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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Marine Le Pen em tribunal por difundir imagens do grupo jihadista Daesh

 sicnoticias.pt

Pascal Rossignol

O Ministério Público francês exige o pagamento de uma multa de 5.000 euros à líder do partido de extrema-direita.

A líder da extrema-direita francesa recorreu esta quarta-feira à "liberdade de expressão e de informação" num tribunal criminal, onde está a ser julgada por difusão de fotografias de execuções do grupo jihadista Daesh nas redes sociais em 2015.

O Ministério Público francês exige o pagamento de uma multa de 5.000 euros contra Marine Le Pen, presidente da União Nacional (RN, na sigla em francês). O julgamento ocorre a 15 meses das eleições presidenciais em França, em que Marine Le Pen é candidata.

Tendo disputado já uma segunda volta contra o atual chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, nas eleições de 2017, Marine Le Pen regista praticamente as mesmas intenções de voto de Macron nas sondagens mais recentes.

Marine Le Pen está a ser julgada no Tribunal Criminal de Nanterre, perto de Paris, por ter difundido fotos de propaganda do Daesh nas redes sociais em 16 de dezembro de 2015.

Em resposta ao jornalista francês Jean-Jacques Bourdin, a quem acusou de ter "traçado um paralelo" entre o Daesh e a RN, Marine Le Pen difundiu três fotos de abusos cometidos pelo grupo jihadista adicionando a frase: "Daesh é isso!".

As fotos mostram um soldado sírio esmagado vivo em cima dos rastos de um tanque, um piloto jordano queimado vivo numa gaiola e o corpo decapitado do jornalista americano James Foley, com a cabeça apoiada nas costas.

As publicações, poucas semanas após os ataques jihadistas em Paris e Saint-Denis, a 13 de novembro de 2015 (que provocaram 130 mortos e centenas de feridos), levantaram imediatamente protestos à esquerda - então no Governo - e à direita.

"Bourdin fez uma comparação entre a RN e o Daesh dizendo que há uma 'comunidade de espírito'" entre ambos, argumentou Marine Le Pen no tribunal, denunciando também "uma banalização inaceitável e crimes de menorização contra a humanidade (.. .) que são o trabalho desta gangue de assassinos chamada Daesh".

Bourdin havia mencionado uma "comunidade de espírito" entre a RN e o Daesh, em torno da "retirada da identidade".

"Foi então que me lembrei de ir diretamente à (rede social) Twitter de Bourdin para reagir em dois 'tweets'", justificou a líder da RN, explicando que deixou ao seu gestor a escolha das fotos, embora tenha assumido a "total responsabilidade".

O eurodeputado francês da RN Gilbert Collard, próximo de Marine Le Pen, divulgou no mesmo dia a foto de um homem caído no chão, com a cabeça esmagada, com o seguinte comentário: "Bourdin compara a RN ao Daesh: o peso das palavras e o choque das feridas!".

Após três anos de investigação, os dois políticos são julgados em conjunto com base num artigo do Código Penal francês que pune a divulgação de mensagens violentas suscetíveis de serem vistas por menores, crime punível com três anos de prisão e uma multa de 75.000 euros.

A acusação também pediu uma multa de 5.000 euros contra Gilbert Collard.

"Tinham todo o direito de veicular essas imagens, o problema é garantir, antes de as difundir, que nenhum menor as pudesse ver ou perceber", explicou o procurador Jean-Pascal Oualid.

"Vocês consideram que essas fotos violam a dignidade humana?", questionou o procurador aos dois réus.

"Não. Mas se um idiota nega o Holocausto, sou perfeitamente capaz de mostrar-lhe fotos de campos de concentração", respondeu Gilbert Collard, também advogado.

"Sabia que um público menor provavelmente verá as imagens?", voltou a questionar o procurador.

"Não pensei mesmo nisso. Pensei na minha liberdade de expressão e de informação", respondeu já Marine Le Pen.

"E não teve medo de que essas fotos tivessem um caráter proselitista, de incentivo?", replicou o procurador a Marine Le Pen.

"Para mim, as fotos são terrivelmente chocantes e, portanto, causam repulsa, rejeição e não adesão", argumentou a líder da extrema-direita francesa.

Antes de entrar no tribunal, Marine Le Pen denunciou à imprensa estar-se perante um "julgamento político" contra o seu movimento.

A candidata presidencial de 2022 também garantiu que "republicaria" essas imagens, caso fosse necessário novamente.

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