis après le 11 septembre? (Consortium News) Nicolas J.S. Davies, www.legrandsoir.info/...
O livro de Dmitri Rogozin (DR) [1] permite-nos dois níveis de análise: por um lado o cinismo de potências que se qualificam como o poder democrático e pretendem determinar como os povos têm de viver; por outro como e porquê um partido como o PCUS caiu no atoleiro moral e ideológico que DR descreve. Que experiência, que lições há a retirar dos testemunhos de DR em ambos os aspetos? São temas sobre os quais há ainda muito para refletir.
Apenas desde o 11 de setembro de 2001, estimam-se 5 a 7 milhões de mortes [2] em guerras pela "democracia" e os "direitos humanos". A social-democracia pactuou ou colaborou ativamente com todas elas. É deste "abominável mundo novo" de crises, insegurança e guerra que nos fala DR. Vale a pena recordar.
Dmitri Rogozin, frequenta a Faculdade de Jornalismo de Moscovo, Departamento Internacional, é membro do Konsomol onde desempenha funções de alguma relevância em contactos internacionais de juventude. No quarto ano da faculdade é convidado a ingressar no KGB. Confessa o seu entusiasmo pelo convite, sonhando com feitos heroicos pela Mãe-Pátria.(35) Com isto verificamos que o KGB era uma instituição prestigiada na URSS e não a versão de entidade odiosa que envergonharia qualquer jovem honesto de a ela aderir.
No final do curso, é enviado para Cuba, sem contudo lhe atribuírem qualquer tarefa específica. Aproveitou para ler e estudar elaborando duas teses de doutoramento: "A guerra psicológica dos EUA contra Cuba" e "Os paradoxos do Presidente Mitterrand".(36)
Regressa quatro anos depois em 1986 "desejoso de começar a trabalhar para os órgãos de Segurança do Estado". Tal não vai acontecer: é impedido de entrar oficialmente para o KGB devido a um decreto "contra o nepotismo" dado que o seu padrasto era coronel do KGB. "Foi aqui que os meu sonho foi feito em pedaços".(36)
Embora convidado a ingressar no PCUS, a chamada Perestroika desiludia-o: "a atmosfera geral de mentiras à minha volta desencorajaram-me de prosseguir e decidi deixar o Konsomol,(48)
A partir daqui torna-se membro de várias organizações e partidos de cariz nacionalista, "não-comunistas", até ser chamado pelo Presidente Putin para desempenhar várias funções diplomáticas como seu enviado especial e também embaixador junto da NATO.
1 - Acerca da URSS e do seu fim
A URSS tinha especialistas, cientistas, académicos de primeira classe. Tudo o que havia a fazer era ser recetivo a essas pessoas no sentido de modernizar a economia e a ciência militar. Quando Gorbachov foi levado ao poder em 1985 nós tínhamos todas as ferramentas necessárias para transformar e consolidar essas forças se tivesse querido livrar-se dos ladrões e traidores que constituíam o governo.(22)
Muitas vezes me perguntei porquê a URSS se tinha tornado uma super potência sob Estaline e por que tinha começado a perder posição após a sua morte. (...) Muito simples, sob Estaline a ninguém da nomenclatura era permitido roubar o Estado. Este é talvez o maior mérito da sua era e a principal razão da sua imorredoura popularidade atualmente.(55)
A ideologia marxista conduziu milhares de pessoas na fé do "brilhante futuro do Comunismo", levou a nação a grandes projetos como o Plano Goelro, industrialização, rápida reconstrução após as destruições da agressão nazi, ganhou o estatuto de potência nuclear. pesquisa espacial, campanha das terras virgens, o caminho de ferro Baikal-Amur. A minha geração está infinitamente grata aos nossos pais e avós por defenderem a liberdade e a soberania do país e levá-lo ao estatuto de potência mundial.(117)
Na URSS as pessoas tinham confiança no futuro, podiam encarar expectativas para si e para o seu país. Tudo isto foi ridicularizado em grande escala por jornalistas e cómicos na TV durante a Perestroika. (196)
De qualquer forma, durante os anos 70 o mito do comunismo vindouro foi desperdiçado e o povo soviético verificou que a liderança do PCUS regredia, afundando-se numa teia de mentiras e privilégios. (117)
A URSS evoluiu para um poder global devido à industrialização em larga escala, não devido ao elevado volume de petróleo e gás que exportava. Nos anos 70 crescemos viciados em exportações e como todos os vícios deixamos de trabalhar duro e olhar para nós próprios adequadamente.(141)
O meu país podia ter sido poupado ao trágico destino que sofreu. Não foram causas materiais nem fatores económicos a principal causa do declínio e morte da superpotência. A URSS não morreu por lojas vazias ou patetices como agentes 007, nem pelas questões sem sentido de dissidentes desejosos de se tornarem emigrantes famosos no Ocidente, nem mesmo pelos tons dececionantes da propaganda soviética. Mesmo a despeito de todos os problemas nas estruturas defensivas, as Forças Armadas eram perfeitamente capazes de responder a qualquer agressor externo que quisesse atingir a soberania do Estado soviético.(20)
Medidas decisivas introduzidas por um forte líder nacional teriam sido apoiadas pelos povos da URSS, que desejavam preservar as boas realizações da estrutura soviética. No referendo realizado em março de 1991, apesar da fórmula rebuscada arranjada por Gorbachov, a grande maioria da população votou a favor da manutenção da URSS.(25)
A URSS foi perdida por vigaristas políticos e demagogos. A nação foi traída pelos líderes que erigiram o comunismo como partido privado, desprezando o povo. Muitos destes governantes conduziram movimentos separatistas e participaram nas calamidades do final dos anos a 80 e início dos anos 90, levando à desintegração do Estado.(20)
2 - Gorbachov, a Perestroika e Yeltsin
Gorbachov é popular no Ocidente pelas mesmas razões que é criticado ou mesmo odiado por muitos no seu país.(21) Tivéssemos outro líder que não Gorbachov e teria detetado os sintomas de gangrena que afetavam os círculos internos do Partido. Mas a liderança do Partido era constituída quer por fracos do tipo Gorbachov quer de traidores de direita e camaleões ou separatistas nacionalistas que resolveram destruir as estruturas locais do Estado e arrebanhar o poder. (23) Fraco e ambivalente o carácter de Gorbachov apenas acelerou as forças centrífugas.(24)
Yeltsin pelo contrário era de um tipo completamente diferente. Este obstinado e carismático déspota sabia o que estava a fazer. Ele traiu e vendeu a Rússia.(26)
Note-se porém que Gorbachov colaborou em tudo isto, fosse de forma ativa fosse silenciando o que equivaleu a consentimento ou concordância quando podia e devia falar. DR atribui à sua fraqueza, digamos à sua falta de carácter. Não é por acaso que assumiu funções com profissões de fé leninistas para depois confessar no ocidente que tinha sido a forma de impor a "mudança", isto é, destruir o socialismo e a URSS.
Os hipócritas pais da Perestroika implantaram um tom de "conversa fiada" e sentimental nas relações internacionais, seduzidos pelos habilidosos psicologistas do Ocidente que inventaram histórias como "o novo pensamento" e "valores humanos universais" para quebrar as fracas e demagógicas defesas dos políticos soviéticos.(40)
No início dos anos 90, Yeltsin despediu cerca de 900 quadros diplomáticos altamente qualificados enfraquecendo a posição da Rússia na arena da política global. O mesmo aconteceu no Ministério da Defesa e no KGB em que os derradeiros profissionais foram postos na rua. O Soviete Supremo da Federação Russa era o último obstáculo no caminho deste gang que dividiu a URSS, mas o Soviete Supremo tinha apenas mais dois anos de vida.(67)
Tanques do nosso país dispararam sobre o Parlamento Russo que não tinha nem armas nem defensores. Centenas foram mortos ou esmagados pelos tanques.(133) Nesse mesmo dia foram realizados disparos do telhado da embaixada dos EUA sobre manifestantes. O exército estava proibido de intervir.(135)
Recordemos que tudo isto foi considerado no Ocidente (leia-se NATO e aliados) como uma vitória da justiça e da democracia, erigindo Yeltsin como um grande democrata.
Yeltsin e o seu governo liberal de poder absoluto quis eliminar o Soviete Supremo porque detinha poderes executivos. Podia opor-se aos planos de usurpação dos ativos do Estado e à sua livre distribuição por oligarcas. Tinha o Poder de demitir qualquer ministro e instaurar um processo contra ele.(135)
Yeltsin tudo fez para que sob o seu poder não pudesse haver nem Constituição, nem lei, nem honra, nem moral na Rússia. (134) Encorajou as Republicas nacionais a "tomarem tanta soberania quanto pudessem absorver". (145) Entregou os interesses russos, terra, propriedades, capital, populações, aos apetites dos novos Estados independentes através da escalada de agressões fascistas.(83)
"Esqueceu-se" de negociar um corredor de trânsito para 1 milhão de cidadãos de Kalininegrado, deixando-os sujeitos à arbitrariedade das autoridades dos Estados Bálticos, que elaboraram "listas negras" de cidadãos russos que não podiam entrar na "Europa", incluindo desde "mulheres com bom aspeto" a pessoas com insignificantes acidentes de viação. (265)
Yeltsin criou um Estado gangster imerso no roubo e na caça ao poder. A gente de Yeltsin não se importava com o destino das diferentes nações dentro da Federação Russa, desprezavam a memória histórica. Além disto tinham interesse em criar na Chechénia um enclave criminoso, uma espécie de buraco negro através do qual pudessem transferir os lucros do petróleo roubado, tráfico de armas, imprimir e distribuir dinheiro falso. A ganância criminosa do governo de Yeltsin e o geral declínio da moralidade foram os ingredientes da tragédia da Chechénia.(144)
Yeltsin traiu os interesses russos de novo, quando assinou uma concessão de 20 anos pela base naval de Sebastopol, que nunca fora entregue à Ucrânia, nem em 1948, nem em 1954, nem em 1991. Sebastopol sempre foi parte integrante da esquadra do Mar Negro.(97)
Não se consegue entender como foi possível os líderes soviéticos sancionarem a reunificação da Alemanha sem receberem significativos dividendos políticos e materiais (excluindo os pessoais) mas pelo contrário tornando o país endividado ao Ocidente. Como foi possível acreditar nas palavras dos americanos que fizeram promessas a Gorbachov de que a Alemanha reunificada nunca se juntaria à NATO e esta não se expandiria para Leste. Em qualquer outro país falsos negociadores como estes teriam sido linchados, mas na Rússia de então ladrões e traidores esperavam não apenas perdão mas glória e respeito.(44)
Nos Estados Bálticos neonazis e veteranos das Waffen SS marchavam pelas ruas, Gorbachov desviava o olhar perdendo o controlo do governo e do país. Na Geórgia e na Arménia armamento era retirado dos depósitos e distribuído aos esquadrões de rebeldes separatistas com a conivência das entidades partidárias e do governo.(53)
Estes acontecimentos, particularmente os de agosto de 1991 (ataque ao Soviete Supremo), provam plenamente a cobardia de Gorbachov e a natureza manhosa de Yeltsin, a sua prontidão para sacrificar o futuro do país e as vidas do seu povo pela disputa do seu próprio poder.(63)
A Perestroika foi fruto dos burocratas do PCUS para manterem o poder sobre os ativos do Estado num ambiente de caos e desintegração. Para desestabilizar o país, experientes manipuladores dirigiram a onda de chauvinismo étnico contra a URSS, promovendo-se como líderes nacionais. Quisessem os dirigentes do PCUS preservar o grande império e não teria havido lugar para Yeltsin. Simplesmente não teria existido. O seu poder pessoal só existiu devido à criminosa solidariedade para com as suas ações por parte da nomenclatura entrincheirada nos governos locais e no Partido.(64)
Em 1998 a Duma formou um Comité para a destituição de Yeltsin alegando negligência, traição e corrupção que tinham levado à guerra na Chechénia. Tal não se verificou por escassa margem de votos. A Rússia enfrentava então o colapso financeiro sendo formado um novo governo. Em agosto de 1999 o então chefe do FSB (sucessor do KGB) Vladimir Putin torna-se primeiro-ministro. Em dezembro Yeltsin demite-se e Putin torna-se Presidente escassos três meses depois.(10).
Do fim da URSS à atual russofobia
Notas de Dmitri Rogozin, um embaixador russo junto à NATO (2)
"O cinismo da NATO ultrapassa os piores cínicos deste mundo"
4 - As guerras civis
5 - A NATO, a UE e a atual russofobia
3 - Os "liberais"
Dmitri Rogozin (DR) fala do liberalismo como uma doutrina do roubo. [1] O nosso Oliveira Martins já havia dito algo semelhante nos finais do século XIX. O mais adequado seria DR referir-se a neoliberalismo, não confundindo a raiz popular e revolucionária do início do século XIX que, inspirada nos ideais da Revolução Francesa, realizou em Portugal a Constituição de 1820 e combateu o absolutismo. O que existe atualmente é o neoliberalismo, a mais completa perversão daqueles ideais sob uma fachada democrática permitida pela social-democracia e o dito socialismo democrático.
Conceitos que eram meras hipóteses no Ocidente foram aceites com toda a fé e indiscutíveis na Rússia. Cada teoria europeia (leia-se UE) era primeiro transformada em axioma, depois em dogma e então em nova realidade política.(44)
Em resultado das privatizações um pequeno grupo de aventureiros que formavam o círculo de "reformadores" de Yeltsin, arrebatou recursos naturais e indústrias. Estes "heróis" eram regularmente convidados para conferências em Londres, Davos, etc, quando o mais apropriado seria ouvi-los no gabinete do procurador e mandá-los para a Sibéria, não para a Suíça.(116)
Os liberais depois de destruírem a URSS provocaram a guerra da Chechénia e empurraram os povos da Rússia uns contra os outros. Destruíram a moral e a ética públicas e corromperam o poder das Forças Armadas. Devido às suas atividades criminosas o conceito de liberalismo, tornou-se sinónimo de traição nacional.(119) Devido aos esforços dos liberais a palavra patriota estava a ser considerada uma palavra suja: "o patriotismo é o último refúgio de um patife".(260)
Os liberais não representavam uma ideologia definida. Os seus apologistas eram jovens e diligentes mediocridades dos anos 80. Doutorados de fresca data que atacavam com toda a segurança a economia política do socialismo e estudos do comunismo. Estavam simplesmente a ser solicitados pelo regime de Yeltsin.(288)
A insídia ia ao ponto de argumentarem perante críticas que "tínhamos de ser amigos do Ocidente mesmo quando eles estão errados".(238)
A imprensa liberal tornou-se uma envenenadora. No início dos anos 90, a anterior imprensa soviética foi deixada sem meios de existência acabando nas mãos dos oligarcas.(104) Jornalistas que em privado não deixavam de lamentar a sua triste sorte, escravizados pelos patrões, em público reagiam com indignação quando as suas "sujas sugestões" eram negadas. Tal é a "liberdade de opinião", fórmula adotada pelos multimédia globais como ferramenta para distorcer os factos, condimentada com veneno vindo de figuras "progressistas". Tal era o jornalismo liberal. A verdade passou a ser uma mentira multiplicada inúmeras vezes pelos pasquins. Desta forma nações inteiras foram (e são!) sujeitas a abusos e insultos.(105)
A mente de milhões de pessoas nos EUA, UE, e no resto do mundo, foram criminosamente manipuladas contra a sua vontade por fazedores de notícias profissionais.(106) Os cavaleiros sem vergonha do jornalismo exploraram trágicos acontecimentos e conceberam o seu próprio ritual de guerra no qual um agressor se torna vítima e uma vítima o agressor.(108)
Agora os nossos liberais preferem viver sob as instruções do Comité de Washington e juntam-se com "ideias originais" à caça de votos. Ora, ora.(120)
4 - As guerras civis
DR descreve as diversas guerras civis, invasões e agressões contra o território russo, em particular as da Chechénia e a sua intervenção como mediador em várias situações com vistas ao restabelecimento da paz e salvaguarda das populações.
As últimas guerras na Europa estão ligadas ao colapso da URSS e da Jugoslávia. A NATO cometeu um ato de agressão selvagem para provocar a desintegração da Jugoslávia.(327)
A história da sangrenta desintegração dos Balcãs que terminou com os bombardeamentos da NATO sobre Belgrado é idêntica ao fim da URSS. A única diferença é que a Rússia possui armas nucleares. Apenas esta circunstância nos salvou de uma intervenção dos "poderes democráticos" que de outra forma ter-se-iam apressado a apoiar os rebeldes da Chechénia.(175)
As calamidades começaram no Ngorno-Karaback, Geórgia, Republicas Bálticas e Uzbequistão e depois por toda a parte. Em meados dos anos 90, no Tajiquistão. 1500 russas foram literalmente feitas em pedaços pelos islamistas. Mulheres foram obrigadas a despir-se completamente e a andar em círculo acompanhadas por tiros e risadas dos agressores. As vítimas em vão esperaram solidariedade de Yeltsin. (ou do Prémio Nobel da Paz, Gorbachov) Os noticiários omitiam os factos para "não excitar ódios étnicos". A verdade foi escondida para que a nação não exigisse uma ação de resposta.(24)
Antes de ser iniciada a guerra na Chechénia bandidos de todas as nacionalidades foram acolhidos (tática semelhante seguida na Síria e na Líbia) , ante a passividade das autoridades. Em 1992, generais russos, cometeram um ato de traição sem precedentes entregando a unidades ilegais armamento, aviação, mísseis.(143, 147)
Durante os quatro anos de regência do separatista Dudayev na Chechénia, procedeu-se à aniquilação da população russa. Em 1994 registou-se o assassinato de 2000 cidadãos. A propaganda ocidental retratava estes "senhores da guerra" como "combatentes da liberdade". (146, 149) Apesar do rapto de mulheres, de crianças e adolescentes torturados e mortos pelos "combatentes da liberdade" e isto ser do conhecimento de Yeltsin e da sua equipa nada foi feito. Nem uma palavra contra Dudayev lhes saiu da boca.(150) A Arábia Saudita financiava estes gangs.(167)
Milhões de toneladas de petróleo foram roubadas e o lucro depositado nas contas pessoais de Dudayev e dos seus apoiantes clandestinos em Moscovo (governo "liberal reformista" de Gaidar). (148)
DR foi acusado criminalmente de fazer propaganda da guerra ao propor a intervenção armada para defender cidadãos russos, o que está previsto na ordem internacional e foi usado inúmeras vezes pelos países da NATO.(261)
Jaba Iosseliani, um ladrão de bancos, tornou-se líder de um grupo paramilitar na Geórgia pesadamente armado, famoso pelos massacres na Abkásia.(95)
Em 2002 comandos dos EUA participaram nas agressões da Geórgia, deteriorando de forma grave as relações entre a Rússia e os EUA. (261) Em 2008, tropas da Geórgia treinadas por instrutores dos EUA atacaram a Ossétia do Norte expulsando a população russa. Em Beslan 350 crianças de uma escola foram mortas.(213 e 340).
As tropas russas intervieram e em cinco dias o exército georgiano põe-se em debandada "para vergonha dos seus instrutores". Toneladas de mentiras foram debitadas no Ocidente, acusando a Rússia de uso de força desproporcional como se os bombardeamentos da NATO sobre a Jugoslávia (ou sobre o Iraque, Líbia, etc) fossem "proporcionais".(341) Nas capitais europeias foram organizadas manifestações contra a Rússia supervisionadas pelos serviços secretos da Geórgia.(342)
Filofascistas declarados assumiram o poder na Roménia com apoio do Ocidente(74). A ordem do governo de Moscovo para o exército estacionado em Tiraspol foi: "não se envolver" perante a agressão fascista romeno-moldava na Transnítria. Foi como proferir uma sentença de morte para 150 mil habitantes. Em 22 de junho de 1992, comemorando a agressão nazi contra a URSS a aviação moldava bombardeou território russo.(83, 84). Nos Estado Bálticos realizavam-se marchas de nazis e veteranos das Waffen SS. (89) Em 2009, o presidente da Roménia, Besesku, assumia como seu ídolo o ditador nazifascista Antonescu.(77)
Enquanto todas estas tragédias se desenrolavam o "Ocidente" olhava para o lado e os "enviados especiais" dos media teciam loas ao fim da URSS e acusavam – e acusam – o poder soviético de todas as malfeitorias.
5 - A NATO, a UE e a atual russofobia
Em 24 de maio de 1941 escrevia Goebbels no seu diário: "A Rússia deve ser dividida nos seus componentes. Não se pode tolerar a existência a Oriente de um Estado tão vasto". [2]
Este texto exprime o pensamento da atual russofobia, De facto, as teses de Goebbels fazem escola no mundo dirigido pelo imperialismo.
Nos Estados Bálticos instaurou-se desde logo um poder fascizante, assumindo-se não apenas contra a URSS, mas desde logo a russofobia retirando direitos aos cidadãos russos, privando-os de direitos políticos, fechando escolas, proibindo às crianças falarem russo nas escolas.(86) Como afirmou a DR um diplomata de um dos Estados Bálticos, seria uma forma do "seu pequeno país obter apoios do Ocidente e da UE". Isto vai para além do cinismo.(89)
Em visita que realizei recentemente à Estónia, a guia turística referiu-se assim à história do seu país: "fomos independentes entre 1917 e 1944, quando fomos invadidos pelos russos". Omitia que o seu país esteve ocupado pela Alemanha nazi, donde partiram ataques à URSS e foram formadas unidades locais SS e realizados massacres sobre a população. Na Finlândia, que foi base nazi e participou na agressão contra a URSS, foi dada a mesma versão da "invasão russa" em 1944. É esta a visão NATO da 2ª Guerra Mundial: a libertação dos povos da agressão e da barbárie nazi é transformada em "invasão russa"...
A NATO assumiu pela primeira vez na sua história o direito de conduzir operações fora da sua zona de responsabilidade. O papel da ONU em todo este processo foi lamentável.(180)
As tropas da NATO despejaram na Sérvia 23 toneladas de urânio 238 empobrecido (depleted uranium), causando doenças por radiação a meio milhão de pessoas. Porque é que os seres que protegiam as suas casas da violência são levados a tribunal e não a NATO ou os terroristas do Kosovo, verdadeiros criminosos.(185) A prisão de Milosevic e Karadzic, deixa os liberais de Belgrado com uma permanente marca de desonestidade. Esta a essência antinacional dos liberais.(186)
No final do século XX os EUA posicionaram-se a si próprios como um hiperpoder que aspira a ter o monopólio sobre a regulação global de processos de autodeterminação e direitos de soberania. Washington empreendeu reajustar o mapa político global atomizando grande países ou então diluindo a sua soberania com organizações internacionais de cariz imperial, de que a NATO é um exemplo.(329)
A expansão da NATO para leste é um projeto de natureza essencialmente trotsquista que mina a Europa mais do que se nenhuma ação fosse feita. O domínio sobre os países do leste europeu não teve impacto positivo. A UE não está a crescer, pelo contrário, está a reduzir-se num genérico sentido cultural e espiritual. A segurança não foi reforçada, pelo contrário saiu enfraquecida. Qualquer ação é suposta ter um sentido e um objetivo. Qual é o objetivo da expansão a leste: "Democracia, reforço dos direitos humanos, etc?" Tudo isto é demagogia. A NATO é uma aliança militar. Veja-se a crise permanente na Ucrânia e a falência da Geórgia.(317, 318)
Os EUA e aliados assaltaram o Iraque provocando a morte a imensas pessoas. Porquê? Será que podemos aceitar como razão para uma guerra que uma nação não goste da outra? Esta guerra evidenciou que se Saddam possuísse efetivamente armas de destruição maciça os EUA nunca teriam enviado a sua tropa para lá. (319, 320)
Quanto à UE contemporânea, caracteriza-se por fraca força de vontade e ausência de princípios. Os seus dirigentes são apenas bombeiros que tentam apagar fogos políticos quando e se se desencadearem. Têm falta de visão quanto ao futuro e de memória histórica também.(47)
No conflito da Chechénia o Conselho da Europa e o Parlamento Europeu assumiram o papel de instigadores do conflito.(237) Embora a contribuição da Rússia correspondesse a 13% do orçamento do Conselho da Europa limitava-se a poder enviar uma delegação de 36 membros quatro vezes por ano, ás suas custas, e serem tratados como colegiais sucessivamente falhados. A russofobia levou mesmo a que fossem feitas propostas em diversas circunstâncias para impedir a Rússia de votar e mesmo de falar da tribuna.(317)
A atitude de confronto, a cruzada em curso contra a Rússia não ajudou a resolver um único problema internacional do Ocidente. Excesso de fluxos de emigrantes, drogas ilegais, máfias, problemas ambientais, desintegração moral.(323)
Não importa quão intensa seja a campanha para retratar o nacionalismo russo como ameaça fascista. No meu país a ideologia nazi nunca terá lugar: pagou um preço terrível – 27 milhões de vidas humanas – para libertar o mundo da peste castanha. (117)
O nosso objetivo é prevenir a restauração do poder dos anos 90 e da sua liberal roubalheira. (283) A Rússia tem os seus próprios meios e métodos independentes de assegurar a sua segurança. Não temos intenção de ceder a nossa soberania nem entregar a salvaguarda da nossa independência a um tio do outro lado do Atlântico.(321)
As relações de cooperação entre Estados têm de se basear em princípios de igualdade, integridade, segurança e confiança mútua. (322) A visão hipócrita da comunidade global liderada pelos EUA deve ser tomada por aquilo que é: uma manifestação de hipocrisia e um acessório das ações de política estrangeira.(77) Na verdade, o cinismo da NATO ultrapassa os piores cínicos deste mundo.(341) Contudo a NATO nunca entrará em guerra contra a Rússia. Mas certamente há um "se": se a Rússia permanecer um poder forte e soberano. (326)
[2] Elena Rzhevskaia, O fim de Hitler, Ed. Arcádia, p. 50
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