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domingo, 7 de fevereiro de 2021

QUEM É QUEM ?

 cantodampb.com 

Gal Costa Cantora 



Gal Costa, cantora desde sempre, uma das maiores de nossa música, é uma artista aguda! E não somente por ser soprano e pela alta frequência de sua voz. Mas principalmente por tantas de suas interpretações afiadas, penetrantes, intensas e também por sua presença marcante em cima de um palco.

Gal Costa

Maria da Graça

Baiana, de Salvador, nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos, em 1945. Sua grande influência musical foi João Gilberto, pai da Bossa Nova. Assim como foi para Caetano Veloso e Gilberto Gil, que ela conheceu ainda adolescente e com quem manteria uma parceria eterna, sobretudo com Caetano. Mas por essa época conheceu também Maria Bethânia e Tom Zé. E todos acima participariam do show “Nós, por exemplo…”, em 1964, que marcou época no cenário artístico baiano.

Nesse momento, em Salvador, ela ainda era Maria da Graça, Gracinha, Gau para os íntimos… Já era Gal quando lançou seu primeiro disco, Domingo (1967), em dupla com Caetano, e depois no Tropicália (1968). E firmou o sobrenome, definitivamente, no disco de 1969: Gal Costa.

Gal Costa e o Tropicalismo

E se a Bossa Nova de João Gilberto foi fundamental para motivar a tímida Maria da Graça a cantar, o Tropicalismo ajudou a artista a encontrar um novo modo de expressão. Sobretudo depois do Festival da Record de 1968, quando ela representou a canção Divino Maravilhoso, de Caetano e Gil, numa atitude bem rock’n’roll.

Quando Caetano e Gil foram exilados, Gal Costa ficou sendo a tropicalista de maior projeção no Brasil. Foi uma barra pesada pra ela, praticamente sozinha aguentando a pressão, porque muita gente não compreendia e nem aceitava bem as transgressões do movimento. Até de piolhenta era chamada na rua! Tal o nível dos conservadores.

Ainda assim, o saldo foi positivo pra ela. Porque Gal foi se reinventando, ousando, indiretamente criando moda, e se aprimorando na escolha de repertório, diversificando autores. Se sempre cantou Caetano Veloso em seus discos, e quase sempre Gilberto Gil, ela também muitas vezes lançou mão de Roberto e Erasmo – que fizeram “Meu nome é Gal” especialmente pra ela -, e também deu destaque para novos compositores, como Jards Macalé e Luiz Melodia, por exemplo.

E cabe lembrar que nos primeiros anos da década de 70, Gal se tornou uma verdadeira febre na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. As “Dunas da Gal” reuniam uma juventude eufórica, colorida, sedenta por curtição e coisas novas.

Quem é Gal Costa

Gal Fênix

Depois de enfileirar inúmeros sucessos e construir a imagem de cantora prodigiosa, arrojada e sensual. Seu belo sorriso se fechou por algum tempo. O relativo fracasso do disco Cantar, de 1974, idealizado por Caetano – e que nasceu com o intuito de mostrar toda sua excelência como cantora – lhe retraiu, deixando-a reclusa por certo período.

A retomada na carreira se deu num retorno às raízes baianas, revisitando Dorival Caymmi, no bem sucedido disco Gal Canta Caymmi (1976), o que certamente colaborou para que anos depois ela lançasse outro álbum somente com músicas de mais um compositor antigo, dessa vez Ary Barroso, no Aquarelas do Brasil (1980).

Mas também o show Doces Bárbaros (1976) pode ter contribuído para devolver muito de sua confiança. Uma vez que ela voltara a ter a companhia constante de pessoas queridas, que no caso eram Caetano, Gil e Bethânia.

O fato é que Gal terminaria a década de 1970 mais madura, mais reconhecida, mais independente e desfrutando de um estrondoso sucesso, já que seu disco Gal Tropical (1979) vendera mais de um milhão de cópias.

Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil
Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil: Doces Bárbaros.

Consagração de uma Diva

Nos anos seguintes Gal Costa manteria seu nome como uma das maiores divas da música brasileira. É emblemática uma cena do show O Sorriso do Gato de Alice em que ela canta “Brasil, mostra tua cara…” com um tom desafiador, feroz, deixando os seios à mostra. A exibição de seu corpo causou, evidentemente, devoção de alguns e repulsa de outros. Muita polêmica e discursos apaixonados de amor e ódio. E isso é Gal Costa. Era absolutamente impossível passar indiferente à sua figura.

Com o tempo, a timidez foi se transformando em serenidade. Retirou-se de cena por um tempo, para cuidar do filho Gabriel, que adotou com mais de 60 anos. Retornaria com um belo trabalho produzido por Caetano, o disco Recanto, só com músicas dele. E segue ativa, trabalhando com artistas de todas as idades. Comemorando, inclusive, seus 75 anos através de uma live, e contando com uma legião devotada de fãs (que muito contribuíram com este artigo).

Sucessos de Gal Costa

Algumas das principais músicas de sua carreira são: Aquarela do Brasil, Baby, Pérola Negra, Meu nome é Gal, Festa do Interior, Vapor Barato, Divino Maravilhoso, Volta, Vaca Profana, Chuva de Prata, Como 2 e 2, Lua de Mel Como o Diabo Gosta, Folhetim e tantas muitas outras.

Além de trilhas de novelas e inúmeros discos de sucesso, um dos principais momentos da sua carreira foi o show Fa-tal – Gal a Todo Vapor, de 1971,  além do show Gal Tropical (1979) do disco acima citado. E também fazemos questão de destacar o belo momento no show Gal Costa Canta Tom Jobim (1999).

Enfim, sua carreira é belíssima e sua obra é rica em diversidade e gigantesca em qualidade. Assim como outros artistas de sua geração, ela soube ludibriar o envelhecimento. Cada vez mais atenta, forte e sem tempo de temer a morte. Mesmo porque a marca de Gal é reinventar-se, é farejar o novo. E o fato definitivo é que ela fez, desde sempre, e de modo inigualável, o que tinha de fazer nesta vida: cantar.



Quem é Elis Regina 


Elis Regina é considerada, por quase toda a crítica especializada, a maior cantora brasileira de todos os tempos. Neste artigo, vamos repassar sua trajetória e buscar entender por que ela merece ostentar tal título.

Quem é Elis Regina

Gaúcha nascida em Porto Alegre, Elis Regina Carvalho Costa também já nascera cantora, em 1945. Tanto que aos 7 anos de idade ela já se predispunha a cantar em uma rádio local. A timidez, contudo, adiou sua estreia em cinco anos. Mas ela não ficou parada, foi estudar piano inclusive, mantendo-se em constante aperfeiçoamento.

Já era um prenúncio do que seria sua vida nos trinta anos seguintes: cantar e aprimorar sua técnica pra cantar melhor ainda. Quando jovem, porém, ela pensava em ser professora. E de certa forma foi, pois em determinado ponto da carreira, qualquer apresentação sua era uma verdadeira aula de canto e interpretação.

Primeiros Passos

Mas antes da consagração, Elis cumpriu devidamente cada etapa que uma cantora de sua época deveria completar, e sempre muito precoce. Aos 12 anos estreou na Rádio Farroupilha, cantando os sambas-canções de então. Aos 15, em 1960, já era considerada a melhor cantora do rádio gaúcho.

Neste período foi conhecendo produtores e se misturando ao meio musical. Aos 16 anos já tinha gravado seu primeiro disco “Brotolândia“, nitidamente voltado para os jovens da época, sendo que a intenção da gravadora era ter uma Celly Campelo pra chamar de sua. Elis tinha de se enquadrar.

Mas à época, o grande sucesso ainda era a Bossa Nova, e os discos seguintes de Elis serão basicamente neste gênero, e também com alguns sambas e sambas-canções. Ou seja, se ela teve de começar a carreira “imitando” Celly Campelo, ela conseguiu se afastar dessa linha comercial que desembocaria na Jovem Guarda, e à qual ela seria uma ferrenha opositora no futuro.

A Consagração

Em 1964 a família entendeu que pra ela estourar mesmo era preciso deixar o Sul. Quando chegou ao Rio de Janeiro, ela já trazia na mala boas indicações e quatro LPs gravados em estúdio. Quando ela começou a cantar na noite carioca, e consequentemente na televisão,  as coisas se aceleraram.

No ano seguinte ela já seria elevada a status de celebridade. Se já não bastasse vencer o 1º Festival de Música Popular Brasileira de 1965, com a música Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, seu carisma colaborou para que ela se tornasse apresentadora do programa O Fino da Bossa, da TV Record, ao lado de Jair Rodrigues. Pra completar, ela ainda lança três discos neste mesmo ano, sendo dois ao vivo, um com o próprio Jair, Os Dois na Bossa; outro com o Zimbo Trio, O Fino do Fino,  e o terceiro sozinha em estúdio, Samba – Eu Canto Assim. Que pelo título já dá uma ideia da pretensão em redefinir paradigmas.

A partir desse estouro, Elis praticamente se consolida como a grande cantora de sua geração. Liderando, inclusive, uma movimentação ideológica dentro da música popular, que colaborou para instituir as bases do que passou a ser chamar MPB. E até o ano de sua morte, em 1982, ela superaria todas as demais cantoras que vieram antes dela, incluindo Carmen Miranda e Emilinha Borba. Sendo que as referências de Elis, quando jovem, eram as estrelas do rádio dos anos 1950, entre outras, Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Marlene e principalmente Ângela Maria, sua favorita.

Além disso, mesmo não investindo na carreira internacional, Elis teve uma grande repercussão nas vezes que se apresentou no exterior. Talvez com o tempo, ganhando mais confiança e com os filhos crescidos, ela se arriscasse a ganhar novos admiradores mundo a fora.

Quem é Elis Regina

A Maior Cantora do Brasil

E de fato ainda hoje não surgiu uma cantora como Elis Regina, com seu nível de perfeição. Pois além de ter nascido com vocação pra cantar, ela foi se lapidando, ano a ano. Eclética, performática, obtinha efeitos vocais que a transformavam num verdadeiro instrumento musical (como ela própria fez questão de registrar). Ela colocava seu sorriso no canto, fazia o que quisesse com voz. Abusava das variações de tons, de ritmos, de velocidades, tinha um controle absoluto do vibrato, que a possibilitava florear os sons e praticamente criar uma harmonia vocal. E tudo isso sendo fumante, imagine se não fumasse!

Além da excelência técnica em matéria de canto, Elis também foi melhorando sua presença de palco, conferindo dramaticidade às suas interpretações com consciência cênica. Sempre entregue, expressando no corpo e no rosto o sentido das letras, colocando verdade no que estava cantando, o que a fazia parecer “cantar com a alma”. Belchior ela cantava de um jeito, com um timbre específico, uma postura, um olhar. Tom Jobim ela já cantava de outro, suave, leve,  delicada. E assim por diante.

Afetos e Desafetos

Elie Regina e Tom Jobim

Apesar do sorriso cativante, Elis tinha uma personalidade forte e dava declarações implacáveis, isso fez com que ela colecionasse alguns desafetos ao longo da carreira. Uma forte crítica que recebeu foi pela radicalização ideológica, como por exemplo, ao não admitir que a guitarra fizesse parte da música popular brasileira, ou mesmo considerando a Tropicália um movimento puramente comercial.

Em contrapartida, muitos artistas são eternamente gratos a Elis. Até porque ela colaborou para impulsionar a carreira de grandes compositores, Edu Lobo e Belchior, já citados acima, compõem a lista com Milton Nascimento, Gilberto Gil, Ivan Lins, Aldir Blanc e João Bosco, por exemplo. Isso demonstra a sensibilidade que ela tinha na seleção do seu repertório, farejava o sucesso mesmo em autores ainda desconhecidos.

Para Sempre Elis Regina

Sua morte gerou polêmica, fãs conservadores condenaram a artista que faleceu por overdose, ao combinar altas doses de álcool, cocaína e tranquilizantes. Um vacilo fatal.

Impossível falar de Elis sem sentir certa de tristeza. Pois apesar de não estar entre nós há tanto tempo, ela faz muito falta. Sobretudo, obviamente, para seus três filhos, João Marcello Bôscoli, do casamento com Ronaldo Bôscoli; Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, do casamento com César Camargo Mariano. Mas também pela sua participação na vida cultural do país, pelo seu posicionamento político, pela sua inteligência, suas opiniões. E claro, pelas novas canções que ouviríamos através de sua voz, que ainda tinha tanto a oferecer.

Alguns de seus principais sucessos foram Como Nossos PaisO Bêbado e a EquilibristaAlô Alô MarcianoAprendendo a JogarAtrás da PortaVou Deitar e RolarFascinaçãoTiro ao Álvaro, e Águas de Março.



Quem é Gilberto Gil


Caso imaginemos um novo dilúvio nos dias de hoje, por pura fantasia,  e a necessidade de Noé acolher em sua arca, além de um par de animais, um músico de cada país, o nosso escolhido seria Gil. Nas próximas linhas, então, teremos o compromisso de justificar essa escolha, além de responder a pergunta: quem é Gilberto Gil na MPB?

Quem é Gilberto Gil

Primeiras Referências

A história de Gil é muito interessante. Nascido na capital baiana, em 1942, ele morava, mesmo, na pequena cidade de Ituaçu, e foi lá que cresceu. Ligou-se à música muito cedo, ainda criança, aprendendo acordeom. Só no final dos anos 1950, sob a influência de João Gilberto e a Bossa Nova, é que foi estudar violão para depois migrar de instrumento definitivamente. Também é muito jovem que começa a escrever poesia, influenciado pelos cânones pré-modernistas.

Estruturalmente essas são as principais características que acompanharão Gilberto Gil por toda sua vida. Ele é um poeta nato e um músico que persegue os sons. Ele tem raízes fincadas em ambiente rural e arcaico no coração do Brasil, mas uma cabeça aberta, e consequentemente, um ouvido atento para captar o novo e universalmente moderno.

Início da Carreira

Como foi dito acima, Gilberto Gil foi influenciado pela Bossa Nova no início de carreira e isso ficou evidente nas primeiras canções gravadas, a partir de 1963, como Serenata de teleco-teco. Mas a sua voz e sua forma de cantar já mostravam personalidade. É neste mesmo ano que conhece Maria Bethania, Gal Costa e Caetano Veloso na Bahia. Anos depois eles formariam o quarteto “Doces Bárbaros” num projeto de shows. Caetano, bem antes disso, já o estimava. É célebre a passagem que ele narra, quando Dona Canô, ao ver Gil cantando na televisão, chamava: “Caetano, venha ver o preto que você gosta”.

Mas a música teve de esperar para ser exclusiva em sua vida. Formado em administração de empresas, Gil veio a São Paulo, em 1965, inicialmente, para participar de um programa de trainee da empresa Gessy Lever. Somente um ano depois ele conseguiria se desvencilhar da carreira corporativa para se dedicar à artística. Mais uma vez nota-se seu perfil eclético, mesmo sendo funcionário de uma multinacional, estavam presentes no seu imaginário, nas primeiras canções, os trabalhadores pobres e a gente do sertão.

Quem é Gilberto Gil

Um músico-intelectual ligado à sua época, Gil acredita no poder transformador da arte na sociedade, e na necessidade de estar comprometido e engajado neste propósito. A canção, dessa maneira, é um suporte para transmissão de ideias. As reflexões do artista – sujeito favorecido pela sensibilidade com a qual vislumbra o mundo – devem ser propagadas. Ainda que, em diversas vezes, ele caia em devaneios livres e puramente artísticos, sua poesia em grande parte são discursos,  argumentações objetivas. Frutos de meditações profundas e a intento de passar uma mensagem. Ele tem necessidade de se fazer entender, apesar de toda sua complexidade.

Músico habilidoso, ele vai atravessar a carreira visitando novos gêneros, se atualizando, experimentando possibilidades, revitalizando sua música. Ao longo dos anos ele vai transitar por bossa nova, samba, baião, forró, rock, reggae, pop e tantos outros estilos. Guitarra e berimbau, Bahia e Londres, Ásia e África, masculino e feminino, preto e branco, tudo convive harmoniosamente em seu repertório.

Gilberto Gil Atuante

E isso tudo além de se reinventar enquanto intérprete, performer, agitador cultural e figura pública. Um verdadeiro deslumbre de som e imagem! Porque ele também se esforça para que, além das questões de conteúdo, suas músicas sejam atraentes, populares, dançantes. Afinal de contas, essa sua vocação também o leva muitas vezes a sentir necessidade de puxar o bloco, levantar a multidão. E até mesmo de se envolver burocraticamente, pois ele foi secretário de cultura e vereador em Salvador, e tempos depois Ministro da Cultura, no Governo Lula.

Por tudo isso ele vai estar ao lado de Caetano na formulação do Tropicalismo, um movimento que pretendia revolucionar a cultura brasileira. Tomando como referência o avanço obtido com a Bossa Nova, ainda precisando derrubar muitas estruturas culturalmente arcaicas no país. Em 1967 quando subiu ao palco com a banda de rock Os Mutantes para se apresentar no 3º Festival de Música Popular Brasileira, defendendo a impecável Domingo no Parque, vaias eram esperadas. Mas, pelo contrário, ficou na segunda colocação, o que significava uma grande vitória.

Gil e os Mutantes no Festival de 1967.

Artista Sensível

Em 1968, Caetano e Gil foram presos pela Ditadura, sem acusações que justificassem. Vivia-se um período violentíssimo de repressão que se seguiu ao AI-5. Ao saírem da prisão, ficam meses em liberdade condicional, até serem exilados em Londres, por mais de 2 anos. Obviamente que sua arte só fez ganhar em ecletismo no período que esteve na terra da Rainha Elizabeth. O mesmo vai acontecer anos depois, quando ele visitar a Nigéria, voltará de lá com as bases para o disco Refavela. Ou ainda quando, após sofrer um assalto à mão armada,  vai criar a música Pessoa Nefasta.

Disco após disco, show após show, Gilberto Gil vai consolidar seu prestígio e sucesso. Inclusive muitos dos seus shows ele transformou em discos, justamente por se sentir pleno no palco, diante de seu público.

Obras de Gilberto Gil

A Paz, Andar com Fé, Aquele Abraço, Domingo no Parque, Drão, Lamento Sertanejo, Não Chores Mais, Realce, Refazenda, Se eu quiser falar com Deus, Super Homem, Tempo Rei, Toda menina Bahiana, Vamos fugir… Enfim, algumas das músicas de Gil que marcaram gerações.

Alguns de seus principais discos são:

  • Gilberto Gil – (1968)
  • Tropicália – (1968)
  • Expresso 2222 – (1972)
  • Refazenda – (1975)
  • Refavela – (1977)
  • Realce – (1979)
  • Tropicalia Nº 2 – (1993)
  • Kaya N’Gan Daya – (2002)

De volta à Arca de Noé

Por tudo isso acreditamos que Gilberto Gil seria o melhor representante de nossa música em uma hipotética nova arca de Noé. Porque é um dos nossos letristas mais primorosos, um músico inovador e, ao mesmo tempo, com muita bagagem  folclórica, tradicional, popular. Também porque é negro, como a maioria de nosso povo.

Socialmente engajado, progressista, sem preconceitos. De perfil conciliador, diplomático, ele saberia criar um novo som para um mundo novo, em diálogo com outros músicos do mundo todo. Mas sobretudo, porque Gilberto Gil é um dos mais talentosos,  geniais e, talvez, o mais completo artista da história da música popular brasileira.

Gilberto Gil durante show




Quem é Chico Buarque |


Neste post vamos tentar responder a seguinte pergunta: quem é Chico Buarque na MPB?

Quem é Chico Buarque

Quem é Chico Buarque

Podemos começar, primeiramente, dizendo que Chico Buarque é uma espécie de elo entre passado e presente na nossa música. No início da carreira ele colaborou na atualização temática da Bossa Nova, mas apresentando traços de composição do Noel Rosa, um dos fundadores da música popular brasileira nos anos 1930. Mas claro que a exaltação ao seu nome também se fez crescer ao longo dos anos por outras razões.

Raízes Buarqueanas

Chico nasceu em 1944 no Rio de Janeiro, então capital federal e também berço da nossa tradição de música popular. Ele morou por um tempo em Roma, na Itália e, de volta ao Brasil, se firmou em São Paulo. Ou seja, um homem, branco, bonito, hetero, proveniente de boa família e sempre habitando grandes centros. Não há necessidade de Chico implodir estruturas. Por tudo isso, talvez, Chico Buarque nunca tenha se interessado por fazer parte de movimentos de vanguarda, como foi o Tropicalismo, por exemplo.

Entretanto, sua fértil imaginação e sua imensa sensibilidade sempre estiveram a serviço de sua consciência social. Isso fez com que Chico se alinhasse a uma vertente popular-nacionalista de esquerda. Não à toa, logo nas primeiras músicas já temos, em Pedro Pedreiro, um trabalhador amargurado esperando um trem que nunca chega. Ou mesmo a afirmação que tem mais samba no homem que trabalha e no som que vem da rua!

Principais Inspirações

Em Chico, a maneira de fazer arte é mais o aprimoramento do que já está estabelecido como excelente, até pra ele mesmo. Ou seja, Chico Buarque gostava de ouvir grandes mestres do samba, bossa nova etc…  Quando chega a vez dele, ele faz tudo isso de um modo excepcional. Graças a sua capacidade de apreender características de tais gêneros e então criar suas composições dentro dos respectivos estilos. Ele sabe se metamorfosear como poucos.

Tanto é que ele chegou a declarar, ainda jovem, que sua intenção era cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinicius de Moraes. De certa forma ele será fiel a esse escopo por toda sua trajetória. E algo que nos deixa convencidos disso é a música Tua Cantiga  que abre o disco Caravanas, de 2017.

Quem é Chico Buarque

A Criação de uma Imagem

Quando Chico Buarque estoura nacionalmente com “A Banda”, vencendo o Festival da Record de 1966, era como se fosse um garoto precoce que já compreendesse o que se passa em corações maduros e nostálgicos. De saída ele foi considerado o sucessor musical de Noel Rosa.

E se a Bossa Nova e depois a Jovem Guarda arrebataram os jovens primeiro, Chico Buarque, de imediato, se tornou “unanimidade nacional”, como definiu Millôr Fernandes. Porque Chico não escandalizava ninguém, encantava a todos com sua voz serena, seu lirismo poético, seus traços e olhos azuis. Daí a facilidade com que colaram nele a pinta de bom moço, lindo e tímido.

A partir disso, o cantor vai suar a camisa pra se descolar dessa imagem. A música Roda Viva já é uma tentativa, e a peça teatral de mesmo nome, seria o momento culminante dessa tentativa. Mas é mesmo no disco Construção, de 1971, depois de voltar de um autoexílio na Itália, que Chico chama atenção por apresentar um tom criticamente mais amargo e incisivo em suas letras.

Chico Buarque e a Ditadura

No início dos anos 1970 o Brasil vive o período mais violento de repressão da ditadura. E por ser um dos mais destacados artistas brasileiros e crítico ao regime, ele então se torna um símbolo de resistência, de artista engajado e de compositor de canções de protesto. “Apesar de Você” é uma bofetada nos militares e um verdadeiro hino à liberdade.

Por essa razão, Chico terá muitas músicas censuradas. E ao perceber a má vontade dos censores para com seu trabalho, ele cria o pseudônimo Julinho de Adelaide e consegue a aprovação das músicas “Acorda Amor”, “Fio Maravilha” e “Milagre Brasileiro” que, assinadas com seu nome, certamente seriam proibidas. Chico fez de Julinho de Adelaide uma verdadeira persona, que chegou até a dar entrevista em jornal. Quando a farsa foi descoberta, passaram a pedir o documento de identidade para registros.

Chico Buarque e Marieta Severo
Chico e Marieta Severo. 33 anos de casamento.

Um Escritor-músico

A maior crítica que Chico vai ouvir durante a vida é que não sabe cantar. Obviamente que, mesmo se não tivesse feito a opção de “seguir” João Gilberto, sua voz também nunca seria a de um Milton Nascimento. Ainda assim, dizer que Chico canta mal talvez seja má vontade. Todavia, seu ponto forte é mesmo a escrita.

Chico Buarque é, acima de tudo, um músico-escritor na MPB. Por isso é tão bom cronista, em “Acorda Amor”, “Cotidiano”, “Construção”, por exemplo. Também por isso cria tantos personagens como Pedro Pedreiro, Juca, Carolina, Januária, Geni, Lili Braun, entre outros. Além do famigerado “eu lírico” feminino, em narrativas que dariam filme, como em “Atrás da Porta”, “Anos Dourados”, “Olhos nos Olhos, “Meu Guri” etc..

Em 1999, a revista “Isto É” realizou uma votação que consagrou Chico Buarque o maior músico brasileiro do Século XX. Certamente que, a depender da época, outros nomes podem encabeçar a lista em novas enquetes. O fato, porém, é que Francisco Buarque de Hollanda estará sempre presente no seletíssimo grupo de elegíveis a tal posto.

Principais Obras de Chico Buarque

Além do já citado disco Construção, outros álbuns de sua carreira também se tornaram clássicos:

  • Quando o Carnaval Chegar (1972).
  • Meus Caros Amigos (1974).
  • Chico Buarque (1978).
  • Vida (1980).
  • Almanaque (1981).
  • Paratodos (1993).


Quem é Caetano Veloso 


Quem é Caetano Veloso

Quem é Caetano Veloso

Caetano Veloso talvez seja a figura mais transgressora da MPB. E isso não por acaso, pois desde o começo de sua carreira Caetano denotava ter plena consciência do que era necessário fazer para eternizar seu nome na história da música popular brasileira.

Criativo, inteligente, inquieto e ambicioso, Caetano é baiano, nascido em 1942, em Santo Amaro da Purificação. Sua carreira está intimamente ligada à de sua irmã, Maria Bethânia. E apesar de ser uma figura individualmente marcante, é quase impossível dissociá-lo de outros nomes, como Gilberto Gil e Gal Costa.

Caetano começa a se interessar seriamente por música ouvindo João Gilberto. A partir da novidade revelada pelo ídolo, também baiano, ele inicia sua trajetória musical acompanhando Bethânia em apresentações em bares, já morando em Salvador.

Doces Barbaros - Maria Bethania Caetano Veloso Gal Costa Gilberto Gil
Doces Bárbaros: Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil

O Artista Intelectual

Algo fundamental para entender Caetano é que ele chegou a cursar a faculdade de filosofia. Este dado revela muito de sua personalidade e também de suas escolhas como compositor. Quando pega seu instrumento e se propõe a um nova canção, em seus melhores momentos, Caetano Veloso vai refletir, ou sobre algum tema específico ou alguma experiência vivida.

Outra característica advinda do fato de ser um artista intelectual, é que Caetano estuda e pensa a música na prática e na teoria. Desde sempre buscando compreender a indústria cultural e como se inserir nela, de maneira crítica e incisiva.

Antes mesmo de gravar seu primeiro disco, Caetano já tinha consciência de que os artistas de sua geração deveriam realizar uma tarefa histórica. Era preciso evoluir esteticamente, partindo da Bossa Nova; portanto, além de transmitir novas mensagens, tinham de reinventar a maneira de fazê-lo.

Caetano Revolucionário

A contracultura e cultura pop estavam batendo na porta de uma casa bastante conservadora. E Caetano foi um dos primeiros a perceber que era preciso deixá-las entrar.

Seu primeiro disco, em parceria com Gal Costa, ainda tinha muitos traços de Bossa Nova. Por outro lado, já prenunciava ideias de vanguarda.

Se pensarmos que, no final dos anos 1960, houve uma manifestação de artistas contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira, é possível entender o alvoroço causado por Caetano e Gil no Festival da Record de 1967. Ambos se utilizaram de bandas de rock para acompanhá-los. Caetano apresentou “Alegria Alegria” com os Beat Boys, e Gil defendeu sua “Domingo no Parque” com a banda Os Mutantes.

O Tropicalismo

Tudo isso porque estavam fervilhando ideias de renovação, que culminaram no Tropicalismo. Inteligente, artisticamente ambicioso e cada vez mais à vontade ao modus operandi artístico e filosófico, Caetano foi um dos idealizadores de um movimento que se espalhava por outras áreas além da música. Cinema, poesia, teatro e artes plásticas se associaram ao Tropicalismo. A ideia principal era repensar a cultura brasileira, colocá-la a par das inovações vindas de fora sem abrir mão da nossa própria cultura, do nosso folclore, da nossa identidade nacional. Mas desmistificando conceitos e ideias ou ideais do que era a nossa cultura, digamos, sui generis.

Até por isso, o Tropicalismo se sustentou nas ideias modernistas, no antropofagismo de Oswald de Andrade. Que muito resumidamente consiste em devorar o que o mundo oferece e regurgitar uma arte original, brasileira.

Menos radicais que os modernistas, pelo menos na música, os tropicalistas defendiam também a liberdade criativa, ter à disposição o arcaico e o moderno, o nacional e o internacional, Ary Barroso e os Beatles etc. Mas também havia uma proposta moral, de comportamento, algo que abalasse as estruturas da tradicional família brasileira. Um exemplo disso foi o casamento de Caetano e Dedé, quando ela utilizou uma minissaia na cerimônia. Chocou!

Claro que tudo isto não passaria batido pela Ditadura. Conservadores e paranoicos, os militares prenderam Caetano e Gil em 1968. No ano seguinte ele foram exilados em Londres.

Gilberto Gil e Caetano no Exílio

Sequência da Carreira

Nos anos 70, Caetano de volta do exílio se revela uma personagem mais complexa e instigante. Além das inovações propostas na maneira de fazer música, tudo o que ele representava causava muito impacto, sobretudo em mentes reacionárias. Seu comportamento, suas declarações, suas vestimentas, seu gestual, sua sexualidade…

Sua visão sobre arte e sobre o mundo vai resultar em inúmeras polêmicas ao longo da vida. Suas opiniões estarão quase sempre no centro de debates, até porque ele nunca fugirá destes. Também será muitas vezes alvo de provocações, e a todas vai dar uma resposta.

Caetano vai seguir por anos e anos produzindo coisas fortes e belas, sendo uma figura autêntica. Neste post tentamos dar um panorama geral para explicar Quem É Caetano Veloso na MPB. Em suma, ele é um dos maiores de nossa música, para muitos o maior. Poucos se igualam em genialidade, trajetória e consciência artística.

A Obra de Caetano Veloso

Algumas das principais músicas de Caetano Veloso são:

  • Alegria Alegria
  • Tropicália
  • Baby
  • Você é Linda
  • O Leãozinho
  • Podres Poderes
  • Sampa
  • Cajuína
  • Tigresa
  • A Luz de Tieta

E alguns de seus discos mais aclamados são:

  • Caetano Veloso (1968, Philips)
  • Tropicália ou Panis Et Circenses (1968, Philips) *Com Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé
  • Transa (1972, Philips)
  • Bicho (1977, Philips)
  • Cinema Transcedental (1979, Philips)
  • Velô (1984, Philips)
  • Tropicália 2 – (1993 – Philips) *Com Gilberto Gil

Quem é João Gilberto 


Quem é João Gilberto Pai da Bossa Nova

Quem é João Gilberto

Em primeiro lugar é preciso dizer que João Gilberto é um divisor de águas na música popular brasileira, pois ele pode ser considerado o pai da Bossa Nova.

Bossa Nova foi um movimento de modernização da música popular brasileira, ocorrido entre o final dos anos 1950 e o início da década seguinte. Resumidamente, Bossa Nova era uma forma moderna de fazer samba, com forte influência do jazz.

O samba Bossa Nova tinha uma temática oposta ao samba-canção que se fazia. As letras eram otimistas, ao contrário da sofrência que predominava na criação dos compositores de então. O cenário migrava de bares lúgubres para praias ensolaradas.

Além disso, a maneira de cantar era mais intimista, diferente das vozes potentes, impostadas e cheias de vibratos que  predominavam. E, finalmente, a relação do cantor com seu violão ficava mais entrelaçada, praticamente bastando-se um ao outro. Afinal, o instrumento ganhava destaque com a nova forma de tocar introduzida por João Gilberto.

Pai da Bossa Nova

Nascido em 1931 em Juazeiro, na Bahia, João Gilberto já tinha uma carreira de cantor, sem muito sucesso no Rio de Janeiro. Seu ponto forte era mesmo o violão. E não por acaso, pois ele praticava incansavelmente suas habilidades no instrumento.

Foi por volta dos 27 anos que ele mostrou ao mundo uma nova batida no violão, algo que aproximava o toque nas cordas com um batuque. Ele chamou atenção para essa nova forma de tocar o instrumento no disco de Elizeth Cardoso, “Canção do Amor Demais” de 1958.

No entanto, a bem da verdade, seu violão só podia ser notado pelos ouvidos mais atentos na música Chega de Saudade. Que era de autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim.

Vinicius de Moraes Tom Jobim e João Gilberto em show Bossa Nova
Único show do trio mais importante da Bossa Nova juntos: Vinícius de Moraes, Tom Jobim e João Gilberto.

Porém, ainda nesse mesmo ano, ele próprio lançou um compacto duplo com a sua versão de Chega de Saudade. Além do violão inovador, ele também surgiu com uma proposta de cantar “baixinho”, de maneira mais sincopada, retardando ou acelerando o tempo da melodia.

A novidade agradou os jovens, que já estavam cada vez menos interessados na música brasileira que se fazia então. Era como se João Gilberto tivesse encontrado o som que toda uma geração estava perseguindo.

Apesar de ter revolucionado a música popular brasileira dessa forma, João Gilberto também recebeu várias críticas de opositores. Ou seja, em ouvidos pouco afeitos a novidades, a criação de João provocou ruídos.

Críticos mais conservadores consideraram que sua fama seria passageira. Além de acharem sua maneira simplificada de cantar o resultado de falta de talento e qualidade. Isso sem contar que ele abria espaço para outros artistas que “cantavam mal” como ele.

Mas esses prognósticos estava absolutamente equivocados.

O Legado de João Gilberto

João Gilberto virou um sucesso absoluto e foi determinante para o surgimento de uma nova geração de músicos, como por exemplo, Caetano Veloso, Chico Buarque, Edu Lobo, Gal Gosta, Gilberto Gil, entre tantos outros.

Seu sucesso não se limitou ao Brasil. João Gilberto fez fama internacional. Fazendo com que o estilo criado por ele se transformasse no modelo ideal de música brasileira para o resto do mundo.

Passou a ser aclamado e reverenciado aonde quer que fosse. Ele manteve seu estilo bossa nova até o final de sua carreira. Faleceu em 2019, aos 88 anos.

João Gilberto também foi determinante para o sucesso do grupo Novos Baianos (confira postagem no link).

Obras de Referência

Seus principais sucessos foram: Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Desafinado, Samba de uma nota só, O Pato, Meditação e muitas outras.

E seu nome se consolidou já nos três primeiro discos: Chega de Saudade (Odeon, 1959), O Amor, o Sorriso e a Flor (Odeon, 1960), João Gilberto (Odeon, 1961).

Enfim, este é João Gilberto na MPB. Ele ocupa uma posição no Panteão da música popular brasileira.



Quais foram os integrantes dos Novos Baianos - 


Novos Baianos foi uma banda que marcou história na música popular brasileira durante os anos 70. Quando o grupo se separou no final dessa mesma década, deixou muita saudade na legião de fãs que conquistaram. Neste post vamos falar quais foram integrante dos Novos Baianos e como eles se conheceram.

Imagem de Show dos Novos Baianos

A formação inicial dos Novos Baianos

O ano era 1966. O local era uma pensão em Salvador, na Bahia. Os personagens eram Luiz Galvão (29 anos) e Moraes Moreira (19 anos).

Luiz Galvão também era do interior da Bahia. Agrônomo de formação, era também poeta e compositor. Conterrâneo de João Gilberto, os dois se já conheciam de Juazeiro e isso seria determinante, não somente depois, para a história dos Novos Baianos e o disco Acabou Chorare. Pois o criador da Bossa Nova, que era um pouco mais velho que Luiz, já lhe apresentava novas referências musicais muito antes disso.

Moraes Moreira, que era do interior da Bahia, já era músico, tocava sanfona e violão. E quando se mudou pra Salvador foi morar numa pensão, onde conheceu Luiz Galvão. Foi também na capital baiana que conheceu Tom Zé, e este lhe apresentou novos ritmos, como o Rock, e o ajudou a aprender tocar guitarra.

Moraes Moreira e Luiz Galvão se conheceram na pensão em que moravam, e foram estreitando laços até iniciarem a parceria musical. Juntos, compuseram quase todas as músicas dos Novos Baianos.

Paulinho Boca de Cantor, também nascido no interior baiano, já era cantor desde adolescente. Com pouco mais de 20 anos, conheceu Moraes e Galvão na mesma pensão, por intermédio do músico Tuzé de Abreu.

Moraes-Moreira-Luiz-Galvao-Paulinho-Boca-de-Cantor-1969
Moraes Moreira, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor em 1969.

Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade

Baby, por sua vez, não era baiana. Nascida numa família de classe média, em Niterói, no Rio de Janeiro. Ela já cantava desde muito nova e, rebelde, resolveu fugir de casa ao 17 anos de idade. Para tanto, escolheu a cidade de Salvador como destino curtir uma aventura Rock and Roll. Sem eira nem beira, começou a cantar na noite basicamente em troca de comida. Foi em uma dessas ocasiões que conheceu Moreira, Galvão e Paulinho. Em pouco tempo, Bernadete Cidade criaria o nome artístico Baby Consuelo.

Formação Original do Grupo Novos Baianos

Pepeu Gomes era filho de músicos e nascido em Salvador. Roqueiro cheio de talento, já tinha certa reputação no meio musical da Bahia. Tanto que Gilberto Gil, por exemplo, já o conhecia nessa época.  Além de ter banda própria, ele também tocava com outros grupos, e não demorou para passar a participar de ensaios com os rapazes da pensão. E foi através desse contato que conheceu Baby e começaram a namorar. Talvez Pepeu tivesse se mantido independente do grupo se não fosse o relacionamento com a cantora.

Mas esta era a formação clássica do grupo Novos Baianos: Moraes Moreira (voz e violão), Luiz Galvão (letras), Paulinho Boca de Cantor (voz e pandeiro), Baby Consuelo (voz e percussão), Pepeu Gomes (guitarra e violão). A estreia oficial da banda, ainda sem um nome definido, se deu no espetáculo “O Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio Universal”, realizado em Salvador.

Como surgiu o nome “Novos Baianos”

O nome da banda surgiu de maneira espontânea. Ainda em 1969, eles foram a São Paulo defender a canção “De Vera” (Moraes e Galvão), no 5º  Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. O coordenador do festival, Marcos Antônio Riso, por não saber o nome do grupo soltou o comando: “Chama aí esses novos baianos!”. O Nome pegou!

Outros músicos também fizeram parte do grupo desde o primeiro disco Ferro na Boneca, de 1970. O baixista Dadi Carvalho, que depois formaria o grupo A Cor do Som.  O baterista Jorginho Gomes, irmão de Pepeu. E finalmente Bolacha e Baixinho na percussão.

A partir disso, o grupo faria história . E teremos o prazer de contar em outras oportunidades!

Quais foram os integrantes dos Novos Baianos



Quem é Itamar Assumpção 


Quem é Itamar Assumpção

Quem é Itamar Assumpção

Itamar Assumpção entra para a história da música popular brasileira por pertencer a um agrupamento de artistas que passou a ser chamado de Vanguarda Paulista (ou Paulistana), entre 1979 e 85. Eles se apresentavam, principalmente, no teatro Lira Paulistana, no bairro de Pinheiros em São Paulo. Também faziam parte desse grupo Arrigo Barnabé, as bandas Isca de Polícia, Sabor de Veneno, Rumo, Premeditando o Breque e Língua de Trapo. Há quem considere a Vanguarda Paulistana o movimento musical mais significativo desde o Tropicalismo, de fins dos anos 60.

Nascido no interior de São Paulo em 1949, Itamar passou a juventude no Paraná, onde conheceu Arrigo Barnabé. Depois mudou-se para a capital paulista e sua carreira decolou, quando já passava dos 30 anos. Curioso notar que, tanto Itamar Assumpção quanto Adoniran Barbosa eram do interior do estado e se incorporaram à capital como poucos.

Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção
Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção

Opção pela Contracultura

Seu som era uma mistura de samba, pop, reggae, rock, funk etc. Música experimental, criativa, bem humorada, eletrizante, descolada de tudo. E apesar de genial, sua obra, porém, é pouco conhecida, até porque os discos da Vanguarda Paulistana eram gravados de maneira alternativa e independente.

Itamar fez curso de teatro quando morou em Londrina, ou seja, ele é também um ator amador, e isso explica a potência cênica que há tanto em suas composições, quanto nas suas performances no palco. Suas letras irreverentes, descontraídas e autênticas trazem uma série de imagens e situações que ficam ainda mais teatrais no diálogo com as vozes femininas de apoio. Tais cantoras faziam parte das bandas Isca de Polícia e Orquídeas do Brasil, que Itamar ajudou a criar para acompanhá-lo.

Itamar e Isca de Polícia
Itamar e Isca de Polícia

Seu nome ficou mais conhecido nacionalmente quando lançou o disco Ataulfo Alves, Pra Sempre Agora, que lhe rendeu, inclusive, um prêmio APCA de melhor cantor em 1996. Ele ficou três anos estudando a vida e a obra do sambista mineiro até gravar o disco, criando versões muito singulares, praticamente autorais.

Isso revela muito de um artista de vanguarda como foi Itamar, que não é necessariamente um rebelde ou um louco marginal, mas sim alguém em constante processo, farejando, intuindo caminhos e fazendo suas pesquisas. E ao adquirir o domínio de determinado objeto de estudo, consegue gerar algo inédito ou releituras de clássicos.

Reconhecimento Póstumo?

Ele veio a falecer muito cedo, em 2003, vitimado por um câncer no intestino, com apenas 53 anos de idade. Levou consigo um ressentimento por sua obra ter sido mal interpretada por parte da mídia, que o rotulava de músico maldito, hermético. Apesar disso, os leais admiradores desejavam que seu sucesso fosse maior e mais condizente ao seu talento.

Itamar foi um artista fiel a si mesmo. De personalidade forte, não se enquadrou no sistema da indústria cultural e fez  escolhas de modo a manter sua independência. Suas músicas, sobretudo nos anos 1980, continham sim um forte apelo comercial, bastava seguir as regras de produção de uma grande gravadora. Mas talvez ele não estivesse necessariamente disposto a ceder e fazer as coisas de outra forma que não fosse a dele, assim como os demais artistas da sua geração.

O fato é que ele ocupou a vida transformando suas inquietações em música, em arte. Todo seu vigor criativo seria igual, tivesse feito mais ou menos sucesso.

Quem é Itamar Assumpção


Algumas de suas principais músicas são:

  • Nego Dito
  • Tua Boca
  • Luzia
  • Por que eu não pensei nisso antes
  • Adeus Pantanal
  • Fico Louco

Beleléu Leléu Eu

Seus principais discos foram:

  • Beleléu, Leléu, eu. (1980)
  • Às Próprias Custas S.A. (1983)
  • Sampa Midnight – Isso não vai ficar assim (1986)
  • Bicho de 7 cabeças (1993, 3 Volumes)


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