Pesquisa mostra que os anfípodes, apesar de medirem poucos milímetros, são capazes de gerar um dos fenómenos mais energéticos do mundo
Os anfípodes, pequenos crustáceos que se parecem com camarões, têm chamado atenção dentro da comunidade científica. Um estudo publicado no jornal Current Biology, no último dia 8 de fevereiro, mostra que os machos conseguem fechar suas pinças 10 mil vezes mais rápido do que um piscar de olhos. O movimento dos anfípodes acontece em menos de 0,01% de segundo e é tão veloz que chega a desafiar as leis da Física.
“Eles estão no limite do que nós achamos possível em termos de quão pequeno algo pode ser e quão rápido pode se mover sem que se autodestrua", explicou, em nota, a pesquisadora Sheila Patek, professora de biologia na Universidade Duke, nos Estados Unidos. “Se acelerassem um pouco mais, seus corpos quebrariam”.
Medir a velocidade dos anfípodes não é uma tarefa fácil. Além de rápidos, esses crustáceos medem apenas alguns milímetros.
Foi necessário utilizar uma câmera específica para velocidades muito altas e, a fim de incentivar os animais a moverem as pinças, os pesquisadores balançaram fios de cabelo na frente deles.
Uma vez captado o movimento, os cientistas observaram que um jato de água é gerado durante o fechamento das pinças.
Este jato pode levar à cavitação, que consiste na formação de bolhas a partir de uma mudança rápida na pressão da água.
Quando as bolhas estouram, liberam uma grande quantidade de energia. “É um efeito extremamente potente, um dos eventos mais energéticos do planeta Terra”, declarou Patek. “É impressionante que essas pequenas criaturas sejam capazes de causá-lo”.
Apesar dos cientistas conseguirem analisar o movimento e saberem que as pinças compõem um terço do peso de um anfípode macho, ainda não se sabe por qual motivo ele é realizado. “
Nós queremos saber por que eles investem tanto nessa ação, se faz parte de uma interação entre machos e fêmeas ou se envolve disputas territoriais”, disse Patek.
Os pesquisadores também esperam que o estudo de organismos como os anfípodes, que levam a Física ao limite, possa ser fonte de inspiração para outros profissionais, como engenheiros e designers. “Há uma via de mão dupla entre a Engenharia e a Biologia.
Às vezes, nós descobrimos algo na natureza que a Engenharia não consegue fazer, e, às vezes, os engenheiros nos ajudam a entender como algo funciona na natureza”, observou Patek.
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